Livros para provocar transformações na alimentação a partir das crianças

Projeto Poliniza Buzz aposta na formação das crianças, por meio de obras lúdicas, para mudar hábitos e sistemas alimentares; em live do projeto, chefs Bela Gil e Ariela Doctors falaram da importância de produzir conteúdo sobre comida de verdade para o público infantil

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Bela Gil durante live do projeto Poliniza Buzz
Bela Gil durante live do projeto Poliniza Buzz
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Crianças tendem a seguir o exemplo dos pais nas atitudes e hábitos de vida, mas também podem promover comportamentos transformadores quando entendem que os mesmos são necessários, por exemplo, em relação à alimentação. Diante do consumo cada vez maior de doces e alimentos ultraprocessados, por todas as idades, ensinar aos pequenos a importância de uma alimentação saudável e tudo que isso envolve, pode ser a saída para uma mudança radical em todo o sistema alimentar, da produção à distribuição e consumo de alimentos, bem como suas mais diversas relações. Essa é a aposta do projeto Poliniza Buzz, um laboratório de histórias de comida, do Instituto Comida do Amanhã, que a partir de relatos reais inspiradores irá produzir três livros infantis, a serem disponibilizados gratuitamente de forma digital para as crianças. Quanto mais crianças lerem as histórias, maior o “enxame” que irá espalhar o “pólen” ou os conhecimentos adquiridos nos livros pelo mundo – e assim gerar impactos positivos à saúde de todos e ao planeta.

“A gente vê as crianças transformando as famílias. Uma criança que aprende na escola que talvez o que os pais aprenderam não é o mais correto, sustentável, traz isso para casa e acaba transformando a família”, afirmou a chef de cozinha e apresentadora de TV, Bela Gil, durante live do projeto que falou da importância de produzir conteúdo sobre comida de verdade para o público infantil. Como exemplo de aprendizados que as crianças trazem para casa, Bela Gil citou a substituição de alimentos por outros mais saudáveis – como do arroz integral em vez do arroz branco, ou do leite de castanha ou de coco fresco em vez do engarrafado, que tem conservantes. A partir de iniciativas das crianças como essas, “as famílias acabam se abrindo e buscando trazer isso à rotina, é um ponto positivo”, disse a chef. 

A educadora e chef de cozinha Ariela Doctors, que também participou da live, ressaltou que há poucos livros infantis com essa temática, podendo o projeto trazer uma importante contribuição nesse sentido. “Enquanto professora, pesquisei bastante sobre livros de alimentação para criança e percebi que as pessoas não têm tanto conhecimento sobre o assunto, mesmo adultos precisam se aprofundar para escrever sobre isso, e escrever com poesia”, afirmou Ariela. Ela disse que há, no máximo, manuais ou livros técnicos para ensinar a cozinhar ou, ainda “coisas muito bobocas”, que não interessam às crianças. “Falta fantasia trazendo a realidade dos sistemas alimentares, falta história, falta gente pra contar e falta o Instituto Comida e Cultura nas escolas”, disse Ariela, referindo-se ao instituto que coordena com Bela Gil e outras mulheres, com foco em um trabalho educativo de reconexão da criança com o alimento.

As temáticas dos livros

O projeto tem como missão fazer com que todas as crianças tenham acesso a pelo menos um livro sobre transformação dos sistemas alimentares brasileiros, antes de completarem 8 anos de idade. Inicialmente, serão produzidos três títulos destinados a crianças de 6 e 7 anos que, de forma lúdica, abordarão os seguintes temas relacionados aos sistemas alimentares: acessíveis e saudáveis a todos; biodiversos e amigos do clima; resilientes e justos. Para tanto, foi feita uma seleção de histórias ligadas a esses tópicos, que foram enviadas voluntariamente por pessoas de todo o Brasil. Os relatos podiam abordar desde uma ida à feira que virou uma lição de vida, a um bairro que cuida de uma horta, ou até aquela professora que mudou a merenda da escola, segundo explicado na proposta do projeto. 

Por que crianças de 6 e 7 anos de idade

De acordo com a iniciativa, crianças são agentes transformadores dos hábitos das famílias e de suas comunidades e, por meio delas, é possível chegar a outros grupos e territórios com narrativas transformadoras. A escolha dessa faixa etária se baseou no fato de que crianças nessas idades são capazes de estabelecer relações lógicas e coordenar pensamentos de forma coerente. Dessa forma, os aprendizados incorporados neste período fundamentam a formação do pensamento crítico de toda uma nova geração. 

Saiba mais sobre o Poliniza Buzz aqui.


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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. É mãe do Martim, 9 anos, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.

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