Agora até gestantes serão vacinadas contra febre amarela em BH

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Por Cristina Moreno de Castro

Diante das duas mortes confirmadas de belo-horizontinos infectados com o vírus da febre amarela, sendo a vítima mais recente o músico e compositor Flávio Henrique, 49, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu intensificar a vacinação contra febre amarela na cidade e inclusive recomendar a vacinação de gestantes, lactantes e pessoas com mais de 60 anos.

Além disso, neste sábado (20), todos os 152 centros de saúde da capital vão funcionar para vacinação, das 8h às 17 horas. O objetivo é facilitar o acesso das pessoas que encontram dificuldade em procurar as unidades durante a semana. Para receber a dose o usuário deve apresentar um documento de identificação e, caso tenha, o cartão de vacinação.

CLIQUE AQUI para ver a lista com os endereços e telefones de todos os postos de saúde da cidade

Atualmente, segundo a PBH, a capital está com 86% da população imunizada. A meta é atingir 95%. Para proteção basta uma única dose da vacina. Quem já se vacinou está imunizado para a vida toda.

A vacina será aplicada para pessoas acima dos 9 meses e que ainda não tenham recebido nenhuma dose. Apesar de a vacinação de gestantes ser contraindicada, a prefeitura justifica essa decisão diante da “situação atual, com circulação comprovada do vírus da febre amarela na Região Metropolitana de Belo Horizonte e casos confirmados da doença em pessoas residentes de Belo Horizonte”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também prevê vacinação de grávidas em caso de surto da doença.

A vacina segue contraindicada nesses casos:

– Crianças menores de 9 meses de vida
– Pessoas com alergia grave ao ovo ou outro componente da vacina
– Portadores de imunosupressão grave
– Pessoas em uso de corticóide em doses elevadas
– Portadores de doenças: lúpus, artrite reumatoide, doenças de Addison e do Timo (miastenia gravis, timona).

CLIQUE AQUI para tirar TODAS as suas dúvidas sobre a vacina contra a febre amarela.

A reportagem da Canguru entrevistou o médico infectologista Argus Leão Araújo, da Secretaria Municipal de Saúde, para tirar dúvidas sobre a vacinação, especialmente sobre essa decisão de estender a medida às gestantes. Confira.

Por que a PBH decidiu vacinar também as gestantes e lactantes, que eram contraindicadas? Não há risco para o bebê?

A vacinação durante a gestação é uma contraindicação relativa. Em momentos em que não há ameaça de surto de febre amarela, como acontecia antes de 2017, essa vacina não é aplicada em gestantes. Em situações de surto, como a que a gente vive atualmente – e vivemos em 2017, quando também vacinamos gestantes – se é só uma contraindicação relativa, a gente tem que pesar o risco e benefício. Como o risco é muito baixo – já existem diversos relatos na literatura médica de gestantes que receberam a vacina e não tiveram qualquer complicação para seu feto –, baseados nesse tipo de informação, neste momento, a gente está liberando a vacinação para gestantes também. Tudo depende do momento epidemiológico. Neste momento, como está ocorrendo casos e mais casos em macacos e também em humanos, em regiões tão próximos, como Nova Lima e Brumadinho, a gente disponibiliza a vacina, porque a doença é muito mais grave, e o risco é muito maior com a doença do que o efeito colateral que a vacina poderia provocar.

E qual seria esse efeito colateral?

Em geral, todas as vacinas de vírus vivos a gente não aplica em gestantes, como a da catapora e rubéola, porque existe risco potencial de a vacina atingir o feto e provocar alguma malformação. Existe esse risco teórico. Mas especificamente na vacina de febre amarela, já existem diversos relatos, brasileiros e internacionais, na literatura médica mostrando que a gestante foi vacinada e não aconteceu nada. Lembrando que, se a mulher já foi vacinada antes da gestação, não precisa ser vacinada novamente. A vacina hoje, em dose única, vale por toda a vida. Mesmo se a mulher tiver sido vacinada quando era bebê, acima dos 9 meses, já está imunizada. O Estado de Minas Gerais é um dos que têm recomendação permanente de vacinação. Então, em teoria, a grávida já deveria ter sido vacinada antes.

O senhor sabe dizer qual o percentual desse risco para a gestante?

O risco é tão baixo, que é considerado risco remoto. Risco potencial. Existem tantos registros de vacinação sem complicação que a gente tem essa tranquilidade [de recomendar a vacinação em gestantes].

Então, a orientação é que toda grávida que não tenha sido vacinada vá imediatamente ao posto de saúde vacinar? Ou ela deve antes consultar o obstetra?

A orientação é ir vacinar. Se a gestante tiver uma condição de recorrer à unidade de saúde onde foi vacinada previamente, pode procurar pra ver se eles têm registro prévio dessa vacinação. A informatização nos postos de saúde aconteceu a partir de 2014. Se não achar nada, tem que vacinar. Só é contraindicado se tiver alergia a ovo, imunosupressão grave etc [ver acima].

E qualquer outra pessoa que tenha se esquecido se já foi vacinado e tenha perdido o cartão de vacinação: a orientação para essa pessoa também é vacinar?

Isso, a orientação é vacinar.

Mas existe algum efeito colateral indesejado para quem já recebeu vacina antes?

A situação de maior risco é na primeira dose. Se você tomou a primeira, não se lembra e vai tomar posterior, essa segunda, terceira ou quarta dose tem muito menor risco que a primeira.

Quais são esses efeitos colaterais?

Dor local, febre baixa. Em casos de quem tem alergia a ovo ou outra situação de contraindicação, pode haver choque anafilático e até manifestação da doença febre amarela – mas isso acontece só nas pessoas que não devem tomar vacina, que são contraindicadas. 

 

Reportagem atualizada no dia 19.1.2018 às 17h05

 

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