A presença do pai na educação de filhos com deficiência

A partir do filme Papai é Pop, que fala sobre abandono paterno, entre outros temas, a educadora parental Mônica Pitanga destaca a importância da figura do homem na paternidade atípica

297
Pai faz pintura com filha com deficiência
Participação dos pais na formação dos filhos é essencial para que se desenvolvam de forma plena
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Em comemoração ao Dia dos Pais, celebrado no mês de agosto, eu fiz um vídeo em homenagem ao meu marido e postei nas redes sociais, falando que, ao contrário das estatísticas, ele é um pai presente e amoroso que não fugiu diante do diagnóstico difícil de uma doença rara na filha e assumiu com responsabilidade o seu papel. Me surpreendi com a quantidade de compartilhamentos e comentários que o exaltavam, colocando-o como um herói e enxergando o fato dele exercer a paternidade atípica como algo extraordinário.

Sabemos que o nascimento de uma criança com deficiência modifica toda a estrutura e o cotidiano familiar, pode causar uma sobrecarga física e emocional e uma dificuldade em aceitar a nova realidade. Há estudos que mostram o índice de abandono e ausência paterna nas famílias atípicas, ficando os cuidados na sua maioria, centrados na figura da mãe. 

Como educadora parental, sei que a presença e o envolvimento do pai são fundamentais na educação dos filhos. O pai desempenha um papel significativo no desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança com deficiência, assim como acontece com as crianças que têm um desenvolvimento típico também.

LEIA TAMBÉM:

Filme mostra mudanças que a paternidade traz

Cena do filme Papai é pop, com Lázaro Ramos e Paolla de Oliveira
Cena do filme Papai é pop, com Lázaro Ramos e Paolla de Oliveira | Foto: Stella Carvalho

No filme Papai é pop inspirado no livro homônimo de Marcos Piangers, e protagonizado por Lázaro Ramos e Paolla Oliveira, são abordadas questões como masculinidade, licença-paternidade, ausência e abandono paterno. O filme mostra que a ausência paterna pode constituir seres incompletos, sem referencial do que é ser marido e pai, o que acaba fazendo com que os homens se sintam despreparados, assustados e intimidados com a nova realidade que a paternidade traz, causando crises conjugais e até a separação do casal.

O Brasil prevê apenas cinco dias de licença remunerada aos homens logo após o nascimento do filho, enquanto as mulheres têm direito a 120 ou 180 dias. Outra questão que influencia para que as mulheres assumam o total cuidado dos filhos é que, segundo as últimas pesquisas do IBGE, os homens recebem salários, em média, 22% maiores que elas. Somado a isso, vemos homens que não foram educados para sentir e assumir com responsabilidade os desafios da vida.

Para que os pais participem mais na educação dos filhos é preciso mudar toda uma estrutura e promover a equidade de gênero. Isso começa em casa na educação dos meninos. Quando compartilhamos as responsabilidades domésticas e de cuidado de forma igualitária entre todos os membros, criamos um ambiente de respeito mútuo, em que todos são valorizados por suas contribuições e opiniões, o que fortalece os relacionamentos familiares e cria uma base mais saudável para o crescimento e o bem-estar de todos.

Além disso, enquanto sociedade e líderes de empresas, podemos perceber a licença parental para pai e mãe como um investimento social; e os colaboradores como pessoas que podem transformar o mundo através dos seus filhos.

A presença do pai na educação de filhos com deficiência é essencial para proporcionar um ambiente de amor, apoio e desenvolvimento mais saudável. O pai desempenha um papel significativo na construção da autoestima dos filhos e no bem-estar geral da família. Além disso, o pai pode oferecer uma perspectiva única e complementar à mãe no processo de educação. Suas abordagens, interesses e formas de interação podem enriquecer a experiência da criança. Para famílias em que a mãe é a principal cuidadora, o pai pode fornecer apoio prático, financeiro e emocional. Isso ajuda a compartilhar as responsabilidades e a reduzir o estresse no ambiente familiar.

Participar ativamente na educação dos filhos com deficiência, exige do pai estar presente em reuniões escolares, consultas médicas e sessões de terapia. Isso demonstra comprometimento e valorização das necessidades das crianças. 

Recomendo que os pais que me leem, assistam ao filme Papai é Pop, que fala sobre a importância dos pais estarem presentes e engajados na vida de seus filhos, e mostra que, mesmo vindo de uma história de ausência paterna, os homens podem estudar para ser pai e aprender maneiras de fazer diferente, valorizando os momentos cotidianos com os filhos. O longa ainda enfatiza que a paternidade pode ser uma jornada de alegria e momentos divertidos, mesmo nas situações mais desafiadoras. E que ao superar desafios e obstáculos que surgem no caminho, pode acontecer um crescimento pessoal e um fortalecimento das relações familiares que ficam mais significativas. 

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui