Nem sempre os nossos planos vão dar certo e ainda bem que é assim. Licenciei-me em Estudos Europeus, estava apaixonada por um francês maravilhoso (e contínuo) e a cereja no topo do bolo é que ele vinha da zona onde estão localizadas a maior parte das
instituições europeias. Comecei a minha vida profissional a trabalhar para a Comissão Europeia, num Euro Info Center, aqui em Portugal, mas o plano era sair de Portugal e viver em Estrasburgo.
Os astros estavam perfeitamente alinhados e eu pensei que era o destino. Mas no final do primeiro ano, o projeto para o qual eu tinha sido chamada termina e o meu contrato não é renovado. Será que era o momento de pegar nas malas e traçar a carreira
internacional? Estaria na hora de partir para França e arranjar um apartamento no centro de uma das cidades mais bonitas que conheço? Enquanto revíamos o plano, fui chamada, na mesma instituição, para uma entrevista. Era a área da formação e projetos a distância. Enquanto decidíamos, decidi aceitar a proposta. Começaria em outubro, logo após os atentados do 11 de setembro.
Adorei o que fiz! Trabalhei com projetos de formação, com o início do ensino a distância e do blended-learning. Paralelamente, comecei também a dar formação e nunca mais parei. Tive a sorte de trabalhar com uma equipe muito boa, tivemos a melhor liderança, foram dos anos em que mais aprendi.
Para trás, começava a ficar tudo aquilo que tinha aprendido durante 4 anos, na faculdade. Anos mais tarde, entrei num grupo de empresas familiares. Passei pela área comercial, pela HST (higiene do trabalho) e criei os Recursos Humanos. Mas continuava a dar formação. A ideia não era sair desta empresa. Tinha um lugar estável, seguro e gostava cada vez mais do que fazia.
Simultaneamente, o Mum’s the boss, que tinha nascido em 2010 crescia. Já tinha dois livros lançados, estava a iniciar a redação do terceiro e não tinha horas no dia suficientes para fazer tudo o que precisava. Fiquei sem condições: tinha de escolher. E escolhi com o coração porque sabia que ia tocar e ter impacto na vida de milhares de famílias e instituições.
Nunca me vi a trabalhar na área da família, das crianças e jovens. Desconhecia esta paixão, não tinha noção do quanto já sabia. E pensar que entrei neste caminho por causa de uma questão, quando dava formação em empresas: O que impede algumas pessoas de evoluírem? A resposta descobri que poderia estar na Parentalidade e, desde então, nunca mais vi as relações da mesma
forma.
Hoje, dou por mim a pensar que tive muita sorte por muitos dos planos não terem dado certo. Na verdade, vale a pena ter planos e deixar que a vida nos surpreenda. Acho que ela vai fazer sempre isso – basta deixar-nos ir quando achamos que é o momento. Ao fazermos o caminho, com paixão, seriedade e entrega, mais cedo ou mais tarde, os pontos acabam todos por fazer muito sentido.
Há quem diga que quando uma porta se fecha, abre-se uma janela. O que eu sei é que depois de hoje vem o amanhã – e o amanhã é sempre cheio de oportunidades. Parte dele somos nós quem o escreve. Esta é a minha história e aquilo que procuro fazer com ela é mostrar aos meus filhos que, na vida, nem tudo está definido, e que, algumas coisas não acontecerem ou não darem certo pode ser uma enorme sorte.
Digo-lhes que vai dar sempre certo quando damos o melhor de nós e quando confiamos em nós. Não precisamos de mais nada. Não sei como vai ser com eles, mas dou tudo o que sei e confio em mim e no processo.
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