Durante conversas matinais com meus seguidores, muitas vezes, deixo reflexões, outras vezes, provocações, mas também partilho textos que me inspiram e me fazem pensar.
Certa vez, contei o que aconteceu no momento em que já há muitos anos a professora dos meus filhos revelou que utilizava um método com o qual eu, que estudo e trabalho com as questões da educação, tinha sérias reservas.
Na ocasião em que isso ocorreu, há cerca de sete anos, um grupo de mães olhou para mim e esperou que eu reagisse. Não fiz nada. Quando nos encontramos depois, perguntaram-me o que eu iria fazer, sobretudo porque tinha escrito sobre o assunto dois dias antes desse encontro com a professora.
A minha resposta foi um seguro “Não vou fazer nada.” A verdade é que sei que não posso nem quero controlar tudo na vida dos meus filhos, expliquei-lhes. Isto é a vida a acontecer e se eu reclamar ou quiser mudar sempre tudo, quando as coisas não são do meu agrado, então estou a prejudicar os meus filhos e a desrespeitar as decisões dos outros, que são tão livres quanto as minhas. Do meu lado, irei ajudar os meus filhos a compreenderem o que se pretende, darei o meu ponto de vista, e escutarei o que têm para me dizer, verificando se isso lhes traz prejuízo ou não.
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Por mensagem, uma mãe comentou que a professora da filha dava doces como incentivo e que ela discordava. O que fazer?
Coloquei esta questão à audiência da live que fiz na tarde em que escrevo este artigo, e todos disseram que a mãe deveria falar com a professora e explicar que não era boa ideia.0
Desejamos criança desenroladas, autônomas e que afirmem o que desejam. Mas depois metemo-nos no meio para lhes resolver os problemas.
– E a sua filha consegue dizer que não? – perguntei à mãe que me escreveu.
– Consegue – respondeu ela.
– Então, parece-me que o assunto está resolvido – afirmei.
Embora possam me dizer “se fosse o meu, ele aceitaria”, o nosso primeiro pensamento é, muito frequentemente, ter uma daquelas conversas “francas” com o outro. No que toca à parentalidade, nada mais errado, sobretudo quando são situações deste tipo.
Queremos crianças capazes, emancipadas e decididas, mas depois tiramos-lhes oportunidades como estas de pensarem por si e afirmarem-se. Não estou a dizer que não partilhemos os nossos receios e pontos de vista, mas será que primeiro não vale a pena dotar os nossos filhos de estratégias?
Vamos pensar nisto?
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