Esses dias eu estava lendo um livro voltado para o pai divorciado e a forma como este, na maioria das vezes, conduz a educação e a criação de seus filhos. No livro, tem um capítulo sobre culpa, em que a autora aborda a relação desse sentimento – que o pai divorciado traz consigo por ter “saído de casa” e supostamente “abandonado o lar” – com a forma como ele educa e cria seus filhos, seja sozinho, seja dentro de um novo relacionamento.
A autora relaciona a culpa com a permissividade, ou seja, o pai, na maioria das vezes, abre mão de educar, de impor limites, de ser mais positivo na atuação de ensinar o que é certo e o que é errado, por ter, dentro de si, a sensação de que ele é o culpado pelo que a criança está passando. Assim, acaba sendo mais permissivo e prejudicando, no final das contas, a própria criança, que acaba tendo rotinas muito diferentes nas duas casas.
Como podemos constatar, pelo simples fato de olhar para as pessoas divorciadas que convivemos, a grande maioria dos filhos passa mais tempo com a mãe do que com o pai, salvo raras exceções. Segundo o livro, quanto mais tempo a criança passa na casa da mãe e, quanto menos tempo passa na casa do pai, mais esse pai tende a ser o “pai legal” de final de semana, sendo mais permissivo e evitando conflitos, já que o mesmo convive pouco com seu filho e deveria aproveitar bem a pouca convivência entre eles.
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Ao ler esse conteúdo eu refleti sobre algumas atitudes que tenho no dia a dia com as minhas filhas. Mesmo ficando uma semana sim, outra não com elas. Em certos momentos me pego “fugindo” de temas mais árduos por achar que, na semana em que elas estão comigo, a convivência precisa ser a melhor e mais leve possível, para que elas gostem e tenham prazer de vir para a casa do pai. Ao mesmo tempo, tenho consciência que não sou esse “pai legal” de final de semana, pois atuo muito na criação e educação delas.
Quando um casal se separa, eles são igualmente responsáveis pela educação e criação de seus filhos. E não é porque um passa menos tempo ou mais que o outro, que essa responsabilidade pode ser delegada só para uma das partes. Educar e criar filhos exige disciplina e esforço, cansa, dá trabalho e é assim mesmo. Isso faz parte do pacote de quem decide ter filhos.
Portanto, se você chegou até aqui, no final desse texto, e se identificou com esse sentimento de culpa e percebe a permissividade na forma de educar seus filhos, fique atento. Esse tipo de atitude, ao contrário do que você pensa, não fará com que seus filhos gostem mais ou menos de você, ou queiram ficar mais ou menos tempo com você. Crianças precisam de limites. Crianças precisam ser educadas. Crianças precisam de um pai e de uma mãe, juntos, para educá-las. E disso não dá pra fugir, mesmo que vocês não morem mais debaixo do mesmo teto.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.