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\n[mc4wp_form id=\"26137\"]\n","post_title":"Idealizar o filho \u00e9 dar a ele um fardo pesado demais para carregar","post_excerpt":"\u00c9 necess\u00e1rio reconhecer as nossas expectativas e desejos, para resistir \u00e0 tenta\u00e7\u00e3o de impor nossas fantasias sobre nossos filhos","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"idealizacao-do-filho","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2021-07-06 20:49:46","post_modified_gmt":"2021-07-06 23:49:46","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=34379","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"1","filter":"raw"},{"ID":32801,"post_author":"40","post_date":"2021-06-04 19:48:24","post_date_gmt":"2021-06-04 22:48:24","post_content":"\n
Por mais que eu consiga, na maioria das vezes, n\u00e3o despejar meu estresse sobre quem n\u00e3o tem a ver com isso, erros s\u00e3o inevit\u00e1veis. E em uma sexta feira \u00e0 noite, cometi um erro desses. Eu j\u00e1 estava bem estressada, era a semana da entrega da minha disserta\u00e7\u00e3o. E da\u00ed, as crian\u00e7as fizeram algo que acionou um gatilho em mim. Eu n\u00e3o me lembro o que era, mas fiquei brava e falei um monte. Depois me senti mal. Os olhinhos entristecidos, os andares cabisbaixos, me encheram de culpa e tristeza. Pedi desculpas, assumi que fui injusta, reparei a conex\u00e3o. Mas fui dormir com esse desconforto, uma tristeza que \u00e0s vezes vem junto com a constata\u00e7\u00e3o de que nem sempre escolho racionalmente as minhas falas e atitudes. Claro que \u00e9 poss\u00edvel progredir sempre quando o assunto \u00e9 autorregula\u00e7\u00e3o, e neste sentido eu j\u00e1 progredi muito, mas a impulsividade da natureza humana naturalmente escapa aqui ou ali.<\/p>\n\n\n\n
Ent\u00e3o eu tirei o s\u00e1bado para relaxar, e lia um livro enquanto meus filhos brincavam juntos na beira da piscina. E foi quando ouvi um berro seguido do choro da minha filha mais velha que entrou correndo para casa. Olhei para a cena e percebi que meu filho, de 4 anos, estava ainda na beira da piscina, bra\u00e7os cruzados, olhando para baixo, im\u00f3vel e com uma express\u00e3o de quem fez algo errado. Suspeitei que ele tinha machucado a irm\u00e3.<\/p>\n\n\n\n
A raz\u00e3o chega atrasada<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O sistema de alarme \u00e9 o primeiro a interpretar situa\u00e7\u00f5es desse tipo. \u00c9 assim, a informa\u00e7\u00e3o sonora do berro e visual da cena percorre dois caminhos no seu c\u00e9rebro, um r\u00e1pido e outro devagar. O caminho mais r\u00e1pido aciona respostas fisiol\u00f3gicas e emocionais quase que imediatas e certamente autom\u00e1ticas. Antes que voc\u00ea seja capaz de ponderar sobre a situa\u00e7\u00e3o, seu cora\u00e7\u00e3o j\u00e1 est\u00e1 acelerado e voc\u00ea j\u00e1 est\u00e1 se movendo em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 piscina para resolver a situa\u00e7\u00e3o. Voc\u00ea ainda n\u00e3o sabe exatamente o que aconteceu, mas o sistema de alarme do seu c\u00e9rebro j\u00e1 acionou o bot\u00e3o do p\u00e2nico. Ou seja, para o seu c\u00e9rebro isso j\u00e1 \u00e9 uma emerg\u00eancia, voc\u00ea s\u00f3 n\u00e3o sabe ainda o porqu\u00ea.<\/p>\n\n\n\n
Descobrir o porqu\u00ea \u00e9 tarefa do segundo caminho. A nossa interpreta\u00e7\u00e3o sobre eventos envolve outras \u00e1reas do c\u00e9rebro, \u00e9 um caminho mais longo e complexo e por isso demanda mais tempo. Ou seja, at\u00e9 que voc\u00ea entenda o que aconteceu, o sistema de alarme j\u00e1 foi acionado e voc\u00ea j\u00e1 est\u00e1 reagindo \u00e0 situa\u00e7\u00e3o. E muitas vezes de uma forma pouco produtiva. Um segundo problema \u00e9 que o sistema de alarme j\u00e1 est\u00e1 acionado enquanto voc\u00ea tenta entender o que aconteceu, ou seja, ele interfere na forma que voc\u00ea interpreta os fatos. Quando estamos em estado de alarme nosso c\u00e9rebro supervaloriza sinais que confirmam o perigo, ele exagera as nossas interpreta\u00e7\u00f5es, nos deixa incapaz de ver sob uma perspectiva mais ampla, e nos motiva a encontrar o inimigo.<\/p>\n\n\n\n
Ent\u00e3o, no s\u00e1bado, o meu sistema de alarme me p\u00f4s a caminhar em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 piscina enquanto dizia que o inimigo era o meu filho. \u201cEle n\u00e3o pode sair impune, sem ao menos uma li\u00e7\u00e3o de moral\u201d. \u201cEle precisa entender que n\u00e3o pode agredir as pessoas s\u00f3 porque est\u00e1 frustrado\u201d. As a\u00e7\u00f5es dos filhos t\u00eam o poder de ultrapass\u00e1-los e atingir o nosso ego. A sociedade n\u00e3o ajuda, n\u00e3o falam muito bem sobre a reputa\u00e7\u00e3o das m\u00e3es cujos filhos crescem injustos e reativos.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: Ao n\u00e3o atender nossas necessidades b\u00e1sicas, ficamos indispon\u00edveis para conversar com os filhos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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Desligando o bot\u00e3o do p\u00e2nico<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Meu sistema de alarme nunca foi bom conselheiro quando a pauta \u00e9 relacionamentos. Mesmo quando ele acerta a respeito das pessoas, ele motiva rea\u00e7\u00f5es exageradas e impulsivas, o famoso tiro no p\u00e9. Ao longo de v\u00e1rias d\u00e9cadas de vida, venho aprendendo a deslig\u00e1-lo antes de agir. N\u00e3o funciona sempre, por exemplo na noite anterior meu sistema j\u00e1 sobrecarregado se defendeu atacando as crian\u00e7as com um falat\u00f3rio sem fim. Mas tenho evolu\u00eddo com a pr\u00e1tica. No s\u00e1bado, eu cheguei na beira da piscina, e em vez de atacar meu filho em defesa da minha filha, eu sentei e respirei. A respira\u00e7\u00e3o acalma a fisiologia e comunica para o c\u00e9rebro que n\u00e3o h\u00e1 perigo. \u00c0s vezes tamb\u00e9m coloco as m\u00e3os sobre o peito num gesto de apoio e suporte. Muitos estudos comprovam que o toque \u00e9 um recurso que acalma a nossa fisiologia e nos ajuda a sentir seguros. A fisiologia da calma e seguran\u00e7a \u00e9 primordial para que consigamos pensar com todos os nossos bot\u00f5es. E \u00e9 s\u00f3 a partir da\u00ed que conseguimos ser nossa melhor vers\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Normalmente d\u00e1 certo, mas \u00e0s vezes n\u00e3o. O sistema de alarme \u00e9 impregnado de emo\u00e7\u00f5es, urg\u00eancia e intensidade. Regular esse sistema requer energia, que nos falta quando estamos cansados ou sobrecarregados. E quanto mais novo \u00e9 o ser humano, mais desafiadora \u00e9 a tarefa. Por isso, para o meu filho, controlar a vontade de agredir a irm\u00e3 \u00e9 infinitamente mais dif\u00edcil do que a mesma tarefa seria para um adulto. A autorregula\u00e7\u00e3o depende, por exemplo, de circuitos neurais que s\u00f3 est\u00e3o completamente desenvolvidos em torno dos 24 anos. Al\u00e9m disso, ela \u00e9 resultado de treino e experi\u00eancia. \u00c9 preciso errar e acertar. A crian\u00e7a precisa de um adulto que a ajude construir repert\u00f3rio. E este adulto precisa entender que a autorregula\u00e7\u00e3o \u00e9 um aprendizado.<\/p>\n\n\n\n
Se o erro \u00e9 inaceit\u00e1vel, admiti-lo n\u00e3o \u00e9 uma op\u00e7\u00e3o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
No s\u00e1bado, eu respirei. Enquanto aguardava a calma e a raz\u00e3o, observava o meu filho em sil\u00eancio. Ele estava im\u00f3vel, cabisbaixo, encolhido no cantinho da piscina. Percebi que ele sofria com a culpa de ter machucado a irm\u00e3. Ele n\u00e3o queria me olhar, ele estava com vergonha. Vergonha \u00e9 o que sentimos quando nos julgamos inadequados e inferiores e quando temos medo de que o outro nos veja desta forma tamb\u00e9m. E de certa forma \u00e9 isso que fazemos quando reagimos ao mau comportamento da crian\u00e7a de forma julgadora, como se machucar a irm\u00e3 fosse resultado de uma escolha racional. Quando condenamos a incapacidade da crian\u00e7a em regular os impulsos dela, como se fosse tarefa f\u00e1cil, ela se sente inferior e inadequada. Contribu\u00edmos para ampliar esse sentimento de vergonha.<\/p>\n\n\n\n
