O uso recorrente de videogame pode elevar o risco de perda auditiva  

Os jogadores costumam se expor durante muito tempo ao som excessivo com o fone de ouvido; estudo dos EUA mostra que é preciso conscientizar os jovens sobre os riscos 

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Menino joga videogame com fone de ouvido
Quando jogam com frequência, os jovens se acostumam com o som alto e passam a crer que aquela intensidade é normal
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Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein – Jogar videogame pode aumentar o risco de perda auditiva ou desenvolver zumbido, já que as pessoas costumam passar muitas horas expostas a sons acima do que é recomendado, mostra uma nova revisão de estudos conduzida por cientistas da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, e da Organização Mundial da Saúde (OMS).  

A exposição sonora prolongada, ou mesmo única, a sons de alta intensidade pode causar lesões nas células ciliadas da orelha interna e danificar o sistema auditivo a longo prazo, causando zumbido, excesso de sensibilidade e até dificuldade de compreensão.   

“As células da orelha interna que sofrem com o ruído elevado são neurônios. Elas podem ter um tempo de recuperação, mas, quando se estimula o ouvido com sons muito intensos, uma parte deles pode morrer e, aos poucos, o indivíduo vai perdendo aquela população de neurônios, que é finita”, explica Pedro Magliarelli, otorrinolaringologista do Hospital Israelita Albert Einstein. “Aqueles que morrem não se regeneram e, por isso, a lesão auditiva é irreversível.”   

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Os jovens têm maior reserva de neurônios e, por isso, levam mais tempo para perceber os efeitos lesivos do ruído. Segundo Magliarelli, o problema é que, quando submetemos o ouvido a um som intenso, no início sentimos desconforto, mas aos poucos vamos nos acostumando e perdemos o parâmetro, dando a impressão de que o som não está tão elevado assim. “Os efeitos são cumulativos e serão notados muitos anos depois”, explica o médico.  

Segundo os autores do estudo, há pouca informação sobre o impacto dos games na saúde auditiva. Para isso, eles fizeram uma grande revisão de estudos, reunindo artigos que totalizaram mais de 55 mil pessoas. Os dados mostraram que os usuários costumam jogar, em média, três horas semanais com o volume quase no limite ou excedendo a exposição segura.  

“O resultado é altamente relevante e o foco desse trabalho traz uma nova perspectiva de exposição prejudicial, que é pouco explorada e conhecida e, por isso, subestimada”, diz o especialista.   

O uso do videogame durante longos períodos com um volume elevado pode ser um fator de risco modificável para prevenir a perda auditiva e, segundo os autores, é preciso priorizar as iniciativas de educação e conscientização nesse sentido.   

Além disso, conforme o estudo, pode haver muitos casos de perda auditiva oculta, ou seja, que pode não ser detectada na audiometria (o exame que faz a avaliação da capacidade de audição).   

“É difícil pensar que seu filho adolescente, em silêncio no quarto, pode estar ouvindo o som de um jogo em níveis elevados. Se considerarmos que uma pessoa joga pelo menos uma hora ou mais por dia usando fones de ouvido, é de esperar que o som esteja lesionando as células. Com o tempo, os sintomas podem aparecer”, explica o médico.  

Qual o volume seguro?  

Segundo a OMS, sons acima de 75 decibéis podem provocar danos se houver uma exposição prolongada e rotineira. Para níveis de 85 dB, o limite são oito horas diárias. Esse valor equivale a entre 60 e 70% da capacidade dos fones de ouvido em geral – o volume máximo da maioria desses equipamentos fica em torno de 105 a 110 dB. Muitos aparelhos permitem ajustar para níveis seguros.  

Para cada aumento de 3 dB, o limite cai pela metade. Assim, o tempo máximo diário de exposição a 100 dB é de apenas 15 minutos.  Ao usar uma fonte aberta, como alto-falante, o som se dissipa pelo ambiente e a intensidade nem sempre é a mesma, dependendo das condições e da distância.   Sons acima de 120 dB, como a turbina de um avião, causam dor no ouvido e são altamente lesivos.  

Infográfico sobre diferentes ruídos

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