Por Daniele Franco
A partir desta quinta-feira (23), o Parque das Mangabeiras encontra-se fechado para visitação por tempo indeterminado. Uma recomendação da Gerência de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde foi acatada pela Prefeitura de Belo Horizonte, que decidiu fechar o parque como prevenção contra a febre amarela, depois que foram encontradas mortes atípicas de macacos no local. O mesmo havia ocorrido no parque Jacques Cousteau, que foi interditado no último dia 13, quando foram encontrados dois primatas mortos.
A medida tem caráter preventivo, para evitar o contágio dos frequentadores por febre amarela. Diversos outros casos de macacos mortos, inclusive com confimação de infecção pelo vírus, já foram registrados na capital mineira e na região metropolitana, além de ter sido constatada a infestação de Aedes aegypti nas imediações do parque.
Além do Parque das Mangabeiras, foi anunciado também o fechamento do Mirante das Mangabeiras e do Parque da Serra do Curral, que se situam próximos.
Confira um trecho da nota técnica da Vigilância Sanitária:
“Diante do achado de macaco morto no Parque das Mangabeiras, em conjunto com as demais ocorrências de epizootia na cidade e de acordo com o relatado acima, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não considera recomendável o afluxo de milhares de pessoas ao referido parque. Tal orientação leva em consideração que muitos visitantes podem não estar adequadamente vacinados contra a febre amarela.
Neste caso, o direito individual não pode colocar em risco um contingente populacional importante. Deste modo, enquanto persistirem mortes atípicas de PNH e a comprovação da circulação do vírus amarílico no estado de Minas Gerais, é tecnicamente recomendada a interdição do Parque das Mangabeiras por tempo indeterminado, a partir desta data”
Casos em Minas Gerais
Até o momento, foram encontrados oitos macacos mortos em Belo Horizonte. Ao menos um deles já teve resultado positivo para febre amarela. No entanto, a capital mineira ainda não tem registros de transmissão da doença para humanos. Alguns moradores da cidade chegaram a ser hospitalizados com suspeita de febre amarela, mas todos eles haviam viajado para a região mais afetada. Por esta razão, a hipótese considerada é possível contaminação no interior do Estado.
A região Leste de Minas Gerais vive um surto de febre amarela silvestre (no interior do Estado). Desde o início do ano, foram notificados 1027 casos de febre amarela em humanos, sendo que 234 foram confirmados e outros 57 descartados, de acordo com dados do Informe Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, atualizado no dia 22 de fevereiro, quarta-feira.
Vacinação
A principal medida de combate à doença é a vacinação da população. O imunizante é oferecido gratuitamente nos postos de saúde. A aplicação ocorre em dose única, que deve ser reforçada após dez anos. No caso de crianças, o Ministério da Saúde recomenda a administração de uma dose aos 9 meses e um reforço aos 4 anos.
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Eventos no Parque
O Parque das Mangabeiras seria palco de um evento fechado durante o Carnaval denominado Carnavalia, entre este sábado (25) e terça-feira (28). Para alguns dias, os ingressos estavam esgotados. A organização já informou um novo local, a Serraria Souza Pinto, no centro da cidade. O evento terá apresentações de blocos carnavalescos e shows de Nando Reis, Paralamas do Sucesso, Karol Conca, Buchecha e Gabriel O Pensador.
A proibição de eventos no Parque das Mangabeiras é um pedido antigo de moradores do entorno do local. Muitos deles mantêm, nas sacadas de suas casas, faixas nas quais manifestam preocupação com o meio ambiente. Sensível à questão, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou inquérito para apurar a situação de risco ambiental.
As investigações do MPMG podem levar a uma ação no futuro ou a um acordo com a prefeitura. Porém, o atual fechamento do parque devido ao risco de infecção por febre amarela não tem relação com este inquérito.
Reportagem atualizada no dia 24.2.2017, com informações da Agência Brasil