E isso \u00e9 um problema porque a vergonha dificulta que a crian\u00e7a se responsabilize e aprenda com seus erros. Quando atacamos a crian\u00e7a por seus erros, comunicamos que eles s\u00e3o inaceit\u00e1veis. Ent\u00e3o fica muito aversivo para a crian\u00e7a assumir o que fez, reparar suas atitudes e pedir desculpas. Vergonha \u00e9 quando o erro diz algo t\u00e3o ruim sobre voc\u00ea que voc\u00ea quer se esconder, sumir, responsabilizar ou agredir o outro, mentir se for preciso. Na vergonha, o foco da crian\u00e7a n\u00e3o \u00e9 o outro, mas sim proteger a sua pr\u00f3pria reputa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Descendo no fundo do po\u00e7o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Se voc\u00ea passar por uma crise conjugal para quem voc\u00ea vai ligar? Para um amigo que passou por isso no passado, ou para aquele outro que at\u00e9 hoje est\u00e1 em lua de mel? Para Bren\u00e9e Brown, n\u00e3o conseguimos ajudar algu\u00e9m que est\u00e1 no fundo do po\u00e7o se insistirmos em ficar na superf\u00edcie. Para ajudarmos de verdade, precisamos nos conectar com os sentimentos da pessoa, descendo l\u00e1 no fundo do po\u00e7o tamb\u00e9m. E foi isso que eu fiz naquele s\u00e1bado. Olhando o meu filho em sil\u00eancio, enquanto respirava e esperava a calma, fui desligando meu sistema de alarme e entendendo o que tinha por tr\u00e1s daquela postura encolhida e cabisbaixa. Entendi que ele estava sofrendo da mesma dor que eu, quando na noite anterior, despejei sobre meus filhos o meu estresse. Ele estava sofrendo por n\u00e3o ter conseguido desligar o sistema de alarme, e por ter, impulsivamente, machucado uma pessoa que n\u00e3o merecia. Ent\u00e3o, aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa. Olhando nos seus olhos eu disse, \u201ceu sei como \u00e9 dif\u00edcil estar no seu lugar agora\u201d. Ele chorou muito e me abra\u00e7ou diferente. Um abra\u00e7o de gratid\u00e3o e al\u00edvio por entender que o adjetivo ruim qualificava apenas a mordida que ele deu na irm\u00e3. Ele n\u00e3o era ruim, nem inferior. Ele errou porque \u00e9 humano, a m\u00e3e dele erra tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Transformando a vergonha em culpa<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E foi a\u00ed que a vergonha se transformou em culpa. Culpa \u00e9 quando nos sentimos mal por ter prejudicado ou machucado outra pessoa. A culpa n\u00e3o significa que somos ruins ou inferiores, apenas que cometemos um erro. Enquanto o foco na vergonha \u00e9 a preserva\u00e7\u00e3o da autoimagem, o foco na culpa \u00e9 o sofrimento que causamos no outro. Refletimos sobre o que a irm\u00e3 poderia estar sentindo, e como ele poderia ajud\u00e1-la a se sentir melhor. Ele anunciou que estava indo pedir desculpas e levar os past\u00e9is favoritos dela que acabavam de sair do forno.<\/p>\n\n\n\n
A culpa nos motiva a agir para reparar o dano ou a rela\u00e7\u00e3o. Mas, mais do que isso, a culpa nos leva a escolher melhores comportamentos da pr\u00f3xima vez, comportamentos mais alinhados com as nossas expectativas e valores. Nesse sentido, ajudei explicando que para n\u00e3o fazer besteira, precisamos esperar as emo\u00e7\u00f5es dif\u00edceis passarem antes de agir. Contei que \u00e9 uma tarefa dif\u00edcil, mas que existem recursos que ajudam nesse sentido. Para mim, por exemplo, a respira\u00e7\u00e3o e o toque s\u00e3o bons recursos. Ele quis fazer a respira\u00e7\u00e3o algumas vezes. E em seguida me disse que sair de perto da irm\u00e3 na hora da raiva poderia ser uma boa estrat\u00e9gia tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Ele entrou para desculpar-se com a irm\u00e3. Depois soube que ele pediu para ver e cuidar do machucado. Naturalmente, o sistema de alarme ainda lhe d\u00e1 rasteiras - ele s\u00f3 tem 5 anos. Mas meu filho nunca mais mordeu e em casa, \u00e9 ele quem consegue reparar e assumir os erros mais prontamente.<\/p>\n\n\n\n
Filhos imperfeitos precisam de m\u00e3es imperfeitas<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a conviver com essa natureza humana que inevitavelmente ir\u00e1 decepcion\u00e1-los. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ajud\u00e1-los a lidar com as decep\u00e7\u00f5es a respeito de si mesmos, com as partes de si que eles n\u00e3o escolhem. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ensinar recursos para que os automatismos e a natureza impulsiva n\u00e3o lhes deem rasteiras t\u00e3o graves. Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a reparar seus erros sabendo que falhas n\u00e3o s\u00e3o prova de incompet\u00eancia ou inferioridade, mas provas de que somos humanos. Naquela manh\u00e3 de s\u00e1bado, eu fui esta m\u00e3e porque consegui descer no fundo do po\u00e7o junto com o meu filho. E eu s\u00f3 consegui fazer isso, porque eu estive l\u00e1 tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: Tudo bem deixar a peteca cair<\/a><\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"Assim como somos pais imperfeitos, temos filhos imperfeitos","post_excerpt":"\"Aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa\", relata Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"closed","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"erros-culpa-maes-imperfeitas-filhos-imperfeitos","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:06:33","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:06:33","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=32801","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":31469,"post_author":"40","post_date":"2021-05-07 16:53:00","post_date_gmt":"2021-05-07 19:53:00","post_content":"\n
Certo \"Dia das M\u00e3es\", me deparei com uma homenagem de uma atriz famosa para a sua m\u00e3e. No texto, ela reconhecia a ajuda, a presen\u00e7a e a dedica\u00e7\u00e3o de sua m\u00e3e. Para ilustrar a homenagem, ela usou a foto da m\u00e3e vestida de mulher maravilha. Uma declara\u00e7\u00e3o bonita e tocante, replicada por sites de not\u00edcias e afins. N\u00e3o h\u00e1 nada mais precioso do que a pr\u00f3pria vida. Sentir-se benefici\u00e1rio deste presente, perceber que algu\u00e9m sacrifica a pr\u00f3pria vida para que voc\u00ea viva melhor, certamente nos faz sentir amados e importantes.<\/p>\n\n\n\n
A entrega impl\u00edcita na maternidade n\u00e3o \u00e9 apenas bonita, ela d\u00e1 sentido \u00e0 vida. De certa forma, filhos nos d\u00e3o prop\u00f3sito. Prop\u00f3sito \u00e9 sobre sentir que voc\u00ea adiciona valor para uma causa, pessoas, ou objetivos que s\u00e3o importantes para voc\u00ea, mas que transcendem seus desejos autocentrados. A maternidade nos d\u00e1 a oportunidade de colocar nossos interesses em segundo plano para beneficiarmos outra pessoa. Contribu\u00edmos para algo grandioso, o desenvolvimento de nossos filhos. A vida passa a ter um sentido para al\u00e9m de n\u00f3s mesmas. De fato, os estudos mostram que quando comparadas \u00e0s mulheres sem filhos, m\u00e3es reportam um maior n\u00famero de momentos significativos durante o dia e um maior senso de prop\u00f3sito.<\/p>\n\n\n\n
O paradoxo da maternidade<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\ufeffNo entanto, para sermos felizes precisamos mais do que prop\u00f3sito. Roy Baumeister, um dos maiores psic\u00f3logos contempor\u00e2neos, chamou de \u201cparadoxo da parentalidade\u201d o fato de que a maioria das pessoas deseja ser feliz e ter filhos, quando na pr\u00e1tica estes objetivos s\u00e3o contradit\u00f3rios. A parentalidade reduz a felicidade. H\u00e1 um grande n\u00famero de trabalhos cient\u00edficos que constatam que as m\u00e3es s\u00e3o geralmente menos felizes do que as mulheres sem filhos, e que estamos menos felizes do que em gera\u00e7\u00f5es passadas. As exig\u00eancias da maternidade, as preocupa\u00e7\u00f5es e os sacrif\u00edcios, fazem com que n\u00f3s, m\u00e3es, tiremos notas mais baixas nos question\u00e1rios que mensuram a satisfa\u00e7\u00e3o com a vida.<\/p>\n\n\n\n
