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Educador parental para quê?
Eu passei minha vida materna inteira pensando que maternidade era intuição, que tudo se resolve simplesmente com uma força misteriosa que, de dentro de mim, me guia. Aquele sexto sentido maroto em que colocamos a culpa em toda decisão louca que fazemos. É o que nos ensinam o saber popular e os livros românticos de maternidade.
Mas, o que mais ouvi nos três dias do 3° Congresso Internacional de Educação Parental, foi a ideia, reforçada em várias palestras, que para tudo que conduzimos, seja uma profissão ou um carro, precisamos de treinamento. Aprender metodologias que nos guiam as escolhas. Mas por que não a maternidade? Me diz aí, de mãe para mãe, você realmente sabe tudo o que está fazendo?
Eu não.
Lembro-me de assistir aos sábados ao Supernanny, no SBT, ensinando como fazer uma criança obedecer e se tornar enfim o filho perfeito. Depois de me tornar mãe, seguia boa parte dos “ensinamentos” pensando que resolveria qualquer atrito com um banquinho no canto da sala, destinado à reflexão da criança diante de algum comportamento considerado inapropriado. Eu sei, ridículo.
Por favor, entenda meu lado, sou da geração criada para obedecer sem questionar. E até hoje, essa autoridade que temos em relação aos filhos, é colocada à prova nos almoços de família. Certa vez, para provar que sou boa mãe, contei até três para meu filho obedecer. Um tio veio até mim e disse “meu filho já responde no 2”. Pronto, virou competição! E assim é difundida a ideia que temos sempre que exigir obediência, comumente confundida com respeito.
No congresso, a psicopedagoga Isa Minatel com maestria de quem mereceria um Oscar, exemplificou dois perfis comuns de crianças no “cantinho do pensamento”, a criança triste e a brava. A criança triste é aquela que quando colocada no cantinho do pensamento pensa que é uma pessoa ruim, que faz tudo errado, que nem deveria ter nascido. Já a brava, tem raiva, grita coisas do tipo “te odeio”, “não quero mais ser seu amigo”, “queria ter outra mamãe”. Repare bem, ninguém pensou em nada de errado que tenha feito. Só sentimentos ruins aflorados.
Nossa expectativa, porém, é que o filho sente no cantinho e através de muita reflexão e análise profunda de suas atitudes em sua vasta experiência de vida (contém ironia), pense no mal que fez. Como diria o grande pensador contemporâneo Compadre Washington, “sabe de nada, inocente!”.
Percebi ali que criar filhos não é algo natural, não deveria ser visto como uma função solitária e que diz respeito somente a mim, como mãe. Filhos são para o mundo. E é preciso sim, buscar conhecimento para criar filhos de forma respeitosa, para que cresçam e se tornem adultos saudáveis. Em certo momento, pensei que estava tudo perdido, que havia, permanentemente estragado meus filhos. Nossa expectativa é jamais errar.
Aí então veio a revelação bombástica: Maternidade é REconexão!
Procurem informação, peçam pelo acompanhamento de algum educador parental nas escolas ou fora delas, pois são parte importante no processo de criação dos filhos. Eles nos ajudam a entender melhor cada fase, dando estratégias que nortearão o cuidado, porque, de fato, desenvolvendo os pais fortalecemos os filhos.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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Sheila Trindade
Sheila Trindade é escritora e fundadora do Blog Uai Mãe. Mãe de quatro filhos, um monte de histórias para contar cheias de aventuras, dúvidas e receios. De forma autêntica e com bastante humor, quer provar que a maternidade pode ser divertida quando a gente se permite rir dos próprios erros.
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