Recentemente cenas de ações de grupos extremistas chocaram o país, a invasão do Planalto Central e do poder público em Brasília foi o maior ataque à democracia desde a época da ditadura.
As cenas são tão “extremas” e “surreais” de se ver que o meu lado profissional falou mais alto e fui investigar o que leva uma pessoa a se tornar assim tão extremista, a ponto de se deslocar do seu lar para defender uma causa.
O resultado da investigação me assustou um pouco, me revelou que a origem dos comportamentos extremistas está presente no nosso cotidiano e nem percebemos, pois já se tornou algo comum dentro da nossa sociedade e o pior é que afeta os adultos e principalmente as crianças, vou explicar melhor.
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A primeira coisa é entender o que é extremismo.
Segundo o Wikipédia, o extremismo está frequentemente associado ao dogmatismo e ao fanatismo, é a tentativas de imposição de estilos e modos de vida, bem como à negação radical de valores vigentes. O extremismo, unido ao unilateralismo, resulta em total fechamento ao diálogo e à negociação.
Ou seja, o extremismo é a imposição “forçada“ de uma pessoa ou um grupo de pessoas a algo que elas acreditam, sobre outras pessoas.
Este foi um ponto bem interessante que me deparei na minha investigação, pela explicação do Wikipédia parece que o extremismo é algo muito pontual, ou melhor dizendo, algo que não vemos com tanta frequência, tanto é que as ações extremistas que vimos em Brasília nunca havíamos presenciado algo parecido.
Mas como um bom investigador, eu não fiquei 100% satisfeito e fui investigar mais a fundo.
Quando sublinhei a palavra forçada no resumo da explicação é porque essa “forçada” pode ser de várias formas diferentes, algumas bem explícitas e outras que nem percebemos e involuntariamente até replicamos.
Um exemplo bom sobre a forma explícita é o caso recente de um pai que bateu na filha em uma praia de Salvador.
A ação do homem é uma ação extremista, pois em outro vídeo ele explica o por que bateu e alega que estava “educando” a filha.
Apesar de admitir que errou publicamente, ele ainda “acredita” que o que fez era para educar as filhas, ou seja, esse homem tem a crença de que apesar de saber que é errado bater nas filhas, o bater é importante para a educação das crianças.
Esse é um exemplo que ficou muito marcado, pois esteve em vários canais de comunicação, mas e os casos extremistas que envolvem crianças que não são noticiados?
Um exemplo bem próximo a todos nós são as escolas infantis, a maioria das escolas infantis “acredita” que as crianças pequenas devem ficar sozinhas (sem os pais) nos primeiros dias para a adaptação, isso até já virou diretriz de algumas escolas, porém como educador parental sei que isso é uma construção entre escolas e sociedade, algumas professoras e psicopedagogas da rede pública que são minhas amigas concordam que deixar a criança sozinha no período de adaptação pode causar uma série de traumas, mas uma grande porcentagem de profissionais da educação “acreditam” que as crianças se adaptam melhor nas escolas se elas ficarem sozinhas, tanto que são treinadas para esses momentos.
Esses são exemplos de um extremismo explícito, porém vivemos em uma sociedade com vários pontos extremistas que replicamos sem perceber e o pior é quando esses pontos extremistas são misturados com um outro grande problema da sociedade, o machismo estrutural.
Alguns exemplos de situações extremistas que engolimos a força e nem percebemos:
- Brinquedo para menina e brinquedos para menino.
- Desenhos de princesa para meninas e desenhos de luta para meninos.
- A variação infinita de vestimenta para meninas (com milhares de acessórios) e uma limitação de vestimenta para meninos.
- Trocadores de fraldas somente em banheiros femininos.
Poderia ficar horas fazendo uma lista de todos esses desvios extremistas inconscientes que vivemos, mas na minha investigação faltou um ponto a ser comentado, e que acredito ser o mais problemático dentro da nossa sociedade.
Nos atos extremistas acontecidos em Brasília, claramente as pessoas buscavam suprir necessidades não atendidas extremamente deturpadas, o que me deixa com um pouco de preocupação é que quanto maior a necessidade não atendida maior o aumento da violência, e pensando que o novo governo ganhou as eleições com uma margem muito pequena de votos, existe uma grande parte da população que está com uma necessidade não atendida ainda muito latente.
Atitudes extremistas existem e elas já fazem parte da nossa sociedade “coisas que engolimos à força”, porém essas atitudes ainda podem ser questionadas, e talvez se transformar em um diálogo, mas quando vai para o caminho da violência não existe um lado vencedor, todos perdemos.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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