Por Jacqueline Leite Dantas

Início do ano letivo. Todos se preparando para a volta às aulas. Será que é assim para todas as crianças? Nem sempre! As enfermas podem enfrentar muitas difi culdades além daquelas impostas pela doença que enfrentam.
Hospitalizações e tratamentos provocam perda, mesma que momentânea, da convivência nos ciclos familiar e escolar e nos demais espaços de vivência da infância e mudanças na rotina e nos hábitos comuns a todos.
As políticas públicas de atenção à criança vêm alavancando, nas últimas décadas, uma mudança na estrutura de atendimento e atenção a essa parcela da população em um momento especial do desenvolvimento humano.
A Constituição Brasileira preconiza que a educação é um direito de todos. Entretanto, as internações prolongadas ou mesmo as limitações impostas pelas doenças e pelos tratamentos podem levar a criança a se afastar temporariamente das atividades escolares ou mesmo impedi-la de frequentar uma instituição de ensino.
Manter-se escolarizada ajuda a criança
hospitalizada a resgatar o seu lado
saudável e desenvolver a ideia de
continuidade necessária na luta pela vida
Essas ausências podem provocar uma ruptura entre o aluno e a vivência escolar, revelando sensação de descontinuidade e perda de habilidades já desenvolvidas.
No Brasil, a legislação reconheceu por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, através da Resolução 41/1995, o “direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.
Em 2001, o Conselho Nacional de Educação instituiu Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, incluindo aí as classes hospitalares. Em 2002, o Ministério da Educação elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nessas classes.
Classes hospitalares? Sim! Felizmente, cada vez mais hospitais têm se sensibilizado com a necessidade de atender a integralidade desse paciente, que não deixa de ser criança e nem aluno porque adoeceu. Essas instituições vêm contratando pedagogos para integrarem suas equipes de assistência e também estabelecendo parcerias com as Secretarias de Educação para viabilizar a continuidade do acompanhamento curricular durante a hospitalização e o acesso dos pequenos pacientes à cultura escolar.
Manter-se escolarizada ajuda a criança hospitalizada a resgatar o seu lado saudável e desenvolver a ideia de continuidade necessária na luta pela vida. O trabalho das classes hospitalares se integra às propostas de humanização e deseja colaborar para que as pedras, como a doença, a dor e o sofrimento, se encontrem com as oportunidades da transformação e da esperança.