Vai querer os livros do projeto ‘Leia para uma criança’? Veja como pedir

O escritor e colunista da Canguru News, Tino Freitas, teve uma de suas obras escolhidas para o projeto, o que para ele 'representa uma alegria selvagem'

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Leia para uma criança: distribuição dos livros começa no dia 1 de outubro; imagem mostra senhor de cabelo branco sentado na grama lendo um livro para uma criança que está em pé e o abraça pelas costas
Esse “exercício” afetivo da leitura pode ser feito entre pais e filhos, irmãos, namorados, neto e avô, diz Tino
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A partir desta quinta-feira, 1 de outubro, é possível pedir gratuitamente pelo site do Itaú os livros físicos que fazem parte do projeto “Leia para uma Criança”, que visa incentivar a leitura para crianças em todo o país. Os escolhidos deste anos são: “A visita”, da autora e ilustradora Antje Damm, e “Com que roupa irei para a festa do rei?“, do autor e colunista da Canguru News, Tino Freitas, e da ilustradora Ionit Zilberman.

Os livros são selecionados por meio de um edital público e as obras passam pela curadoria de especialistas em literatura infantil, organizações da sociedade civil, secretarias de educação, cultura e assistência social, além de voluntários do Itaú Unibanco, adultos e crianças de diversas regiões do país.

Este ano, o projeto “Leia para uma Criança” comemora 10 anos desde sua criação, e a expectativa é que sejam distribuídos 3,6 milhões de exemplares. Desde 2010, já foram entregues mais de 57 milhões de livros físicos gratuitamente, ajudando a difundir 26 títulos infantis. Além de promover a leitura, a iniciativa, apoiada pelo Itaú Unibanco, busca reforçar a importância dessa atividade não só para a alfabetização, mas para a construção de vínculos e o desenvolvimento integral dos pequenos.

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Obras disponíveis para leitura online

Além dos livros físicos, no site do projeto é possível acessar e ler com as crianças diversas obras em formato digital. A página já conta com 15 títulos, entre os quais, “O menino e o foguete”, de Marcelo Rubens Paiva, e “O cabelo da menina”, escrito por Fernanda Takai. A partir de 1 de outubro, estarão disponíveis mais dois títulos digitais que foram inspirados a partir de textos de alunos vencedores da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro: “Da janela de Minas”, de Nicole Rodrigues e Florentino, e “O apanhador da acalantos“, de Beatriz Pereira Rodrigues.

“A iniciativa, vencedora do Prêmio Jabuti em 2019, é mais do que distribuir livros. Ao longo desses anos, mostramos o quanto é importante a leitura de um adulto para uma criança, estimulando a participação da família na educação de seus filhos desde os primeiros anos”, destaca a superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann.

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Lives para crianças todos os sábados de outubro

A partir de 10 de outubro, todos os sábados do mês da criança, haverá uma sessão de leitura de um dos livros digitais da coleção. Para a mediação da leitura, foram convidados profissionais de saúde, artistas e especialistas de outros ramos. Os dois primeiros já confirmados são o médico e escritor Drauzio Varella, que abre a sequência de lives no dia 10, com a leitura de “Superprotetores” e a cantora Gaby Amarantos, que fará a leitura de “A flor que chegou primeiro”, no dia 17 de outubro.
Mais informações no perfil do projeto no Instagram.

Como pedir os livros infantis

Qualquer pessoa pode pedir os 2 livros de 2020 pelo site www.euleioparaumacrianca.com.br
As obras contam com versões acessíveis em braile e com fonte expandida.
Outros livros também podem ser solicitados pelo WhatsApp (11 98151-1078) para leitura em formato “pdf”.

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A leitura é uma ferramenta imprescindível para se viver respeitando a democracia‘, diz Tino Freitas

Para o escritor, jornalista e contador de histórias, Tino Freitas, ter uma de suas obras eleita nesse projeto “representa uma alegria selvagem, pelo reconhecimento da qualidade literária do livro e pelo mesmo ter passado por várias etapas de seleção e diferentes leitores críticos”. Na entrevista abaixo, ele fala sobre a seleção de seu livro, de onde surgiu a inspiração para a criação da história – que fala de reis, animais e uma festa, e comenta ainda a respeito da importância da leitura no país. Confira!

