Crianças pequenas apresentam mudanças de comportamento durante pandemia

Pais relatam que filhos estão mais dependentes, tiveram alterações de sono e apetite e até mesmo regressão de comportamento

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Imagem de menina desenhando e olhando pela janela pensativa, em ilustração à matéria sobre mudanças de comportamento das crianças durante a pandemia.
Crianças estão mais impacientes, irritadiças e dependentes dos pais, pedindo atenção e colo a todo momento
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Faz cerca de quatro meses que os brasileiros estão em quarentena por causa do novo coronavírus. A pandemia alterou drasticamente as rotinas das famílias e pais de crianças menores de seis anos relatam que, como consequência, os filhos têm apresentado mudanças de comportamento e até mesmo atrasos em seu desenvolvimento. Os pequenos estão muito mais apegados aos pais e passam por alterações de humor, sono e apetite, atrasos na fala e no desfralde, impaciência e irritação com as aulas online e até mesmo regressão de comportamento para suas faixas etárias

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, especialistas afirmam que a restrição do convívio social provoca uma ruptura da rotina, que é um fator essencial no desenvolvimento da primeira infância. O estresse decorrente dessa ruptura causa as alterações de comportamento. Crianças que frequentam a escola sentem falta dos colegas e até mesmo as crianças que ainda não estão matriculadas em nenhuma instituição sentem falta da família – avós, tios, primos – e de ter contato com outras pessoas de fora de casa. 

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Entre os casos de crianças que estão apresentando mudanças de comportamento durante a pandemia está Santiago, de apenas um ano e quatro meses. Em entrevista ao jornal, os pais do pequeno contam que ele estava começando a falar as primeiras palavras, o que parou de acontecer durante a quarentena. Eles também relataram que o filho tem observado o mundo da sacada do apartamento onde moram. Depois de três meses de quarentena total, os pais levaram Santiago para dar uma volta no quarteirão e ficaram impressionados com a reação dele ao ver outra criança e um cachorro. “Ele descobriu que eles existem fora de uma tela”, contou a mãe, a psicóloga Aluene Silva.

Outro caso citado pela reportagem da Folha é o da Lia, de 2 anos: ela passava dez horas de seus dias na escola antes da pandemia e tinha iniciado o desfralde um mês antes de as aulas serem suspensas. A mãe, Júlia Miranda, relata que, sem aulas, a pequena parou de pedir para ir ao banheiro e começou a ter que ser trocada até oito vezes por dia. A família conseguiu completar o desfralde depois de algumas semanas, mas Lia parou de acompanhar as aulas online porque ficava muito impaciente, está muito mais dependente e irritadiça, pede atenção o tempo todo e não brinca sozinha. 

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A psicanalista e psicóloga escolar Paula Albano falou à Folha que o desenvolvimento das crianças, principalmente até os cinco anos, está ligado à experimentação, que foi limitada com a imposição da quarentena. Sem novas experiências, as crianças recorrência comportamentos anteriores que já tinham abandonado. “É uma situação comparável a guerras, desastres naturais. Para a criança, é ainda mais difícil, por isso, ela busca situações em que se sente mais segura, quer mais atenção dos pais, mais colo, chora mais”, afirmou a especialista. 

Comportamentos regredidos são a forma de crianças lidarem com a ansiedade e o estresse, segundo Maria Beatriz, professora do Departamento de Neurociências da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). À Folha, ela declarou ser necessário ter tolerância com esses comportamentos, mas estar atento se houver mudanças muito abruptas ou que duram muito tempo. “Por exemplo, se ela não consegue dormir ou comer. Nesses casos, é importante procurar ajuda”, disse. 

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