V\u00ednculos para al\u00e9m dos filhos<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Pesquisas demonstram que para sermos felizes, precisamos atender \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas. De acordo com Ryan e Deci, psic\u00f3logos conhecidos por formularem a teoria da autodetermina\u00e7\u00e3o, tr\u00eas necessidades psicol\u00f3gicas desempenham um papel fundamental no nosso bem-estar. A primeira delas \u00e9 o v\u00ednculo social, seres humanos precisam sentir que t\u00eam la\u00e7os de amor, confian\u00e7a e amizade. E aqui temos um problema, porque as exig\u00eancias da maternidade somam-se a tantas outras, subtraindo o tempo e energia necess\u00e1rios para a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos. Isso explica porque a satisfa\u00e7\u00e3o com o relacionamento diminui depois que os casais t\u00eam filhos. Temos menos tempo para o lazer, e muitas vezes n\u00e3o temos apoio necess\u00e1rio para ampliarmos nossas vidas para al\u00e9m de nossas casas. O nosso estilo de vida urbano, apartado de uma rede de apoio, nos faz sentir ainda mais solit\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
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Necessidades b\u00e1sicas s\u00e3o para seres humanos, e n\u00e3o para super-hero\u00edna<\/strong>s<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Antigamente, viv\u00edamos em tribos e a responsabilidade pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos era coletiva. Hoje, esta responsabilidade se resume a duas pessoas, pai e m\u00e3e, e frequentemente a uma s\u00f3, a m\u00e3e. Mais de 5 milh\u00f5es de estudantes brasileiros n\u00e3o t\u00eam o nome do pai na certid\u00e3o de nascimento e 45% dos nossos lares s\u00e3o chefiados por mulheres. Mesmo quando o casal vive junto, a mulher normalmente assume uma propor\u00e7\u00e3o maior do trabalho da casa e relacionado aos filhos, independentemente se ambos trabalham. A sobrecarga dificulta que as m\u00e3es consigam satisfazer a segunda necessidade psicol\u00f3gica humana, que segundo Ryan e Deci, \u00e9 a compet\u00eancia pessoal.<\/p>\n\n\n\n
Para sermos felizes, precisamos sentir que somos capazes de atingir os objetivos que s\u00e3o importantes em nossas vidas. Quando percebemos que n\u00e3o damos conta do que \u00e9 importante, nos sentimos incompetentes e inadequados. Mas \u00e9 imposs\u00edvel realizar objetivos de uma tribo inteira e ainda com excel\u00eancia. Assumir tantos pap\u00e9is pode ser poss\u00edvel quando se \u00e9 super-hero\u00edna. Mas para mulheres humanas, isso chama-se viol\u00eancia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
\u00c9 como dormir com um cobertor curto, se cobrimos os p\u00e9s descobrimos os ombros. Se nos dedicamos ao acompanhamento das aulas online, deixamos de entregar resultados no trabalho, se nos dedicamos aos relacionamentos, sentimos culpa porque nossos filhos est\u00e3o sozinhos, se nos dedicamos ao trabalho, a qualidade dos nossos relacionamentos com os filhos \u00e9 prejudicada, se paramos de trabalhar, sacrificamos nossa autonomia. Al\u00e9m disso, porque somos as principais respons\u00e1veis pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos, ficamos superidentificadas com o desenvolvimento das crian\u00e7as. Achamos que a culpa \u00e9 nossa se o beb\u00ea n\u00e3o parar de chorar, se a crian\u00e7a n\u00e3o ler na idade certa, ou se o adolescente for rebelde.<\/p>\n\n\n\n
Se n\u00e3o tem escolha, vai com ressentimento mesmo<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"M\u00e3es, rasguem a capa!","post_excerpt":"\"Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas\", diz a colunista Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"autocompaixao-maes","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:00:39","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:00:39","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=31469","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"}],"next":false,"prev":false,"total_page":1},"paged":1,"column_class":"jeg_col_2o3","class":"epic_block_3"};
Meu sistema de alarme nunca foi bom conselheiro quando a pauta \u00e9 relacionamentos. Mesmo quando ele acerta a respeito das pessoas, ele motiva rea\u00e7\u00f5es exageradas e impulsivas, o famoso tiro no p\u00e9. Ao longo de v\u00e1rias d\u00e9cadas de vida, venho aprendendo a deslig\u00e1-lo antes de agir. N\u00e3o funciona sempre, por exemplo na noite anterior meu sistema j\u00e1 sobrecarregado se defendeu atacando as crian\u00e7as com um falat\u00f3rio sem fim. Mas tenho evolu\u00eddo com a pr\u00e1tica. No s\u00e1bado, eu cheguei na beira da piscina, e em vez de atacar meu filho em defesa da minha filha, eu sentei e respirei. A respira\u00e7\u00e3o acalma a fisiologia e comunica para o c\u00e9rebro que n\u00e3o h\u00e1 perigo. \u00c0s vezes tamb\u00e9m coloco as m\u00e3os sobre o peito num gesto de apoio e suporte. Muitos estudos comprovam que o toque \u00e9 um recurso que acalma a nossa fisiologia e nos ajuda a sentir seguros. A fisiologia da calma e seguran\u00e7a \u00e9 primordial para que consigamos pensar com todos os nossos bot\u00f5es. E \u00e9 s\u00f3 a partir da\u00ed que conseguimos ser nossa melhor vers\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Normalmente d\u00e1 certo, mas \u00e0s vezes n\u00e3o. O sistema de alarme \u00e9 impregnado de emo\u00e7\u00f5es, urg\u00eancia e intensidade. Regular esse sistema requer energia, que nos falta quando estamos cansados ou sobrecarregados. E quanto mais novo \u00e9 o ser humano, mais desafiadora \u00e9 a tarefa. Por isso, para o meu filho, controlar a vontade de agredir a irm\u00e3 \u00e9 infinitamente mais dif\u00edcil do que a mesma tarefa seria para um adulto. A autorregula\u00e7\u00e3o depende, por exemplo, de circuitos neurais que s\u00f3 est\u00e3o completamente desenvolvidos em torno dos 24 anos. Al\u00e9m disso, ela \u00e9 resultado de treino e experi\u00eancia. \u00c9 preciso errar e acertar. A crian\u00e7a precisa de um adulto que a ajude construir repert\u00f3rio. E este adulto precisa entender que a autorregula\u00e7\u00e3o \u00e9 um aprendizado.<\/p>\n\n\n\n
Se o erro \u00e9 inaceit\u00e1vel, admiti-lo n\u00e3o \u00e9 uma op\u00e7\u00e3o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
No s\u00e1bado, eu respirei. Enquanto aguardava a calma e a raz\u00e3o, observava o meu filho em sil\u00eancio. Ele estava im\u00f3vel, cabisbaixo, encolhido no cantinho da piscina. Percebi que ele sofria com a culpa de ter machucado a irm\u00e3. Ele n\u00e3o queria me olhar, ele estava com vergonha. Vergonha \u00e9 o que sentimos quando nos julgamos inadequados e inferiores e quando temos medo de que o outro nos veja desta forma tamb\u00e9m. E de certa forma \u00e9 isso que fazemos quando reagimos ao mau comportamento da crian\u00e7a de forma julgadora, como se machucar a irm\u00e3 fosse resultado de uma escolha racional. Quando condenamos a incapacidade da crian\u00e7a em regular os impulsos dela, como se fosse tarefa f\u00e1cil, ela se sente inferior e inadequada. Contribu\u00edmos para ampliar esse sentimento de vergonha.<\/p>\n\n\n\n