1. Como você recebeu a notícia de ter o livro “Com que roupa irei para a festa do rei?” entre os escolhidos do projeto “Leia para uma criança”, em 2020? O que essa seleção representa para você?

Representa uma alegria selvagem. Explico: a seleção do Leia Para Uma Criança é reconhecida como uma das mais sérias do Brasil. São várias etapas de seleção, passando por diferentes leitores críticos em cada uma. Então, ao receber a notícia, duas ideias despertaram a alegria que ainda festeja em meu peito: mais um reconhecimento da qualidade literária desse livro e a ampla, gratuita e democrática distribuição do kit com os livros selecionados por todo o Brasil.

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2. Quais são suas expectativas em relação à distribuição dos livros por todo o Brasil?

O livro ainda é um bem que, embora essencial para nossa saúde mental, não é acessível para uma parte importante dos brasileiros. O Leia para uma criança oferece a oportunidade, para muitos, de formar uma pequena biblioteca em sua casa. E isso também é transformador. Além dessa possibilidade, há o incentivo direto, já no nome do projeto, que um adulto leia para uma criança. E isso amplifica os afetos, o que há de mais humano em nós: perpetuarmos nossa essência a partir de histórias. Minha expectativa é que tudo isso – que percebi acontecer nas outras edições do projeto – tenha êxito novamente esse ano.

3. No livro, você aborda a questão dos reis e a importância que eles simbolizam, mostrando de forma sutil e divertida que a importância é algo relativo. É isso mesmo? Por que você quis falar sobre isso na obra?

A ideia surgiu num passeio pelo centro de Fortaleza, onde percebi algumas lojas cujo nome remetiam a algo como O Rei dos Parafusos, O Rei das Panelas, etc… Pensei: – Como tem rei no mundo! E a isso seguiu outro pensamento: – Muita gente deseja ser rei! Pensei que uma festa repleta de personagens que seriam reis por um momento caberia bem no olhar curioso do leitor-criança. Ao mesmo tempo, temos uma personagem que está sempre com um livro na mão, é mais inteligente (fica a dica) pois descobre a charada da festa e ganha o prêmio. Ser rei, no livro, é uma grande brincadeira. Algo do tipo: se você fantasiar (desde o vestir uma fantasia, ou o imaginar, fantasiar com a mente), pode ser o que você quiser. E é tão bom dizer: escolha! Seja feliz. Ao final, embora haja um vencedor, todos se divertem.

4. Que mensagem o livro busca passar às crianças por meio de seus personagens – reis e animais?

Ler também pode ser uma grande e divertida brincadeira. Essa é a mensagem. Se os leitores perceberem isso, ganhamos todos.

5. Revelaria aqui para nós com que roupas os convidados do livro foram à festa?

O que posso revelar é que todos os súditos foram à festa a fantasia do Rei vestidos com o manto invisível da felicidade. 

6. Qual a importância de estimular a leitura nas crianças?

Esse “exercício” afetivo de ler com o outro, amplifica tantos sentidos. Pode ser feito entre pais e filhos, claro. Mas também pode ser feito entre irmãos, entre namorados, do neto para o avô. É uma ação que vai além dos caminhos traçados nas linhas da história contida no livro. É semente do homem. Com o tempo, esse leitor que inicialmente se reconhece aqui e ali na trama do livro, amplifica o seu olhar e passa a perceber também o outro. O que era “eu” passa a ser “nós”. E assim seguimos com teimosia e esperança acreditando que a leitura é uma ferramenta imprescindível para se viver respeitando a democracia. É nisso que acredito.

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Saiba mais sobre os livros distribuídos em 2020

A visita
No delicado livro da autora e ilustradora alemã Antje Damm, somos convidados a participar de alguns momentos do dia a dia de uma mulher chamada Elise, acompanhando as transformações que ocorrem em sua vida a partir da chegada de uma curiosa visita.

Com que roupa irei para a festa do rei?
Neste livro finalista do prêmio Jabuti, o autor Tino Freitas e a ilustradora Ionit Zilberman fazem referência a uma das mais famosas histórias de Hans Christian Andersen, um dos grandes escritores da literatura infantil mundial. Com um texto rimado e ilustrações
bem-humoradas, os autores criaram um livro repleto de detalhes que convidam à participação das crianças.

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