Surto de caxumba na escola do meu filho: o que eu devo fazer?

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Por Rafaela Matias

Foto: Ciete SilvérioHá alguns anos, são registrados surtos esporádicos de caxumba em várias cidades brasileiras e as instituições de ensino são, frequentemente, as mais afetadas. Na cidade de São Paulo, por exemplo, houve 275 casos da doença no primeiro quadrimestre de 2016, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Os casos foram fruto de 39 surtos, sendo 15 em instituições escolares, com 80 ocorrências.

Nas últimas semanas, foi a vez de duas escolas da região centro-sul de Belo Horizonte sofrerem surtos de caxumba – menores que os de São Paulo, mas tão preocupantes quanto –, que pegou pais e educadores desprevenidos. Veja abaixo mais detalhes sobre a doença e entenda o que fazer ao receber a notícia de que a escola do seu filho é uma das afetadas.

Vale lembrar que bastam dois casos confirmados em uma mesma instituição para que seja decretado um estado de surto

Em caso de surto nas escolas

Fonte: Projeto Creche Segura, focado na formação em primeiros socorros, promoção da saúde e prevenção de acidentes com foco na saúde da criança e adolescente no ambiente escolar.

Por ser uma doença altamente contagiosa e transmitida pelo contato direto com as pessoas infectadas, recomenda-se que a criança comprovadamente doente ou apresentando os sintomas fique distante da creche e da escola durante 9 dias após o início do inchaço das glândulas. Isso porque o risco de propagação do vírus aumenta com o tempo e quanto mais próximo o contato uma pessoa tem com alguém que tenha a doença.

Como as pessoas assintomáticas (que não apresentam sinais e sintomas da doença) também podem transmitir a infecção, é indicado que, em caso de surtos, os pais entrem em contato com o pediatra e pergunte sobre a necessidade de fazer exames.

Ao retornar para a escola, os pais devem apresentar um documento redigido pelo médico confirmando que a criança está apta a frequentar o ambiente coletivo. 

Prevenção da caxumba na unidade escolar:

As crianças que frequentam creches e escolas têm risco aumentado de adquirir infecções, devido aos hábitos que facilitam a transmissão de doenças como levar as mãos e objetos à boca, contato interpessoal muito próximo, uso de fraldas, imaturidade do sistema imunológico e vacinação incompleta.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na admissão de uma criança na instituição, seu cartão de vacinas deve ser apresentado, conferido e uma cópia arquivada na pasta individual do aluno.

O cartão deve ser conferido a cada seis meses. Caso a criança tenha restrição ao uso de alguma vacina, a família deve apresentar justificativa por escrito.

Caso as vacinas não estejam atualizadas, a família deve ser orientada a levar a criança ao Centro de Saúde para que as vacinas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) sejam aplicadas de acordo com a idade, evitando a contaminação das crianças e disseminação de doenças contagiosas.

As equipes de saúde e os educadores das instituições escolares precisam se organizar para acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua região.

É essencial uma integração da instituição educacional com a unidade básica de saúde da região, auxiliando e reforçando o trabalho desenvolvido pelos educadores.

Recomendações:

Diante da ocorrência de mais de um caso de uma doença transmissível na instituição, no mesmo período, o responsável pelo estabelecimento deve comunicar a Unidade Básica de Saúde referência da região bem como os pais para que se atentem aos sinais e sintomas da doença.

Algumas medidas simples podem ser instituídas nas unidades escolares para que seja evitada a transmissão da doença:

1 – Higienização das mãos

É a medida mais econômica e simples na prevenção de doenças, e deve ser realizada com técnica adequada, conheça o passo-a-passo recomendado pela Anvisa.

Quando higienizar as mãos na unidade escolar?

  • Ao chegar ao trabalho;
  • Antes de preparar os alimentos;
  • Antes de alimentar as crianças;
  • Antes das refeições;
  • Antes e após cuidar das crianças (troca de fralda, limpeza nasal, etc.);
  • Após tocar em objetos sujos;
  • Antes e após o uso do banheiro;
  • Após a limpeza de um local;
  • Após remover lixo e outros resíduos;
  • Após tossir, espirrar e/ou assuar o nariz;
  • Ao cuidar de ferimentos;
  • Antes de administrar medicamentos;
  • Após o uso dos espaços coletivos

Ensinar as crianças a higienizar as mãos:

  • Antes das refeições;
  • Após o uso do sanitário;
  • Após brincar com areia, terra, na horta, com tinta ou em outras situações em que as mãos possam estar sujas.