E isso \u00e9 um problema porque a vergonha dificulta que a crian\u00e7a se responsabilize e aprenda com seus erros. Quando atacamos a crian\u00e7a por seus erros, comunicamos que eles s\u00e3o inaceit\u00e1veis. Ent\u00e3o fica muito aversivo para a crian\u00e7a assumir o que fez, reparar suas atitudes e pedir desculpas. Vergonha \u00e9 quando o erro diz algo t\u00e3o ruim sobre voc\u00ea que voc\u00ea quer se esconder, sumir, responsabilizar ou agredir o outro, mentir se for preciso. Na vergonha, o foco da crian\u00e7a n\u00e3o \u00e9 o outro, mas sim proteger a sua pr\u00f3pria reputa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Descendo no fundo do po\u00e7o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Se voc\u00ea passar por uma crise conjugal para quem voc\u00ea vai ligar? Para um amigo que passou por isso no passado, ou para aquele outro que at\u00e9 hoje est\u00e1 em lua de mel? Para Bren\u00e9e Brown, n\u00e3o conseguimos ajudar algu\u00e9m que est\u00e1 no fundo do po\u00e7o se insistirmos em ficar na superf\u00edcie. Para ajudarmos de verdade, precisamos nos conectar com os sentimentos da pessoa, descendo l\u00e1 no fundo do po\u00e7o tamb\u00e9m. E foi isso que eu fiz naquele s\u00e1bado. Olhando o meu filho em sil\u00eancio, enquanto respirava e esperava a calma, fui desligando meu sistema de alarme e entendendo o que tinha por tr\u00e1s daquela postura encolhida e cabisbaixa. Entendi que ele estava sofrendo da mesma dor que eu, quando na noite anterior, despejei sobre meus filhos o meu estresse. Ele estava sofrendo por n\u00e3o ter conseguido desligar o sistema de alarme, e por ter, impulsivamente, machucado uma pessoa que n\u00e3o merecia. Ent\u00e3o, aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa. Olhando nos seus olhos eu disse, \u201ceu sei como \u00e9 dif\u00edcil estar no seu lugar agora\u201d. Ele chorou muito e me abra\u00e7ou diferente. Um abra\u00e7o de gratid\u00e3o e al\u00edvio por entender que o adjetivo ruim qualificava apenas a mordida que ele deu na irm\u00e3. Ele n\u00e3o era ruim, nem inferior. Ele errou porque \u00e9 humano, a m\u00e3e dele erra tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Transformando a vergonha em culpa<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E foi a\u00ed que a vergonha se transformou em culpa. Culpa \u00e9 quando nos sentimos mal por ter prejudicado ou machucado outra pessoa. A culpa n\u00e3o significa que somos ruins ou inferiores, apenas que cometemos um erro. Enquanto o foco na vergonha \u00e9 a preserva\u00e7\u00e3o da autoimagem, o foco na culpa \u00e9 o sofrimento que causamos no outro. Refletimos sobre o que a irm\u00e3 poderia estar sentindo, e como ele poderia ajud\u00e1-la a se sentir melhor. Ele anunciou que estava indo pedir desculpas e levar os past\u00e9is favoritos dela que acabavam de sair do forno.<\/p>\n\n\n\n
A culpa nos motiva a agir para reparar o dano ou a rela\u00e7\u00e3o. Mas, mais do que isso, a culpa nos leva a escolher melhores comportamentos da pr\u00f3xima vez, comportamentos mais alinhados com as nossas expectativas e valores. Nesse sentido, ajudei explicando que para n\u00e3o fazer besteira, precisamos esperar as emo\u00e7\u00f5es dif\u00edceis passarem antes de agir. Contei que \u00e9 uma tarefa dif\u00edcil, mas que existem recursos que ajudam nesse sentido. Para mim, por exemplo, a respira\u00e7\u00e3o e o toque s\u00e3o bons recursos. Ele quis fazer a respira\u00e7\u00e3o algumas vezes. E em seguida me disse que sair de perto da irm\u00e3 na hora da raiva poderia ser uma boa estrat\u00e9gia tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Ele entrou para desculpar-se com a irm\u00e3. Depois soube que ele pediu para ver e cuidar do machucado. Naturalmente, o sistema de alarme ainda lhe d\u00e1 rasteiras - ele s\u00f3 tem 5 anos. Mas meu filho nunca mais mordeu e em casa, \u00e9 ele quem consegue reparar e assumir os erros mais prontamente.<\/p>\n\n\n\n
Filhos imperfeitos precisam de m\u00e3es imperfeitas<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a conviver com essa natureza humana que inevitavelmente ir\u00e1 decepcion\u00e1-los. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ajud\u00e1-los a lidar com as decep\u00e7\u00f5es a respeito de si mesmos, com as partes de si que eles n\u00e3o escolhem. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ensinar recursos para que os automatismos e a natureza impulsiva n\u00e3o lhes deem rasteiras t\u00e3o graves. Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a reparar seus erros sabendo que falhas n\u00e3o s\u00e3o prova de incompet\u00eancia ou inferioridade, mas provas de que somos humanos. Naquela manh\u00e3 de s\u00e1bado, eu fui esta m\u00e3e porque consegui descer no fundo do po\u00e7o junto com o meu filho. E eu s\u00f3 consegui fazer isso, porque eu estive l\u00e1 tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: Tudo bem deixar a peteca cair<\/a><\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"Assim como somos pais imperfeitos, temos filhos imperfeitos","post_excerpt":"\"Aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa\", relata Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"closed","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"erros-culpa-maes-imperfeitas-filhos-imperfeitos","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:06:33","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:06:33","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=32801","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":31469,"post_author":"40","post_date":"2021-05-07 16:53:00","post_date_gmt":"2021-05-07 19:53:00","post_content":"\n
Certo \"Dia das M\u00e3es\", me deparei com uma homenagem de uma atriz famosa para a sua m\u00e3e. No texto, ela reconhecia a ajuda, a presen\u00e7a e a dedica\u00e7\u00e3o de sua m\u00e3e. Para ilustrar a homenagem, ela usou a foto da m\u00e3e vestida de mulher maravilha. Uma declara\u00e7\u00e3o bonita e tocante, replicada por sites de not\u00edcias e afins. N\u00e3o h\u00e1 nada mais precioso do que a pr\u00f3pria vida. Sentir-se benefici\u00e1rio deste presente, perceber que algu\u00e9m sacrifica a pr\u00f3pria vida para que voc\u00ea viva melhor, certamente nos faz sentir amados e importantes.<\/p>\n\n\n\n
A entrega impl\u00edcita na maternidade n\u00e3o \u00e9 apenas bonita, ela d\u00e1 sentido \u00e0 vida. De certa forma, filhos nos d\u00e3o prop\u00f3sito. Prop\u00f3sito \u00e9 sobre sentir que voc\u00ea adiciona valor para uma causa, pessoas, ou objetivos que s\u00e3o importantes para voc\u00ea, mas que transcendem seus desejos autocentrados. A maternidade nos d\u00e1 a oportunidade de colocar nossos interesses em segundo plano para beneficiarmos outra pessoa. Contribu\u00edmos para algo grandioso, o desenvolvimento de nossos filhos. A vida passa a ter um sentido para al\u00e9m de n\u00f3s mesmas. De fato, os estudos mostram que quando comparadas \u00e0s mulheres sem filhos, m\u00e3es reportam um maior n\u00famero de momentos significativos durante o dia e um maior senso de prop\u00f3sito.<\/p>\n\n\n\n
O paradoxo da maternidade<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\ufeffNo entanto, para sermos felizes precisamos mais do que prop\u00f3sito. Roy Baumeister, um dos maiores psic\u00f3logos contempor\u00e2neos, chamou de \u201cparadoxo da parentalidade\u201d o fato de que a maioria das pessoas deseja ser feliz e ter filhos, quando na pr\u00e1tica estes objetivos s\u00e3o contradit\u00f3rios. A parentalidade reduz a felicidade. H\u00e1 um grande n\u00famero de trabalhos cient\u00edficos que constatam que as m\u00e3es s\u00e3o geralmente menos felizes do que as mulheres sem filhos, e que estamos menos felizes do que em gera\u00e7\u00f5es passadas. As exig\u00eancias da maternidade, as preocupa\u00e7\u00f5es e os sacrif\u00edcios, fazem com que n\u00f3s, m\u00e3es, tiremos notas mais baixas nos question\u00e1rios que mensuram a satisfa\u00e7\u00e3o com a vida.<\/p>\n\n\n\n
V\u00ednculos para al\u00e9m dos filhos<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Pesquisas demonstram que para sermos felizes, precisamos atender \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas. De acordo com Ryan e Deci, psic\u00f3logos conhecidos por formularem a teoria da autodetermina\u00e7\u00e3o, tr\u00eas necessidades psicol\u00f3gicas desempenham um papel fundamental no nosso bem-estar. A primeira delas \u00e9 o v\u00ednculo social, seres humanos precisam sentir que t\u00eam la\u00e7os de amor, confian\u00e7a e amizade. E aqui temos um problema, porque as exig\u00eancias da maternidade somam-se a tantas outras, subtraindo o tempo e energia necess\u00e1rios para a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos. Isso explica porque a satisfa\u00e7\u00e3o com o relacionamento diminui depois que os casais t\u00eam filhos. Temos menos tempo para o lazer, e muitas vezes n\u00e3o temos apoio necess\u00e1rio para ampliarmos nossas vidas para al\u00e9m de nossas casas. O nosso estilo de vida urbano, apartado de uma rede de apoio, nos faz sentir ainda mais solit\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
