Acredito que todos nós, algum dia na vida, já assistimos a um filme catastrófico.
Uma onda gigante que inunda a cidade, um fenômeno de esfriamento global que congela uma metrópole, uma doença contagiosa que devasta um país, um novo vírus que se espalha pelo mundo.
Diante de tudo que estamos vivendo nos últimos meses, um pensamento não sai da minha cabeça: bem vinda ao filme da vida real.
O que temos vivido se parece com o que já assistimos nas telas. Mas independentemente do enredo, todas essas histórias, tem algo em comum: o modo sobrevivência!
E é sobre isso que quero conversar com você hoje.
O modo sobrevivência está longe do nosso modo de ser. Ele não segue as mesmas regras, não tem as mesmas prioridades, os dias nunca têm 24 horas, nosso cérebro gasta mais energia que o normal e as nossas emoções ficam ampliadas.
No modo sobrevivência, não sabemos para onde ir, o que fazer, se corremos ou se ficamos parados, é difícil tomar decisões, definir prioridades.
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A cena é mais ou menos assim: Uma mãe com uma blusa social, uma calça de moletom, meias e chinelos, participa de uma reunião por vídeo com o chefe. Um filho grita lá do banheiro: Manhêêê acabei!! O outro pede comida pela vigésima vez, e ainda não são 10 horas da manhã. O cheiro de feijão queimado devido a sua ingênua ideia (vou colocar para cozinhar agora e já adiantar o almoço), toma conta de toda casa. Uma olhadinha para o relógio e você percebe que faltam 5 minutos para a aula online do caçula. Enquanto balança a cabeça e concorda com o chefe, embora não saiba mais o que ele está falando, discretamente manda mensagem para o marido no quarto ao lado, também em home office, perguntando se a reunião dele já está acabando.
Resumindo: no modo sobrevivência, nosso maior desejo é que isso passe logo e que todos estejam vivos no final.
Se você se sentiu assim em algum momento dessa quarentena escute bem o que vou te dizer: no modo sobrevivência só precisamos fazer o suficiente, o básico, o essencial!
Isso significa, que existem coisas que não vão ser feitas, algumas que vão ser parcialmente feitas e outras que vão ser feitas de um jeito completamente diferente de antes e está tudo bem!
Algumas vezes no modo sobrevivência ficamos tão perdidos que começamos a olhar como os outros fazem para sobreviver e ativamos um modo perigoso de funcionar: a comparação!
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E aí, você se sente mal pois seus filhos assistem mais TV que os filhos do vizinho, ou todo dia o jantar é macarrão, ou pizza, enquanto as mães dos grupos da escola das crianças, vivem postando fotos das receitas maravilhosas que elas aprenderam no Instagram de algum chef famoso.
Você pode se sentir mal pois não consegue desempenhar os seus papéis de mãe, esposa, profissional, filha, irmã, amiga, da mesma maneira que antes, nem da maneira que os outros tem feito.
Respire! Está tudo bem. Pare de olhar para fora e olhe para dentro. O que é essencial para você e sua família nesse momento? O que faz a sua casa funcionar melhor? O que é possível hoje? Vocês, mais que qualquer outra pessoa, sabem do que dão contam e do que precisam nesse momento para ficarem bem.
Não é justo sermos cruéis ou críticos com nós mesmos, principalmente quando estamos apenas tentando sobreviver e ser feliz no nosso filme da vida real.
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Gostei do texto. Muito real! Vou usar “pedaços” com os estudantes que atendo.