A única coisa complicada na palavra empreendedorismo é a sua pronúncia. O empreendedor é alguém simples, que dá vazão a impulsos naturais tais como ousar, arriscar, criar, transformar. É um jeito de ser que não exige erudição. É um potencial da espécie humana. Em algumas pessoas ele se mostra espontaneamente. Em outras fica adormecido.
Para se entender o conceito de empreendedorismo nada melhor do que recorrermos ao nosso dia a dia. É comum ouvir-se expressões do tipo: “O meu sonho é ser médico, ter filhos, ser feliz”. Nelas a palavra sonho descreve um forte desejo, a concepção do futuro desejado. Mostra a intenção de ser protagonista e autor da própria vida. Pois sonhar, conceber o futuro, representa a primeira metade do conceito de empreendedorismo. Vamos à segunda.
Somente sonhar significa quase nada. O indivíduo se mostra empreendedor quando age para transformar o seu sonho em realidade. Durante a busca e movido pela emoção, a pessoa liberta o empreendedor que existe dentro de si. Assim o conceito se completa: “o empreendedor é alguém que sonha e busca transformar o seu sonho em realidade”.
Ao agir o empreendedor cria, por tentativa e erro, dois saberes que vão dar rumo a sua vida: o futuro que deseja e os caminhos e estratégias que irá utilizar para transformá-lo em realidade. Esses dois saberes não estão nos livros e serão recriados durante toda a vida do empreendedor. Ele estará sempre diante do desafio de imaginar o novo e torná-lo real através de processos também inovadores.
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Caminhos traçados por outros não nos servem porque estão impregnados da subjetividade alheia. Ao criar esse conceito fiz uma descoberta surpreendente. Constatei que a pergunta “qual é o seu sonho” nunca é feita. Mães, pais, educadores jamais a formulam. Não confundir com outra pergunta, muito comum, que diz: “o que você quer ser quando crescer”. Mas essa não é uma boa pergunta, porque não se refere à criança, mas ao adulto que potencialmente ela representa.
Existem muitas razões para não se perguntar ao filho qual é o sonho dele. A mais óbvia é que sonhos não podem ser controlados e, por isso, são perigosos. Descoberta a pergunta que não era feita, passei a dirigi-la a diferentes platéias: crianças, adolescentes, jovens, executivos. As crianças, protegidas pela liberdade, respondem com facilidade. Adultos tropeçam e raramente admitem confessar os seus sonhos. Em muitos casos, nem para si mesmos. Mas todos agradecem a experiência.
Talvez você, caro leitor ou leitora, dedique os próximos 5 minutos a responder essa pergunta tão simples: qual é o seu sonho? Não perderá seu tempo. Se já a fez, é bom renová-la, porque sonhos mudam. Se está junto à maioria que nunca a fez, garanto que não vai se arrepender.
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