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\n\n\n\n
Necessidades b\u00e1sicas s\u00e3o para seres humanos, e n\u00e3o para super-hero\u00edna<\/strong>s<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Antigamente, viv\u00edamos em tribos e a responsabilidade pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos era coletiva. Hoje, esta responsabilidade se resume a duas pessoas, pai e m\u00e3e, e frequentemente a uma s\u00f3, a m\u00e3e. Mais de 5 milh\u00f5es de estudantes brasileiros n\u00e3o t\u00eam o nome do pai na certid\u00e3o de nascimento e 45% dos nossos lares s\u00e3o chefiados por mulheres. Mesmo quando o casal vive junto, a mulher normalmente assume uma propor\u00e7\u00e3o maior do trabalho da casa e relacionado aos filhos, independentemente se ambos trabalham. A sobrecarga dificulta que as m\u00e3es consigam satisfazer a segunda necessidade psicol\u00f3gica humana, que segundo Ryan e Deci, \u00e9 a compet\u00eancia pessoal.<\/p>\n\n\n\n
Para sermos felizes, precisamos sentir que somos capazes de atingir os objetivos que s\u00e3o importantes em nossas vidas. Quando percebemos que n\u00e3o damos conta do que \u00e9 importante, nos sentimos incompetentes e inadequados. Mas \u00e9 imposs\u00edvel realizar objetivos de uma tribo inteira e ainda com excel\u00eancia. Assumir tantos pap\u00e9is pode ser poss\u00edvel quando se \u00e9 super-hero\u00edna. Mas para mulheres humanas, isso chama-se viol\u00eancia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
\u00c9 como dormir com um cobertor curto, se cobrimos os p\u00e9s descobrimos os ombros. Se nos dedicamos ao acompanhamento das aulas online, deixamos de entregar resultados no trabalho, se nos dedicamos aos relacionamentos, sentimos culpa porque nossos filhos est\u00e3o sozinhos, se nos dedicamos ao trabalho, a qualidade dos nossos relacionamentos com os filhos \u00e9 prejudicada, se paramos de trabalhar, sacrificamos nossa autonomia. Al\u00e9m disso, porque somos as principais respons\u00e1veis pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos, ficamos superidentificadas com o desenvolvimento das crian\u00e7as. Achamos que a culpa \u00e9 nossa se o beb\u00ea n\u00e3o parar de chorar, se a crian\u00e7a n\u00e3o ler na idade certa, ou se o adolescente for rebelde.<\/p>\n\n\n\n
Se n\u00e3o tem escolha, vai com ressentimento mesmo<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"M\u00e3es, rasguem a capa!","post_excerpt":"\"Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas\", diz a colunista Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"autocompaixao-maes","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:00:39","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:00:39","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=31469","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"}],"next":false,"prev":false,"total_page":1},"paged":1,"column_class":"jeg_col_2o3","class":"epic_block_3"};
Se voc\u00ea passar por uma crise conjugal para quem voc\u00ea vai ligar? Para um amigo que passou por isso no passado, ou para aquele outro que at\u00e9 hoje est\u00e1 em lua de mel? Para Bren\u00e9e Brown, n\u00e3o conseguimos ajudar algu\u00e9m que est\u00e1 no fundo do po\u00e7o se insistirmos em ficar na superf\u00edcie. Para ajudarmos de verdade, precisamos nos conectar com os sentimentos da pessoa, descendo l\u00e1 no fundo do po\u00e7o tamb\u00e9m. E foi isso que eu fiz naquele s\u00e1bado. Olhando o meu filho em sil\u00eancio, enquanto respirava e esperava a calma, fui desligando meu sistema de alarme e entendendo o que tinha por tr\u00e1s daquela postura encolhida e cabisbaixa. Entendi que ele estava sofrendo da mesma dor que eu, quando na noite anterior, despejei sobre meus filhos o meu estresse. Ele estava sofrendo por n\u00e3o ter conseguido desligar o sistema de alarme, e por ter, impulsivamente, machucado uma pessoa que n\u00e3o merecia. Ent\u00e3o, aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa. Olhando nos seus olhos eu disse, \u201ceu sei como \u00e9 dif\u00edcil estar no seu lugar agora\u201d. Ele chorou muito e me abra\u00e7ou diferente. Um abra\u00e7o de gratid\u00e3o e al\u00edvio por entender que o adjetivo ruim qualificava apenas a mordida que ele deu na irm\u00e3. Ele n\u00e3o era ruim, nem inferior. Ele errou porque \u00e9 humano, a m\u00e3e dele erra tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Transformando a vergonha em culpa<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E foi a\u00ed que a vergonha se transformou em culpa. Culpa \u00e9 quando nos sentimos mal por ter prejudicado ou machucado outra pessoa. A culpa n\u00e3o significa que somos ruins ou inferiores, apenas que cometemos um erro. Enquanto o foco na vergonha \u00e9 a preserva\u00e7\u00e3o da autoimagem, o foco na culpa \u00e9 o sofrimento que causamos no outro. Refletimos sobre o que a irm\u00e3 poderia estar sentindo, e como ele poderia ajud\u00e1-la a se sentir melhor. Ele anunciou que estava indo pedir desculpas e levar os past\u00e9is favoritos dela que acabavam de sair do forno.<\/p>\n\n\n\n
A culpa nos motiva a agir para reparar o dano ou a rela\u00e7\u00e3o. Mas, mais do que isso, a culpa nos leva a escolher melhores comportamentos da pr\u00f3xima vez, comportamentos mais alinhados com as nossas expectativas e valores. Nesse sentido, ajudei explicando que para n\u00e3o fazer besteira, precisamos esperar as emo\u00e7\u00f5es dif\u00edceis passarem antes de agir. Contei que \u00e9 uma tarefa dif\u00edcil, mas que existem recursos que ajudam nesse sentido. Para mim, por exemplo, a respira\u00e7\u00e3o e o toque s\u00e3o bons recursos. Ele quis fazer a respira\u00e7\u00e3o algumas vezes. E em seguida me disse que sair de perto da irm\u00e3 na hora da raiva poderia ser uma boa estrat\u00e9gia tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
Ele entrou para desculpar-se com a irm\u00e3. Depois soube que ele pediu para ver e cuidar do machucado. Naturalmente, o sistema de alarme ainda lhe d\u00e1 rasteiras - ele s\u00f3 tem 5 anos. Mas meu filho nunca mais mordeu e em casa, \u00e9 ele quem consegue reparar e assumir os erros mais prontamente.<\/p>\n\n\n\n
Filhos imperfeitos precisam de m\u00e3es imperfeitas<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a conviver com essa natureza humana que inevitavelmente ir\u00e1 decepcion\u00e1-los. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ajud\u00e1-los a lidar com as decep\u00e7\u00f5es a respeito de si mesmos, com as partes de si que eles n\u00e3o escolhem. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ensinar recursos para que os automatismos e a natureza impulsiva n\u00e3o lhes deem rasteiras t\u00e3o graves. Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a reparar seus erros sabendo que falhas n\u00e3o s\u00e3o prova de incompet\u00eancia ou inferioridade, mas provas de que somos humanos. Naquela manh\u00e3 de s\u00e1bado, eu fui esta m\u00e3e porque consegui descer no fundo do po\u00e7o junto com o meu filho. E eu s\u00f3 consegui fazer isso, porque eu estive l\u00e1 tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: Tudo bem deixar a peteca cair<\/a><\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"Assim como somos pais imperfeitos, temos filhos imperfeitos","post_excerpt":"\"Aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa\", relata Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"closed","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"erros-culpa-maes-imperfeitas-filhos-imperfeitos","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:06:33","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:06:33","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=32801","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":31469,"post_author":"40","post_date":"2021-05-07 16:53:00","post_date_gmt":"2021-05-07 19:53:00","post_content":"\n
