Por Cristina Moreno de Castro
Neste mês do agosto dourado, que é, por lei federal, dedicado à amamentação, somos todas inundadas por inúmeras reportagens sobre a importâcia de amamentar e os benefícios do leite materno para o bebê e para a mãe.
Pouco se fala, no entanto, sobre as dificuldades que a maioria das mães experimentam no início da amamentação, além de dores que podem durar meses, gerando não só desconforto e dúvidas, mas também muita culpa.
Foi pensando nisso que a Canguru resolveu perguntar a suas leitoras-mães:
“Você teve dificuldades para amamentar? Quais? E como fez para superá-las?”
As respostas trazem desabafos e também experiências ótimas que, se deram certo com uma mulher, podem também ser úteis a muitas outras, não é mesmo? 😉 Afinal, a Semana Mundial da Amamentação, celebrada sempre no início de agosto, não precisa representar apenas um momento de exacerbar a culpa daquelas mães que estão prestes a desistir: pode ser também uma oportunidade de oferecer a elas alento, boas ideias e talvez até algumas soluções.
Confira:
“Com o primeiro filho, minha mama empedrou, tive febre… A alternativa era tirar o leite com bombinha sentindo dor ou amamentar sentindo dor. Bernardo adorava o leite materno e optei pela segunda opção. Mas o leite secou quando voltei a trabalhar. Ele tinha seis meses. Com o Davi, fiz a proeza de machucar o mamilo ainda na maternidade, um acidente pequeno, mas doloroso. Cada vez que ele pegava o peito ainda recém-nascido, eu urrava de dor. E sangrava muito. A pomada receitada pela médica foi usada uma vez só porque Davi rejeitou o cheiro/gosto. Até que uma enfermeira me deu a dica de usar casca de banana para cicatrizar a ferida no mamilo. Uma bênção. Davi mamou no peito até os 2 anos e meio. Mas, apesar de ter tentado várias dicas, nunca consegui tirar leite o suficiente para uma mamada.”
– Carla Chein
“Com meu primeiro filho meu peito feriu muito. Usei bico de silicone, pomadas, casca de cenoura e tudo mais que diziam mas o que resolveu mesmo foi tomar banho de sol nos seios. Do segundo filho feriu um pouco menos mas um pouco de sol ja resolveu.”
– Thais Vianna
“Eu tive oito episódios de “mama empedrada”. A dor era terrível. Tive um anjo em minha vida, uma enfermeira obstetra, que me apoiou e me ajudou muito. Também o banco de leite da maternidade Odete Valadares foi fundamental com suas técnicas. No final, depois de muita persistência, iniciei a introdução de alimentos aos seis meses, e amamentei até os 9 meses de Sofia. Fico feliz e orgulhosa por ter persistido tanto em amamentar. Valeu a pena!”
– Rita de Cassia Ribeiro
“Tive trauma mamilar. Como a pega estava correta, tratei as lesões com laserterapia. Foram necessárias somente duas sessões. Após a primeira já houve melhora significativa da dor. A cicatrização ocorreu em aproximadamente cinco dias.”
– Ana Luiza Ribeiro
“Tive dificuldades sim. A primeira semana da amamentação nas minhas duas gestações foi tensa. Eu amamentava chorando, mas tinha muita convicção que não queria desistir, pois acreditava ser o melhor para os meus filhos. O que ajudou a curar as feridas foi receita da vovó… Rsrs. Fazia compressa de salsinha e pegava sol nas mamas. Quando não conseguia pegar sol, colocava uma lâmpada nos seios. Foi muito bom! Outra dica que me ajudou muito foi usar a conchinha para drenar o excesso de leite.
– Carla Costa
“Meu seio ficou muito duro, cheio de leite, e minha pequena não conseguia pegar direito o bico, após uns três dias, consegui uma enfermeira que me orientou a retirar um pouco do leite antes de cada mamada, assim meu seio ficava mais macio e ela conseguiu fazer a pega corretamente. Depois disso não tive mais problema. Meu seio não feriu, ficou um pouco dolorido alguns dias, usei pomada e melhorou. Amamentei até os 6 meses.”
– Ivana Villela
“Fui de muito leite a quase nada, quando voltei a trabalhar. E ainda tive que fazer dieta APLV por 4 meses. Valeu a pena pra mim, mas acho que cada mãe sabe seu limite! Parei aos 5 meses, quando já estava muito difícil pra mim. E, se está muito difícil pra mãe, não será prazeroso para o bebê!”
