O mês de maio não é apenas o mês das mães e suas inúmeras intervenções midiáticas fomentando o quão incrível é a maternidade. O mês de maio também celebra a campanha voltada para a conscientização da saúde mental materna intitulada Maio Furta-Cor.
A campanha foi criada com o objetivo de sensibilizar a população a dar apoio e olhar com mais carinho para todas as mães, que estão neste exato momento se desdobrando em muitas versões, simultaneamente, para cumprir com todos os papéis que lhes foram designados para serem realizados com perfeição.
Na física, furta-cor é um fenômeno óptico chamado de iridescência que pode ser observado em películas finas transparentes, que refletem as cores do arco-íris devido à difração da luz branca. As cores iridescentes ou furta-cor mudam de acordo com a luz que recebem. Por isso que uma bolha de sabão, por exemplo, pode ter várias cores a depender da luz projetada sobre ela. Da mesma forma, a campanha furta-cor remete ao fato de que cada mãe possui uma sensibilidade distinta ao enxergar a cor do seu próprio maternar.
Mas o que eu, sendo um pai, tenho a ver com o #maiofurtacor?
A minha experiência como pai nos cuidados com meus quatro filhos e o acolhimento à minha esposa em tarefas práticas me fez enxergar o quão importante é a participação do pai, para reduzir a sobrecarga da maternidade, e também para auxiliar na proteção de sua saúde emocional. Porém, eu só percebi isso após passar por três puerpérios.
LEIA TAMBÉM:
Quando tivemos o primeiro filho, dediquei 100% do meu tempo a ele e, na minha concepção de mundo, eu estava ajudando a mãe com o bebê. Mas não era bem assim, pois eu só conseguia me empenhar nos cuidados com a casa e com minha própria esposa nos momentos em que estava de folga do trabalho – isso desde que nosso filho estivesse dormindo.
No segundo puerpério, quando nasceram os nossos filhos gêmeos, pude perceber a importância da minha presença, não apenas com meus filhos, mas com a mãe deles também.
Na época, me vi desempenhando tarefas que o mundo enxerga como básicas para as mães, mas para os pais são exemplos dignos de troféu. Por exemplo, cuidar dos choros nas madrugadas com os recém-nascidos e o filho mais velho, para que minha esposa pudesse dormir um pouco favorecendo assim a relação entre mãe e bebês.
Comparado com o primeiro puerpério, houve uma mudança significativa no meu agir, embora ainda não estivesse totalmente consciente das necessidades e expectativas da minha companheira.
Foi somente no terceiro puerpério que meus medos e receios quanto a ter um bebê em casa foram minimizados com o aprendizado, a maturidade e a compaixão adquiridos durante as jornadas anteriores. Eu e minha esposa tivemos um período menos conturbado para a nossa parentalidade, mesmo com todo o aspecto que tange os cuidados domésticos com uma família onde estão presentes uma puérpera, uma recém-nascida e três crianças com menos de três anos.
Acredito que só é possível ter um mundo mais justo e igualitário a partir do momento que cuidamos de quem cuida de todo mundo. Mas para isso é necessário consciência.
Para mim, essa descoberta aconteceu de forma tardia e mesmo assim ainda não cheguei na perfeita equidade da divisão da carga mental materna. Felizmente, tem crescido o número de pais que buscam exercer uma paternidade consciente e participativa, e já demonstram um maior conhecimento sobre o assunto. Contudo, ainda estamos longe de equilibrar essa balança.
Precisamos cada vez mais realçar a importância da saúde mental para as mulheres e a responsabilidade de cuidar e apoiar as mães nessa jornada de grandes transformações.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