Certo \"Dia das M\u00e3es\", me deparei com uma homenagem de uma atriz famosa para a sua m\u00e3e. No texto, ela reconhecia a ajuda, a presen\u00e7a e a dedica\u00e7\u00e3o de sua m\u00e3e. Para ilustrar a homenagem, ela usou a foto da m\u00e3e vestida de mulher maravilha. Uma declara\u00e7\u00e3o bonita e tocante, replicada por sites de not\u00edcias e afins. N\u00e3o h\u00e1 nada mais precioso do que a pr\u00f3pria vida. Sentir-se benefici\u00e1rio deste presente, perceber que algu\u00e9m sacrifica a pr\u00f3pria vida para que voc\u00ea viva melhor, certamente nos faz sentir amados e importantes.<\/p>\n\n\n\n
A entrega impl\u00edcita na maternidade n\u00e3o \u00e9 apenas bonita, ela d\u00e1 sentido \u00e0 vida. De certa forma, filhos nos d\u00e3o prop\u00f3sito. Prop\u00f3sito \u00e9 sobre sentir que voc\u00ea adiciona valor para uma causa, pessoas, ou objetivos que s\u00e3o importantes para voc\u00ea, mas que transcendem seus desejos autocentrados. A maternidade nos d\u00e1 a oportunidade de colocar nossos interesses em segundo plano para beneficiarmos outra pessoa. Contribu\u00edmos para algo grandioso, o desenvolvimento de nossos filhos. A vida passa a ter um sentido para al\u00e9m de n\u00f3s mesmas. De fato, os estudos mostram que quando comparadas \u00e0s mulheres sem filhos, m\u00e3es reportam um maior n\u00famero de momentos significativos durante o dia e um maior senso de prop\u00f3sito.<\/p>\n\n\n\n
O paradoxo da maternidade<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\ufeffNo entanto, para sermos felizes precisamos mais do que prop\u00f3sito. Roy Baumeister, um dos maiores psic\u00f3logos contempor\u00e2neos, chamou de \u201cparadoxo da parentalidade\u201d o fato de que a maioria das pessoas deseja ser feliz e ter filhos, quando na pr\u00e1tica estes objetivos s\u00e3o contradit\u00f3rios. A parentalidade reduz a felicidade. H\u00e1 um grande n\u00famero de trabalhos cient\u00edficos que constatam que as m\u00e3es s\u00e3o geralmente menos felizes do que as mulheres sem filhos, e que estamos menos felizes do que em gera\u00e7\u00f5es passadas. As exig\u00eancias da maternidade, as preocupa\u00e7\u00f5es e os sacrif\u00edcios, fazem com que n\u00f3s, m\u00e3es, tiremos notas mais baixas nos question\u00e1rios que mensuram a satisfa\u00e7\u00e3o com a vida.<\/p>\n\n\n\n
V\u00ednculos para al\u00e9m dos filhos<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Pesquisas demonstram que para sermos felizes, precisamos atender \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas. De acordo com Ryan e Deci, psic\u00f3logos conhecidos por formularem a teoria da autodetermina\u00e7\u00e3o, tr\u00eas necessidades psicol\u00f3gicas desempenham um papel fundamental no nosso bem-estar. A primeira delas \u00e9 o v\u00ednculo social, seres humanos precisam sentir que t\u00eam la\u00e7os de amor, confian\u00e7a e amizade. E aqui temos um problema, porque as exig\u00eancias da maternidade somam-se a tantas outras, subtraindo o tempo e energia necess\u00e1rios para a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos. Isso explica porque a satisfa\u00e7\u00e3o com o relacionamento diminui depois que os casais t\u00eam filhos. Temos menos tempo para o lazer, e muitas vezes n\u00e3o temos apoio necess\u00e1rio para ampliarmos nossas vidas para al\u00e9m de nossas casas. O nosso estilo de vida urbano, apartado de uma rede de apoio, nos faz sentir ainda mais solit\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
\n\n\n\n
\n\n\n\n
Necessidades b\u00e1sicas s\u00e3o para seres humanos, e n\u00e3o para super-hero\u00edna<\/strong>s<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Antigamente, viv\u00edamos em tribos e a responsabilidade pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos era coletiva. Hoje, esta responsabilidade se resume a duas pessoas, pai e m\u00e3e, e frequentemente a uma s\u00f3, a m\u00e3e. Mais de 5 milh\u00f5es de estudantes brasileiros n\u00e3o t\u00eam o nome do pai na certid\u00e3o de nascimento e 45% dos nossos lares s\u00e3o chefiados por mulheres. Mesmo quando o casal vive junto, a mulher normalmente assume uma propor\u00e7\u00e3o maior do trabalho da casa e relacionado aos filhos, independentemente se ambos trabalham. A sobrecarga dificulta que as m\u00e3es consigam satisfazer a segunda necessidade psicol\u00f3gica humana, que segundo Ryan e Deci, \u00e9 a compet\u00eancia pessoal.<\/p>\n\n\n\n
Para sermos felizes, precisamos sentir que somos capazes de atingir os objetivos que s\u00e3o importantes em nossas vidas. Quando percebemos que n\u00e3o damos conta do que \u00e9 importante, nos sentimos incompetentes e inadequados. Mas \u00e9 imposs\u00edvel realizar objetivos de uma tribo inteira e ainda com excel\u00eancia. Assumir tantos pap\u00e9is pode ser poss\u00edvel quando se \u00e9 super-hero\u00edna. Mas para mulheres humanas, isso chama-se viol\u00eancia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
\u00c9 como dormir com um cobertor curto, se cobrimos os p\u00e9s descobrimos os ombros. Se nos dedicamos ao acompanhamento das aulas online, deixamos de entregar resultados no trabalho, se nos dedicamos aos relacionamentos, sentimos culpa porque nossos filhos est\u00e3o sozinhos, se nos dedicamos ao trabalho, a qualidade dos nossos relacionamentos com os filhos \u00e9 prejudicada, se paramos de trabalhar, sacrificamos nossa autonomia. Al\u00e9m disso, porque somos as principais respons\u00e1veis pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos, ficamos superidentificadas com o desenvolvimento das crian\u00e7as. Achamos que a culpa \u00e9 nossa se o beb\u00ea n\u00e3o parar de chorar, se a crian\u00e7a n\u00e3o ler na idade certa, ou se o adolescente for rebelde.<\/p>\n\n\n\n
Se n\u00e3o tem escolha, vai com ressentimento mesmo<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"M\u00e3es, rasguem a capa!","post_excerpt":"\"Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas\", diz a colunista Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"autocompaixao-maes","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:00:39","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:00:39","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=31469","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"}],"next":false,"prev":false,"total_page":1},"paged":1,"column_class":"jeg_col_2o3","class":"epic_block_3"};
Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a conviver com essa natureza humana que inevitavelmente ir\u00e1 decepcion\u00e1-los. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ajud\u00e1-los a lidar com as decep\u00e7\u00f5es a respeito de si mesmos, com as partes de si que eles n\u00e3o escolhem. Ser m\u00e3e \u00e9 sobre ensinar recursos para que os automatismos e a natureza impulsiva n\u00e3o lhes deem rasteiras t\u00e3o graves. Ser m\u00e3e inclui ensin\u00e1-los a reparar seus erros sabendo que falhas n\u00e3o s\u00e3o prova de incompet\u00eancia ou inferioridade, mas provas de que somos humanos. Naquela manh\u00e3 de s\u00e1bado, eu fui esta m\u00e3e porque consegui descer no fundo do po\u00e7o junto com o meu filho. E eu s\u00f3 consegui fazer isso, porque eu estive l\u00e1 tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: Tudo bem deixar a peteca cair<\/a><\/p>\n\n\n\n
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[mc4wp_form id=\"26137\"]<\/p>\n","post_title":"Assim como somos pais imperfeitos, temos filhos imperfeitos","post_excerpt":"\"Aproximei-me e contei-lhe uma hist\u00f3ria. Uma hist\u00f3ria de uma m\u00e3e que no dia anterior feriu os sentimentos dos filhos e sentiu culpa\", relata Adriana Drulla","post_status":"publish","comment_status":"closed","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"erros-culpa-maes-imperfeitas-filhos-imperfeitos","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2025-11-26 17:06:33","post_modified_gmt":"2025-11-26 20:06:33","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=32801","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"image\/jpeg","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":31469,"post_author":"40","post_date":"2021-05-07 16:53:00","post_date_gmt":"2021-05-07 19:53:00","post_content":"\n
