Um novo estudo reforçou o que já se sabia: as redes sociais fazem cada vez mais parte do dia a dia dos adolescentes. Segundo o relatório “Adolescentes, Mídias Sociais e Tecnologia 2023”, realizado pelo Pew Reasearch Center, o uso das mídias sociais é “quase constante” em 1 a cada 5 jovens de 13 a 17 anos dos Estados Unidos. Mas, você sabe quais plataformas eles estão usando? De acordo com o levantamento, o YouTube, pelo segundo ano consecutivo, superou o TikTok como a rede mais usada pelos 1.453 entrevistados entre setembro e outubro deste ano. No relatório, 93% dos adolescentes disseram utilizar o YouTube, em comparação com 63% que disseram usar o TikTok, seguido pelo Snapchat (60%), Instagram (59%) e Facebook (33%).
O relatório da Pew indicou que, apesar das preocupações crescentes sobre o impacto das redes sociais na saúde e segurança mental dos adolescentes, os jovens continuam a usar fortemente estas plataformas. Inclusive, a porcentagem de adolescentes que afirmam utilizar a internet constantemente quase duplicou, chegando a 46%, nos oito anos desde que a Pew divulgou o inquérito pela primeira vez, em 2015.
Frequência do uso
Atualmente, quase todos os jovens têm um smartphone (95%) e um terço dos entrevistados afirmaram utilizar uma dessas plataformas todos os dias, segundo a pesquisa.
A maioria dos adolescentes usa o YouTube (71%) e o TikTok (58%) todos os dias. Quase metade usa Snapchat (51%) e Instagram (47%) todos os dias. Mas apenas 19% usam o Facebook todos os dias. Os resultados encontrados neste ano foram semelhantes aos do relatório de 2022.
No entanto, foi observado que algumas redes sociais perderam a relevância ao longo dos anos. A principal diferença relatada foi em relação ao uso do BeReal. Em 2022, foi um estouro, sendo o aplicativo mais baixado na AppStore. Porém, no relatório de 2023, só 13% dos adolescentes ainda o utilizam. Além disso, devido ao crescimento do Snapchat e Instagram desde o levantamento divulgado em 2015, o uso do Facebook e X (anteriormente Twitter) caiu. Somente 33% dos adolescentes disseram ter usado o Facebook este ano, em comparação com 71% em 2015. O uso do X caiu de 33% em 2015 para apenas 20% este ano.
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Tem diferença entre as idades?
Os adolescentes mais velhos, com idades entre 15 e 17 anos, são mais propensos a usar a maioria das principais plataformas do que aqueles com idades entre 13 e 14 anos, exceto o YouTube. Entre os jovens de 13 a 14 anos, 94% relataram usar o YouTube, em comparação com 92% dos adolescentes de 15 a 17 anos.
E entre meninos e meninas?
A pesquisa do Pew observou que existem diferenças no padrão de uso das redes sociais entre os gêneros. As meninas adolescentes são mais propensas do que os meninos a usar o Instagram (66% vs. 53%), o TikTok (68% vs. 59%) e o Snapchat (66% vs. 53%). Por outro lado, os meninos são mais propensos a usar o YouTube (96% 91%), X (21% vs. 19%) e Reddit (18% vs. 10%).
Pouco mudou
Jacqueline Nesi, psicóloga clínica, professora da Brown University, dos Estados Unidos, mãe de dois e autora da newsletter Techno Sapiens, acompanha dados em relação ao uso de redes sociais entre os jovens há mais de uma década e observou que houve poucas mudanças nas preferências dos adolescentes. “O YouTube ainda reina, o TikTok, o Snapchat e o Instagram estão se mantendo firmes, e o Facebook e o Twitter/X ainda são o domínio entre os mais velhos. O BeReal, sucesso em 2022, já perdeu o interesse e seu número caiu. Um bom lembrete de que novos aplicativos crescem e caem rapidamente, mas será difícil derrubar a ‘velha guarda'”, disse em seu boletim semanal.
Embora as plataformas tenham permanecido as mesmas, Jacqueline pontuou que nunca deixa de surpreender o quanto os adolescentes estão usando as mídias sociais. “Um terço afirma que usa pelo menos uma plataforma ‘quase constantemente’. A maioria está no TikTok ou no YouTube todos os dias. É claro que estes dados não nos dizem o que estão realmente a fazer nesse tempo, mas dizem-nos o seguinte: as redes sociais estão totalmente incorporadas na vida cotidiana dos adolescentes”, destacou. Por isso, para ela, só existe uma forma de lidar com isso: “Apoiar os adolescentes no uso mais saudável das redes sociais, tornando essas plataformas mais seguras e melhores para eles. Será um problema complicado de resolver. E é algo que precisamos acertar.”
Como estimular o uso saudável das redes sociais
Mas, afinal, o que os pais podem fazer para ajudar os adolescentes a usarem as redes sociais de forma resposável? Para Kelli Angelini, mãe e advogada especializada em educação digital, impor limites é crucial para garantir o uso equilibrado e saudável das telas. “É um verdadeiro gesto de amor que, se não partir dos pais, não virá dos filhos, que têm pouca maturidade para entender os prejuízos e danos do uso exagerado das telas”, explicou.
Além disso, o acompanhamento dos filhos na Internet é essencial na medida em que esse ato se assemelha a acompanhar os filhos na rua. “Saber com quem interagem, o que consomem e que sites visitam, por exemplo, ajuda a identificar riscos e prevenir comportamentos prejudiciais ou inadequados”, afirmou.
Por fim, a instrução se torna uma prática fundamental na segurança digital dos filhos, e envolve ensinar valores, habilidades sociais e emocionais no uso da Internet, sendo um processo contínuo de orientação e exemplo, fornecendo-lhes ensinamentos, aconselhamentos e apoio para enfrentar os desafios do ambiente virtual e ter boas escolhas online. “Ou seja, instruir filhos no uso da Internet significa capacitá-los e inspirá-los, encorajando-os a usar as ferramentas tecnológicas de forma positiva e proveitosa”, destacou.
Ferramentas de controle parental
Também vale destacar que a maioria das redes sociais possuem ferramentas de controle parental e configurações de segurança e privacidade. É recomendado utilizar o YouTube Kids com os pequenos, que é uma versão para crianças do YouTube, que só contém vídeos seguros e não permite comentários. Já para crianças mais velhas, também é possível estabelecer o controle dos pais em contas regulares do YouTube, limitando qual tipo de conteúdo pode ser exibido.
O Instagram também lançou, no ano passado, a ferramenta “Central da família”, que visa ajudar os pais a terem mais controle sobre a conta dos filhos. Na seção “configurações” da conta, é preciso selecionar a opção “supervisão” para começar a usar o recurso. Ele permite medidas como: saber quanto tempo o filho passa no Instagram e definir limites para isso; ver as contas que ele segue e que o seguem; e receber notificações sobre as atividades dele no aplicativo, por exemplo, quando ele ganha novos seguidores.
Por fim, na aba “Configurações e privacidade” do TikTok, os pais podem fazer a “Sincronização familiar”, uma função de controle dos pais que facilita muito a vinculação do dispositivo de um menor ao de seus pais ou responsáveis. Depois que os dispositivos estiverem vinculados, o administrador poderá configurar as opções de “gerenciamento de tempo da tela” e “modo restrito” na conta da criança, além de restringir as pesquisas e limitar quem pode escrever mensagens diretas pelo bate-papo.