Fim de semestre, momento de reflexão e eventual correção de rota para um segundo semestre diferente. Tenho conversado com muitas mães que estão passando pelo processo de mudança de escola dos filhos. Alguns desses processos foram iniciados pelos filhos: sinalizaram insatisfação com a atual escola, tiveram uma escuta ativa dentro de casa e buscaram alternativas conjuntas para resolver essa questão. Final feliz, todos satisfeitos e animados! Outros filhos, no entanto, não tiveram escolha: a decisão de mudar foi tomada pelos pais e eles estão tendo que dar conta dessa situação. Eles e os pais, porque não é fácil lidar com os sentimentos negativos dos filhos.
Um caminho para tratar disso é pragmático: “A vida é assim, nem sempre a gente pode escolher, paciência etc”. Tudo verdade, mas vamos combinar que não é empático, nem acolhedor e muito menos legal de ouvir…
Esse outro caminho parece mais carinhoso: “Vai passar rápido, você vai se enturmar, vai ser legal, nem vai lembrar da escola antiga, aconteceu assim comigo quando eu era da sua idade”. Parece mesmo mais acolhedor, mas também minimiza o sofrimento, não valida o que o filho está sentindo, desqualifica esse mal estar dele.
O caminho que eu tenho tentado trilhar é o da empatia. É uma forma de encarar os sentimentos negativos de frente, sem medo de “tocar na ferida”, mas fazendo isso de maneira gentil: “É muito chato quando a gente não pode escolher tudo na nossa vida”, “não está sendo fácil para você ficar longe dos seus amigos”, “você gostaria de ter ficado na outra escola”. Quando levamos em consideração os seus sentimentos, os filhos têm uma capacidade maior para aceitar os limites que colocamos para eles.
Parece pouco, né? “Só” o fato de os pais entenderem o que o filho está sentindo, “só” ter a chance de falar sobre isso, “só” desabafar, mesmo que não exista a menor possibilidade de reverter a decisão, é muito poderoso. Acalma, organiza os pensamentos e acomoda os sentimentos. Experimente! Desejo boas conversas empáticas para vocês!
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