Certo \"Dia das M\u00e3es\", me deparei com uma homenagem de uma atriz famosa para a sua m\u00e3e. No texto, ela reconhecia a ajuda, a presen\u00e7a e a dedica\u00e7\u00e3o de sua m\u00e3e. Para ilustrar a homenagem, ela usou a foto da m\u00e3e vestida de mulher maravilha. Uma declara\u00e7\u00e3o bonita e tocante, replicada por sites de not\u00edcias e afins. N\u00e3o h\u00e1 nada mais precioso do que a pr\u00f3pria vida. Sentir-se benefici\u00e1rio deste presente, perceber que algu\u00e9m sacrifica a pr\u00f3pria vida para que voc\u00ea viva melhor, certamente nos faz sentir amados e importantes.<\/p>\n\n\n\n
A entrega impl\u00edcita na maternidade n\u00e3o \u00e9 apenas bonita, ela d\u00e1 sentido \u00e0 vida. De certa forma, filhos nos d\u00e3o prop\u00f3sito. Prop\u00f3sito \u00e9 sobre sentir que voc\u00ea adiciona valor para uma causa, pessoas, ou objetivos que s\u00e3o importantes para voc\u00ea, mas que transcendem seus desejos autocentrados. A maternidade nos d\u00e1 a oportunidade de colocar nossos interesses em segundo plano para beneficiarmos outra pessoa. Contribu\u00edmos para algo grandioso, o desenvolvimento de nossos filhos. A vida passa a ter um sentido para al\u00e9m de n\u00f3s mesmas. De fato, os estudos mostram que quando comparadas \u00e0s mulheres sem filhos, m\u00e3es reportam um maior n\u00famero de momentos significativos durante o dia e um maior senso de prop\u00f3sito.<\/p>\n\n\n\n
O paradoxo da maternidade<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\ufeffNo entanto, para sermos felizes precisamos mais do que prop\u00f3sito. Roy Baumeister, um dos maiores psic\u00f3logos contempor\u00e2neos, chamou de \u201cparadoxo da parentalidade\u201d o fato de que a maioria das pessoas deseja ser feliz e ter filhos, quando na pr\u00e1tica estes objetivos s\u00e3o contradit\u00f3rios. A parentalidade reduz a felicidade. H\u00e1 um grande n\u00famero de trabalhos cient\u00edficos que constatam que as m\u00e3es s\u00e3o geralmente menos felizes do que as mulheres sem filhos, e que estamos menos felizes do que em gera\u00e7\u00f5es passadas. As exig\u00eancias da maternidade, as preocupa\u00e7\u00f5es e os sacrif\u00edcios, fazem com que n\u00f3s, m\u00e3es, tiremos notas mais baixas nos question\u00e1rios que mensuram a satisfa\u00e7\u00e3o com a vida.<\/p>\n\n\n\n
V\u00ednculos para al\u00e9m dos filhos<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Pesquisas demonstram que para sermos felizes, precisamos atender \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas. De acordo com Ryan e Deci, psic\u00f3logos conhecidos por formularem a teoria da autodetermina\u00e7\u00e3o, tr\u00eas necessidades psicol\u00f3gicas desempenham um papel fundamental no nosso bem-estar. A primeira delas \u00e9 o v\u00ednculo social, seres humanos precisam sentir que t\u00eam la\u00e7os de amor, confian\u00e7a e amizade. E aqui temos um problema, porque as exig\u00eancias da maternidade somam-se a tantas outras, subtraindo o tempo e energia necess\u00e1rios para a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos. Isso explica porque a satisfa\u00e7\u00e3o com o relacionamento diminui depois que os casais t\u00eam filhos. Temos menos tempo para o lazer, e muitas vezes n\u00e3o temos apoio necess\u00e1rio para ampliarmos nossas vidas para al\u00e9m de nossas casas. O nosso estilo de vida urbano, apartado de uma rede de apoio, nos faz sentir ainda mais solit\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
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Necessidades b\u00e1sicas s\u00e3o para seres humanos, e n\u00e3o para super-hero\u00edna<\/strong>s<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Antigamente, viv\u00edamos em tribos e a responsabilidade pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos era coletiva. Hoje, esta responsabilidade se resume a duas pessoas, pai e m\u00e3e, e frequentemente a uma s\u00f3, a m\u00e3e. Mais de 5 milh\u00f5es de estudantes brasileiros n\u00e3o t\u00eam o nome do pai na certid\u00e3o de nascimento e 45% dos nossos lares s\u00e3o chefiados por mulheres. Mesmo quando o casal vive junto, a mulher normalmente assume uma propor\u00e7\u00e3o maior do trabalho da casa e relacionado aos filhos, independentemente se ambos trabalham. A sobrecarga dificulta que as m\u00e3es consigam satisfazer a segunda necessidade psicol\u00f3gica humana, que segundo Ryan e Deci, \u00e9 a compet\u00eancia pessoal.<\/p>\n\n\n\n
Para sermos felizes, precisamos sentir que somos capazes de atingir os objetivos que s\u00e3o importantes em nossas vidas. Quando percebemos que n\u00e3o damos conta do que \u00e9 importante, nos sentimos incompetentes e inadequados. Mas \u00e9 imposs\u00edvel realizar objetivos de uma tribo inteira e ainda com excel\u00eancia. Assumir tantos pap\u00e9is pode ser poss\u00edvel quando se \u00e9 super-hero\u00edna. Mas para mulheres humanas, isso chama-se viol\u00eancia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
\u00c9 como dormir com um cobertor curto, se cobrimos os p\u00e9s descobrimos os ombros. Se nos dedicamos ao acompanhamento das aulas online, deixamos de entregar resultados no trabalho, se nos dedicamos aos relacionamentos, sentimos culpa porque nossos filhos est\u00e3o sozinhos, se nos dedicamos ao trabalho, a qualidade dos nossos relacionamentos com os filhos \u00e9 prejudicada, se paramos de trabalhar, sacrificamos nossa autonomia. Al\u00e9m disso, porque somos as principais respons\u00e1veis pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos, ficamos superidentificadas com o desenvolvimento das crian\u00e7as. Achamos que a culpa \u00e9 nossa se o beb\u00ea n\u00e3o parar de chorar, se a crian\u00e7a n\u00e3o ler na idade certa, ou se o adolescente for rebelde.<\/p>\n\n\n\n
Se n\u00e3o tem escolha, vai com ressentimento mesmo<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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Pesquisas demonstram que para sermos felizes, precisamos atender \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas. De acordo com Ryan e Deci, psic\u00f3logos conhecidos por formularem a teoria da autodetermina\u00e7\u00e3o, tr\u00eas necessidades psicol\u00f3gicas desempenham um papel fundamental no nosso bem-estar. A primeira delas \u00e9 o v\u00ednculo social, seres humanos precisam sentir que t\u00eam la\u00e7os de amor, confian\u00e7a e amizade. E aqui temos um problema, porque as exig\u00eancias da maternidade somam-se a tantas outras, subtraindo o tempo e energia necess\u00e1rios para a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos. Isso explica porque a satisfa\u00e7\u00e3o com o relacionamento diminui depois que os casais t\u00eam filhos. Temos menos tempo para o lazer, e muitas vezes n\u00e3o temos apoio necess\u00e1rio para ampliarmos nossas vidas para al\u00e9m de nossas casas. O nosso estilo de vida urbano, apartado de uma rede de apoio, nos faz sentir ainda mais solit\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
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Necessidades b\u00e1sicas s\u00e3o para seres humanos, e n\u00e3o para super-hero\u00edna<\/strong>s<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Antigamente, viv\u00edamos em tribos e a responsabilidade pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos era coletiva. Hoje, esta responsabilidade se resume a duas pessoas, pai e m\u00e3e, e frequentemente a uma s\u00f3, a m\u00e3e. Mais de 5 milh\u00f5es de estudantes brasileiros n\u00e3o t\u00eam o nome do pai na certid\u00e3o de nascimento e 45% dos nossos lares s\u00e3o chefiados por mulheres. Mesmo quando o casal vive junto, a mulher normalmente assume uma propor\u00e7\u00e3o maior do trabalho da casa e relacionado aos filhos, independentemente se ambos trabalham. A sobrecarga dificulta que as m\u00e3es consigam satisfazer a segunda necessidade psicol\u00f3gica humana, que segundo Ryan e Deci, \u00e9 a compet\u00eancia pessoal.<\/p>\n\n\n\n