Crianças do berçário devem ter suas mãos lavadas por um adulto, o que poderá ocorrer no momento da troca de fraldas (assim elas poderão associar desde muito cedo que é preciso lavar as mãos após fazer xixi o cocô). Outro momento é antes de oferecer os alimentos.

2- Orientar os familiares dos alunos que não devem deixar as crianças doentes na escola

Como estão em um ambiente coletivo, a probabilidade de transmissão da doença será ainda maior.

3- Manter os ambientes arejados, limpos e iluminados.

4- Talheres, pratos e copos, quando não descartáveis, devem ser utilizados individualmente

5. Higienizar os brinquedos de acordo com as recomendações da ANVISA

Os brinquedos deverão ser de material de fácil limpeza e desinfecção. Também devem ser colocados em local separado após a utilização (local exclusivo para brinquedos sujos). Eles só poderão retornar para as crianças apóser serem higienizados com água e sabão com escova de uso exclusivo, deixados expostos para secar sob superfície protegida com papel toalha e então acondicionados na caixa de brinquedos limpos.

6- Colchões e travesseiros deverão ter revestimento impermeável

Eles facilitam a limpeza e desinfecção com álcool 70% a cada turno, ou após o contato com fluídos corpóreos (retirar excesso com papel toalha, limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool 70%).

7- As banheiras deverão ser higienizadas com água e sabão após cada uso

Depois de secas, deverá ser aplicado álcool 70% com papel toalha.

8- Disponibilizar equipamentos de proteção individual para os colaboradores

sapatos fechados, uniformes ou aventais com material impermeável, luvas, entre outros.

9- Os bebedouros deverão ser lavados diariamente com água e sabão

Além disso, deve-se utilizar solução para desinfecção conforme recomendação do fabricante.

10- É muito importante que familiares e cuidadores conheçam os sintomas da caxumba

Assim, poderão intervir de forma rápida e encaminhar a criança para avaliação médica.

11- Utilizar lenços descartáveis para higienizar o nariz

A prática da higiene nasal evita o surgimento de doenças. Aproveitar para ensinar a criança a cuidar de si, disponibilizando lenços de papel quando solicitado por ela, mas supervisione bem estas ações, sem esquecer que, em seguida, é preciso lavar as mãos.

12- Alguns materiais devem ser exclusivamente de uso individual

Sabonete, xampu, remédios, mamadeira e chupetas são alguns deles.  Todo o material deve estar marcado com o nome de cada criança. As escovas de dente devem dispor de protetores que impeçam o contato de uma com a outra e devem ser guardadas separadamente.

13- Os adultos em constante contato com crianças devem manter as unhas limpas e curtas.


Sobre a caxumba

Fontes: Sociedade Brasileira de Pediatria, Socidade Brasileira de Imunização e do médico infectologista Adelino de Melo Freire Júnior, membro do Hospital Felício Rocho e do Laboratório São Marcos.
 

A caxumba é uma doença viral que se propaga via saliva ou gotículas respiratórias. Pode ser transmitida ao tossir, espirrar, partilhar objetos contaminados (como utensílios para comer) ou tocar objetos e superfícies contaminadas. Em casos ocasionais, a doença pode levar a complicações – incluindo meningite, encefalite, surdez e inflamação dos ovários ou dos testículos, o que raramente pode levar à esterilidade –, mas a maioria dos infectados se recupera completamente em algumas semanas, sem sequelas. A doença é mais frequente na infância e produz imunidade permanente.

Sintomas:

  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Dores musculares
  • Fadiga
  • Inchaço das glândulas salivares sob as orelhas, dando o aspecto de bochechas inchadas.
  • Dor abaixo da mandíbula

Obs.: A caxumba também pode se manifestar de forma muito leve ou sem nenhum sintoma, fazendo com que seja possível ter a doença e não saber disso.

Diagnóstico: 

Em geral, o diagnóstico é feito pela avaliação do quadro clínico do paciente.

Transmissão:

Causada pelo Paramyxovirus, a caxumba é transmitida pelo contato com saliva ou gotículas respiratórias da pessoa infectada.

Tratamento:

O tratamento da caxumba é apenas sintomático. É indicado que o paciente fique em repouso para reforçar o sistema imunológico.

Prevenção:

A prevenção é feita por meio das vacinas:

  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

No Brasil, a vacina é indicada para crianças, com primeira dose aos 12 meses e segunda aos 15 meses de idade. É considerada imunizada toda pessoa que já tenha recebido duas doses da vacina. A proteção contra caxumba conferida com duas doses é de cerca de 90%.  

 

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention

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