A empatia anda em baixa nos grupos de pais no WhatsApp. A decisão de retomar ou não as aulas presenciais, que pesa sobre os ombros dos pais, tem sido foco de inúmeras brigas. A Canguru News já abordou as dificuldades que envolvem a decisão sobre manter as crianças no modelo virtual ou retomar as aulas presenciais numa matéria especial publicada na semana passada. Esse desgaste se reflete nos grupos de pais e até chamou a atenção da grande mídia. Na segunda-feira, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem sobre as críticas e acusações mútuas entre os pais, seja quando optam por ficar em casa ou quando preferem mandar as crianças para a escola.
É comum, nestes grupos, que os pais sejam bombardeados com artigos, vídeos, opiniões de especialistas, de um lado ou de outro, como forma a tentar convencer aqueles que pensam diferente da maioria. A reportagem relata o desconforto das famílias com a pressão, que também pode surgir, muitas vezes, da própria escola.
Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz ser função dos colégios promover o diálogo para evitar esse tipo de constrangimento entre os pais. “A escola precisa ser a mediadora, orientar, instruir para evitar que as famílias se sintam acuadas ao decidir pelo que acham melhor aos seus filhos, porque esse tipo de situação acaba gerando conflitos e confusões entre as crianças”, afirma a professora à Folha de S. Paulo.
O Conselho Nacional de Educação definiu, no ano passado, que cabe aos pais definir se os filhos voltarão ou não para o modelo presencial. Portanto, as escolas devem assegurar esse modelo híbrido.
Não é de hoje que os grupos de pais no WhatsApp promovem polêmicas. A Canguru News já fez uma reportagem apontando prós e contras desses grupos no aplicativo, sobretudo quando os pais não têm bom senso e nem tampouco parcimônia. Agora, no contexto da pandemia, o senso de coletividade e solidariedade parecem não prevalecer, infelizmente.
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