Para sermos felizes, precisamos sentir que somos capazes de atingir os objetivos que s\u00e3o importantes em nossas vidas. Quando percebemos que n\u00e3o damos conta do que \u00e9 importante, nos sentimos incompetentes e inadequados. Mas \u00e9 imposs\u00edvel realizar objetivos de uma tribo inteira e ainda com excel\u00eancia. Assumir tantos pap\u00e9is pode ser poss\u00edvel quando se \u00e9 super-hero\u00edna. Mas para mulheres humanas, isso chama-se viol\u00eancia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
\u00c9 como dormir com um cobertor curto, se cobrimos os p\u00e9s descobrimos os ombros. Se nos dedicamos ao acompanhamento das aulas online, deixamos de entregar resultados no trabalho, se nos dedicamos aos relacionamentos, sentimos culpa porque nossos filhos est\u00e3o sozinhos, se nos dedicamos ao trabalho, a qualidade dos nossos relacionamentos com os filhos \u00e9 prejudicada, se paramos de trabalhar, sacrificamos nossa autonomia. Al\u00e9m disso, porque somos as principais respons\u00e1veis pela cria\u00e7\u00e3o dos filhos, ficamos superidentificadas com o desenvolvimento das crian\u00e7as. Achamos que a culpa \u00e9 nossa se o beb\u00ea n\u00e3o parar de chorar, se a crian\u00e7a n\u00e3o ler na idade certa, ou se o adolescente for rebelde.<\/p>\n\n\n\n
Se n\u00e3o tem escolha, vai com ressentimento mesmo<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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As m\u00e3es tamb\u00e9m encontram problemas para satisfazer a terceira necessidade psicol\u00f3gica humana, que \u00e9 a da autonomia. Para sermos felizes, precisamos saber que podemos escolher as nossas a\u00e7\u00f5es de acordo com nossos valores. Uma forma que muitas m\u00e3es sacrificam a autonomia \u00e9 quando deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, j\u00e1 que o senso de escolha na sociedade moderna vem junto com a independ\u00eancia financeira. Outra forma \u00e9 quando nos sentimos obrigadas a fazer o contr\u00e1rio do que julgamos adequado. Sentimos que precisamos descansar, mas n\u00e3o temos quem possa ajudar com a crian\u00e7a que acorda a noite. Gostar\u00edamos de fazer a adapta\u00e7\u00e3o na escola, mas tememos a reprova\u00e7\u00e3o se chegarmos mais tarde no trabalho. O apoio e a divis\u00e3o de tarefas criam o espa\u00e7o para tomada de decis\u00e3o. Mas como n\u00e3o temos apoio, fazemos o que \u00e9 necess\u00e1rio mesmo que ressentidas, ponto final.<\/p>\n\n\n\n
Macieiras n\u00e3o podem dar laranjas<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
E se voc\u00ea chegou at\u00e9 aqui pensando que a nossa infelicidade \u00e9 o pre\u00e7o que pagamos pelo bem estar dos nossos filhos, enganou-se. Pesquisas demonstram que a nossa capacidade de sermos competentes no papel materno \u00e9 prejudicada quando n\u00e3o atendemos as nossas necessidades b\u00e1sicas. Ou seja, nossos filhos tamb\u00e9m pagam o pato. Um estudo constatou que quando n\u00e3o temos um senso de conex\u00e3o com outros adultos, podemos cobrar demais dos nossos filhos, muitas vezes manipulando as emo\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as para que elas se tornem dependentes da nossa aten\u00e7\u00e3o, aprova\u00e7\u00e3o e amor. Outro estudo identificou que quando nos sentimos incompetentes, podemos utilizar t\u00e9cnicas de disciplina autorit\u00e1rias e castradoras, que impedem que a crian\u00e7a construa um senso saud\u00e1vel de autonomia. Um terceiro estudo identificou que quando a nossa necessidade de autonomia n\u00e3o \u00e9 preenchida, podemos abusar do controle e do autoritarismo para que nossos filhos atendam expectativas e demandas externas. <\/p>\n\n\n\n
M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: 4 livros infantis que falam das m\u00e3es em diferentes contextos<\/a><\/p>\n\n\n\n
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No seu dia, liberte-se de capa<\/strong><\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
O verdadeiro superpoder materno<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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M\u00e3es sobrecarregadas e que se sentem isoladas, incapazes ou pressionadas tendem a usar com maior frequ\u00eancia o autoritarismo, a frieza, a manipula\u00e7\u00e3o emocional e psicol\u00f3gica. Isso acontece porque estas t\u00e9cnicas tendem a ser mais eficientes no curto prazo, as crian\u00e7as respondem mais rapidamente. O problema \u00e9 que estas t\u00e9cnicas funcionam justamente porque s\u00e3o dolorosas demais para a crian\u00e7a. No longo prazo, elas prejudicam o desenvolvimento da personalidade, a sa\u00fade emocional e o futuro dos nossos filhos.<\/strong><\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
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Um estudo ficou famoso por ilustrar a nossa necessidade de pausa. Com o intuito de mensurar a import\u00e2ncia do lazer e das tarefas prazerosas para o nosso bem-estar, pesquisadores pediram a volunt\u00e1rios que se envolvessem apenas com atividades produtivas durante alguns dias. Seriam dias sem livros, sem televis\u00e3o, sem hobbies. Ap\u00f3s 48 horas de produtividade pura, o n\u00edvel de ansiedade e estresse dos volunt\u00e1rios chegou a n\u00edveis patol\u00f3gicos e a pesquisa precisou ser interrompida por raz\u00f5es \u00e9ticas. Mulheres-maravilha podem at\u00e9 conseguir passar semanas, meses ou anos vivendo dias similares aos volunt\u00e1rios desta pesquisa. Mas mulheres humanas adoecem.<\/p>\n\n\n\n
Existe um romantismo em volta da dedica\u00e7\u00e3o materna, que nos faz orgulhar de sermos super-hero\u00ednas. Como se a nossa exaust\u00e3o fosse um trof\u00e9u e nossa capacidade de suportar o estresse fosse um sinal de for\u00e7a. No dia das m\u00e3es, \u00e9 comum recebermos presentes acompanhados de mensagens que honram nosso sacrif\u00edcio. Desta vez, aproveite para distribuir responsabilidades que voc\u00ea assume sozinha. Fa\u00e7a uma lista do que pode ser feito por outras pessoas. Fa\u00e7a regras para voc\u00ea mesma, por exemplo, n\u00e3o trabalhar depois do jantar. Apare os excessos. Converse com pessoas que possam te apoiar e firme compromissos com elas.<\/p>\n\n\n\n
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\u00c9 poss\u00edvel reequilibrar tarefas, mas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel ser perfeita. Acolher as nossas imperfei\u00e7\u00f5es e dificuldades com gentileza \u00e9 o primeiro passo para a autocompaix\u00e3o. Ser autocompassiva envolve reconhecer que seus erros e dificuldades significam que voc\u00ea \u00e9 normal e humana, e n\u00e3o diferente e inferior. Na autocompaix\u00e3o, o respeito que sentimos por n\u00f3s mesmas vem do reconhecimento de que estamos fazendo o nosso melhor para lidar com dificuldades que n\u00e3o escolhemos, e que na maioria das vezes n\u00e3o controlamos. M\u00e3es autocompassivas lidam melhor com os pr\u00f3prios erros, aprendem com as dificuldades e recuperam mais r\u00e1pido das falhas. No longo prazo, mulheres autocompassivas se tornam melhores m\u00e3es. Al\u00e9m disso, a autocompaix\u00e3o nos d\u00e1 resili\u00eancia emocional, conseguimos ser apoio para n\u00f3s mesmas em vez de nos cobrarmos sempre mais. Autocompaix\u00e3o \u00e9 sobre entender os seus limites e saber pedir ajuda. Por isso, m\u00e3es autocompassivas s\u00e3o menos estressadas e reativas, conseguem adotar t\u00e9cnicas de disciplina mais gentis e lidam melhor com as imperfei\u00e7\u00f5es dos filhos. Como resultado, elas t\u00eam uma conex\u00e3o mais forte com as crian\u00e7as. Na minha pesquisa com 246 pares de m\u00e3es e adolescentes, descobri que m\u00e3es autocompassivas tem filhos mais autocompassivos tamb\u00e9m. Quando honramos a nossa humanidade, inspiramos nossos filhos a fazerem o mesmo. Se existe um superpoder na maternidade, este poder \u00e9 a autocompaix\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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Leia tamb\u00e9m: \u2018N\u00e3o d\u00e1 para escutar e pensar ao mesmo tempo\u2019, diz nova colunista da Canguru News<\/a> <\/p>\n\n\n\n
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