– Fabiana Rewald Augelli
“Senti muita dor nos primeiros dias de amamentação. Era uma dor ardida, parecia que queimava, e isso porque meu bebê estava com a pega correta. Tive fissuras e tratei passando o próprio leite e pomada de lanolina. A enfermeira que fez meu parto foi na minha casa e passou laser no mamilo, pra ajudar a cicatrizar (algumas consultoras de amamentação aplicam). Era dificil porque minha filha mamava de hora em hora, então eu sentia dor o dia todo. Mas em 15 dias passou. Depois de um tempo tive outro probleminha: do nada, meu bebê começou a rejeitar o peito direito. Descobri que ele estava cheio demais e ela não dava conta da força do jato que saía. Passei a ordenhar um pouco antes de oferecer e deu certo. Me tornei até doadora, tiro com uma bombinha que uma amiga me emprestou e o banco de leite busca semanalmente na minha casa. Se alguém me dissesse naqueles primeros dias que amamentar se tornaria uma experiência prazerosa pra mim e que eu me tornaria até doadora eu não acreditaria.”
– Flávia Mantovani
“Meu filho mamou até completar um mês, apenas. Fiquei muito machucada e sentia muita dor. Como as feridas não cicatrizavam e ainda sangravam na boca dele, decidi tirar o leite com a bombinha e dar a ele na mamadeira para que pelo menos amenizassem. No início deu certo e consegui secar as feridas com salsinha. Sol, leite e pomada não estavam resolvendo. Mas a confusão de bicos fez meu filho não querer mais o peito, e toda vez era uma luta para ele mamar. Aos poucos meu leite foi secando, precisei dar fórmula, e assim foi até eu não conseguir tirar mais nada. Fiquei péssima, para mim, que sonhava com esse momento, parar de amamentar foi um fracasso. Fiz um blog, contei minha história e descobri centenas de outras mães que passaram pelo mesmo, e sofreram tanto quanto eu. Isso me ajudou porque fez eu me sentir acolhida, e tudo isso me mostrou que a maternidade (ou a vida) joga nossos planos para o ar e a nossa história é escrita sem que tenhamos controle sobre todos os detalhes. Acho que essa frustração me ensinou a relaxar, deixar as coisas fluírem e ter mais jogo de cintura. Mas, se no próximo filho a mesma coisa acontecer, vou procurar um banco de leite e pedir ajuda a uma boa consultora.”
– Nathalia Ilovatte
“No quinto dia o leite ainda não estava jorrando e a enfermeira que me atendeu em casa disse que meu filho estava ficando desidratado e que tinha perdido muito peso, mais do que o normal (11%, eles aceitam um máximo de 10%), e “ameaçou” mandá-lo de volta ao hospital caso ele não começasse a ganhar peso até o sétimo dia. Eu quase enlouqueci. Dava fórmula no copinho, depois passei a dar na seringa (tudo pra tentar evitar a confusão de bicos). E bombeava com a bombinha manual. Ele começou a ganhar peso, mas nada de eu conseguir tirar o complemento, porque o leite do peito não estava sendo suficiente. E nunca consegui tirar a fórmula. Foi só aumentando, passamos para a mamadeira. Hoje, com 1 ano e 5 meses, ainda mama os dois, mas o peito é mais para conforto. Me arrependo de não ter tentado a relactação com sonda. Foi a única coisa que eu sei que existe e não tentei. O resto, todos os alimentos que a crença popular diz que fazem aumentar a produção de leite, além do uso de bomba e amamentar em livre demanda, eu tentei. Foi MUITO difícil pra mim psicologicamente. Fiquei um caco. A maioria das pessoas me “culpando”, um horror. Acho que só me libertei quando vi que ele estava saudável e feliz e eu estava fazendo tudo o que podia.”
– Raíssa Maciel
“Eu fui feliz na amamentação, apesar de ser magra e ter peitos pequenos, eu nasci pra isso e poderia amamentar mais uma dúzia tranquilamente. Meu filho mamou no peito até completar um ano de idade, eu já tinha muito pouco leite e ele desmamou com a mesma facilidade que pegou no peito pela primeira vez. Amamentação e instinto andaram juntos e deu tudo certo.
– Bebel Soares
“No primeiro filho sim e o que resolveu foi o banco de leite.”
– Carol Montenegro
Você também tem uma experiência para compartilhar com outras mães? Escreva aí nos comentários e vamos acrescentar a esta reportagem também!