Socorro, meu filho não para de comer nessa quarentena!

Ganho de peso das crianças durante período de isolamento social preocupa pais e especialistas, que alertam sobre os prejuízos à saúde que isso pode causar

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O ganho de peso tem sido observado em crianças durante a quarentena. A falta de atividade física e a tendência a comer mais, como esta criança da foto que come sorridente, prejudicam a saúde dos pequenos.
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Um doce depois do almoço, um lanche no meio da tarde, uma beliscada antes do jantar – todo mundo sabe que isso pode contribuir para o ganho de peso. Mas, se para os adultos é difícil se controlar com as guloseimas em casa, para as crianças – em quarentena – pode ser ainda pior. E além de comer mais, a garotada também está se exercitando menos, visto que ninguém, até então, tinha o hábito de praticar exercícios dentro da residência. Para completar, há ainda o excesso de tempo dedicado às telas, seja para estudos, seja para diversão. Resultado: tem muita criança engordando neste período de isolamento social. 

É o caso de Antonio Andrade Machado Almeida, 9 anos. Sua mãe, Clarice de Melo Andrade, diz que tem observado o ganho de peso do filho neste período de confinamento. “A rotina escolar ajudava muito na questão alimentar, pois mandávamos lanche de casa sempre com comidas saudáveis, mas agora que estamos 100% do tempo confinados, ele tem comido mais e de tudo”, conta Clarice que é produtora e coordenadora de conteúdo do Centro Cultural Cais do Sertão, em Recife. Ela diz que ela e o marido consomem frutas, verduras, legumes, feijões e grãos integrais e evita comprar biscoitos recheados e refeições prontas e congeladas justamente para ajudar o filho e a irmã mais velha a seguirem uma alimentação equilibrada. “Mas creio que a diminuição do gasto de energia contribuiu para o aumento de peso e até mesmo na vontade de comer. Nós adultos, tentamos nos controlar, mas é duro restringir a vida de uma criança que já está com tantas restrições neste momento. Essa é a dificuldade maior”, acredita ela.

Coordenadora da Pediatria no Hospital Leforte, em São Paulo, a médica Talita Rizzini diz que a queixa sobre ganho de peso das crianças nessa quarentena anda cada vez mais frequente entre os pais. “A gente fala para os pais aproveitarem o tempo com as crianças, levarem eles pra cozinha, para ajudar, mas não dá para fazer bolo todo dia”, ressalta a médica.

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Ganho de peso pode trazer prejuízos à saúde física e mental

Diversos estudos mostram que as crianças tendem a ter ganho de peso nas férias, quando acabam saindo da rotina, comendo mais doces e se alimentando pior. Embora não estejamos em período de recesso escolar, a situação atípica é desafiadora para os pequenos e manter hábitos saudáveis pode ser algo não tão simples assim. Ainda mais se levarmos em conta que muitos pais, diante dos inúmeros afazeres domésticos e de trabalho, acabam optando por comidas prontas e ultraprocessadas que costumam ser mais calóricas.

“A garotada, na maioria das vezes, passa boa parte do tempo presa às telas, não se movimenta e não brinca. E isso pode trazer consequências sérias para a saúde física e mental delas”, afirma André Luis Messias, professor de educação física e mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) chegou a publicar um documento sobre obesidade em crianças e adolescentes em tempo de pandemia do novo coronavírus. O relatório alerta para os impactos negativos da quarentena nas crianças obesas, entre os quais, uma maior predisposição ao sedentarismo, devido ao distanciamento social e proibição de frequentar academias, parques e áreas de lazer; e o aumento no consumo de alimentos enlatados (ricos em sódio) e processados (maior validade), ao invés do consumo de alimentos frescos.

Segundo a SBP, o confinamento também pode agravar questões emocionais. “A obesidade se associa a maior risco de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes, logo, estas merecem observação especial de seu comportamento e humor por parte dos familiares”, afirma o documento “Obesidade em crianças e adolescentes e Covid-19”.

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O que as crianças podem fazer em casa para se exercitar

Para o professor de educação física, neste período, é importante que as crianças brinquem, joguem e se movimentem dentro de sua residência. “Há diversas brincadeiras possíveis, algumas bem simples, como piques, amarelinhas, pular corda, cabo de guerra e até mesmo dançar. Todas podem ser feitas dentro de casa, basta querer”, diz ele.

Além disso, ele destaca a importância da prática regular de atividades físicas. “O melhor exercício é aquele que pode ser feito regularmente. O dia possui 1.440 minutos e a OMS sugere que as crianças façam 60 minutos de exercício físico todos os dias”, destaca Messias. Entre os benefícios, o professor lista a diminuição da gordura corporal, redução da pressão arterial, fortalecimento ósseo e muscular, controle da ansiedade e menor concentração de triglicerídeos e colesterol.

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O professor recorda que a saúde do adulto depende do estilo de vida que ele teve quando jovem. “Durante a quarentena, as famílias estão tendo a oportunidade de estarem mais próximas de seus filhos. Por isso, é importante limitar o tempo diante dos celulares, computadores e televisores. É uma tarefa difícil, porém é extremamente necessária e urgente”, alerta André Luís. Veja a seguir algumas dicas dos especialistas fazer para ajudar as crianças a manterem hábitos saudáveis e assim evitar o ganho de peso em quarentena.

  • Defina os horários das refeições e dos lanches e não permita que as crianças comam em frente às telas.
  • Estabeleça um horário para as atividades de estudo, que pode ser inclusive o mesmo realizado na escola.
  • Envolva as crianças nas tarefas domésticas, de acordo com a idade. Pôr a mesa do almoço, retirar os pratos, organizar os brinquedos, guardar a roupa do varal são algumas ações que crianças já a partir dos 4, 5 e 6 anos conseguem realizar.
  • Incentive a criança a fazer brincadeiras como amarelinha, pular corda, cabo de guerra e mesmo dançar.

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