Maravilhas de onde as palavras brincam

O escritor Tino Freitas comenta dois livros que falam de criaturas e bichos imaginários e nos fazem dar voltas na montanha-russa da imaginação

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Tem gente que inventa cada maravilha: o telefone, a panela de pressão, o lápis de cor, o doce de leite, a poesia. E os Poetas, segundo Lalau Simões, são os escolhidos pelas palavras e formam o playground delas. Aldir Blanc, que nos deixou no dia em que escrevo essas linhas, é dessas espécimes-playground. Há Poetas (no sentido amplo de serem o parque de diversões das palavras) que conhecemos desde miúdos, como os artistas dos livros a seguir. Neles, a criação não descansa. É como dar voltas e voltas na montanha russa da imaginação. E a gente se diverte junto.

Em CRIATURAS DA ILHA DE CORSO, os autores dão nome, personalidade, alma e forma às criaturas, as mais estranhas, naturais da Ilha de Corso (seja lá onde ela fique). Criaturas feitas de gravetos, folhas, sementes, massinha colorida e muita imaginação, esses seres até se parecem conosco.

Eu, por exemplo, talvez tenha as qualidades de um DESTRAMBELÉU ou do PAPAZIA. Os leitores podem, caso queiram amplificar os sentidos, ou ver se têm características de uma dessas criaturas, ou ainda descobrir se há em casa seres tão estranhos assim. Há quem diga que foi escrito todo em prosa. Mas há poesia. Basta ver como as palavras veem os Poetas.

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Em BICHO DE SETE CABEÇAS E OUTROS SERES FANTÁSTICOS os autores apresentam alguns seres que nos parecem familiares, como o Saci, a Sereia e a Fênix. Mas com esses artistas, tudo é sempre mais do que parece. São muitas as invenções: poesia além da rima, da forma, da norma. Pois o Onstro não existia ainda. E o Monstro do Lago Ness… existia?

As ilustrações, pequenas esculturas, também desorganizam as certezas do nosso olhar. Assim como nesses dias de quarentena, nesse livro, a gente reinventa o tempo, os conceitos, os jeitos de ver o mundo. Um livro cheio de (re)criações pra gente ter ciência que nem tudo é o que parece.

Ficha Técnica:
CRIATURAS DA ILHA DE CORSO. 
Texto de Angela-Lago e José Roberto Torero. Ilustrações de Pedro Hamdan das Pedras. 56 páginas. Editora Moderna, 2019.
Sobre os autores
Angela-Lago, mineira, escreveu e ilustrou dezenas de livros e sua arte foi reconhecida com prêmios no Brasil e exterior.
José Roberto Torero é paulista, escritor, cineasta e jornalista. Recebeu o prêmio Jabuti por O Chalaça e é autor das crônicas Diário de Bolso.
Pedro Hamdan das Pedras é mineiro, ilustrador e, segundo Angela-Lago, criador de “uns bonequinhos muito interessantes”, sua arte está presente em livros e revistas. 

Ficha técnica:
BICHO DE SETE CABEÇAS E OUTROS SERES FANTÁSTICOS. 
Texto de Eucanaã Ferraz. Ilustrações de André da Loba. 64 páginas. Editora Companhia das Letrinhas, 2009.  
Sobre os autores
Eucanaã Ferraz, carioca, é professor e escritor. Um dos poetas mais celebrados pelo público e crítica, seja em livros para a infância ou voltado para outros públicos. 
André da Loba, é português e ilustra livros pelo mundo afora desde 2006. Sua arte combina a ilustração com o design gráfico e a escultura, por exemplo. 

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Tino Freitas
Escritor, jornalista, contador de histórias e mediador de leitura do projeto Roedores de Livros (DF). Alguns dos seus livros já receberam importantes prêmios, como o Prêmio Jabuti, o Selo Altamente Recomendável para Crianças, da FNLIJ, além de integrar seleções de destaque (Selo DISTINÇÃO da Cátedra Unesco de Leitura PUC-RIO e Os 30 Melhores Livros do Ano, da Revista Crescer e Catálogo de Bologna). Foto: Andressa Anholete

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