As férias das crianças acabaram e agora sou eu quem precisa descansar! 

A escritora Sheila Trindade fala da sua rotina, entre desafios para entreter os filhos no recesso e a retomada da vida escolar; "Quando serão minhas férias?", pergunta ela 

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Mãe apoia braços sobre mala de férias lotada
Período de recesso escolar é puxado para muitas mães
Buscador de educadores parentais
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A última semana de férias passou como um flash, eles disseram. Para mim, tudo isso parecia uma eternidade. Eu não sei vocês, mas em certa altura do campeonato, mensurava o quanto falida e enlouquecida estava. Em dezembro foi aquela loucura decorada com pisca-pisca que fica mais bonito e nem percebemos a cilada de janeiro, quando a conta do cartão de crédito dos presentes de Natal chega somada ao IPVA do carro e lista de material escolar das crianças. Confessa, vai. Todo mundo ficou um pouco louco.  

A programação no início das férias foi em cinemas e parques de diversão muito bem pagos para inverter os papeis: enlouquecer os filhos e dar paz aos pais. Agora no finalzinho, mesclado ao meu cansaço e escassos recursos financeiros, mudamos para praças e parques ecológicos. Expectativas são criadas e o que deveria ser um passeio feliz, facilmente fracassa. A primeira dica então é jamais criar expectativas.   

Dentre os vários filhos que tenho, sempre tem um que não gosta da programação. Não tem jeito. Sempre vai ter um mal-humorado. E obviamente, exatamente neste dia, terá um incrivelmente empolgado, orgulho dos coach motivacionais, do tipo “trabalhe enquanto eles herdam”. Obviamente sempre dá confusão. Enquanto um quer correr, brincar e quase nos matar de susto com medo dele se perder ou ser sequestrado, o outro senta no chão e basicamente reclama de tudo e come como se tivesse voltado de uma guerra.  

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A gente planeja, leva brinquedos, reza para a criança fazer um amigo e sair para brincar. Às vezes rezamos tanto que dá certo. A criança mais reclamona encontra um par e começam a brincar. Trocam telefones e juram ser amigas para sempre. Nunca mais se falam, nem se veem na vida. No meu telefone deve ter uns 15 contatos de mães de amigas que Luiza fez na praça. Na próxima ida, serão 16, eu sei. Mas eu vou reclamar? Não! Melhor do que a criança emburrada no canto, contrastando com o motivado. Se bem que é bom que equilibra, né?  

Mas férias de criança não quer dizer que você também está de férias. E como é que trabalha com todo mundo em casa? Este texto mesmo, se analisar direitinho, dá para notar ao menos três personalidades minhas escrevendo. A cada frase, paro para apartar uma briga, passar requeijão no pão do mais novo e negar o computador que eles insistentemente perguntam se podem usar, mesmo me vendo sentada em frente a ele trabalhando.  

Agora com a volta da rotina temos que adaptar criança ao horário certo de dormir, a não esquecer de fazer o dever de casa, ajudar na organização de tudo e valha-me Deus… encapar cadernos. Todo ano é a mesma coisa: a luta com o papel contact que insiste em ficar enrugado junto com minha testa tensa. Não tenho dinheiro para botox, nem para comprar outro caderno para encapar. Vai ficar enrugado assim mesmo.  

– Obrigada, mãe! Ficou lindo! – diz minha filha.  

E ela desfila pelo quarto orgulhosa com a mochila nova que andei a cidade toda para comprar mais barata. É fofo de ver. Mas sério, quando serão minhas férias? 

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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Sheila Trindade
Sheila Trindade é escritora e fundadora do Blog Uai Mãe. Mãe de quatro filhos, um monte de histórias para contar cheias de aventuras, dúvidas e receios. De forma autêntica e com bastante humor, quer provar que a maternidade pode ser divertida quando a gente se permite rir dos próprios erros.

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