Dados recentes da Fiocruz mostram que houve um aumento nos casos de Síndromes Respiratórias Agudas (SRAGs) na maioria das capitais brasileiras. Apesar de serem provocados por vários vírus respiratórios, cerca de 98% dos casos registrados de SRAGs neste ano possuem como causa o vírus da Covid-19 (Sars-Cov-2, o coronavírus). Contudo, é importante também se atentar aos quadros provocados por influenza.
“Influenza é a mesma coisa que gripe. Existe influenza que acomete os seres humanos, principalmente a influenza A e a B, sendo que o principal vilão das pandemias seria a influenza A. Ambas podem causar sinais e sintomas bem graves”, explica Edimilson Migowski, mestre em pediatria, doutor em doenças infecciosas e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A influenza é uma grande família de vírus. Dentro do conjunto da influenza A, há o vírus H1N1 — responsável pela pandemia de 2009 — e o H3N2. Este circula no Brasil desde 2015 e acomete principalmente crianças e idosos, que podem necessitar de internação em casos mais graves. “Crianças abaixo de cinco anos são alvo das campanhas de vacinação porque podem ter quadros mais graves de influenza nessa faixa etária”, esclarece Melissa Valentini, médica especialista em vigilância em saúde pelo Ministério da Saúde e membro dos departamentos de infectologia pediátrica e imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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Sintomas semelhantes, tratamentos diferentes
“Em termos de manifestação clínica, tanto o influenza A e B, quanto o coronavírus, podem causar dor de garganta, febre, dor no corpo, mal estar, sensação de febre sem ter aumento da temperatura, espirro e tosse. Fica mais complicado olhar e dizer se é influenza ou se é o novo coronavírus. Sendo assim, é muito importante contar com exames complementares que ajudem em um diagnóstico mais preciso que diga se é outra infecção”, caracteriza Edimilson.
Segundo Melissa, na maioria das vezes, as crianças não são acometidas pelo coronavírus ou apresentam quadros bastante leves e até assintomáticos. Por isso, existe a necessidade de exames laboratoriais para indicar o melhor tratamento. Um dos exames mais comuns é o RT-PCR. “RT-PCR é uma técnica — a reação em cadeia de polimerase em tempo real — em que identificamos o material genético do micro-organismo. Então, não temos o RT-PCR só para diagnosticar a Covid-19, também usamos para o diagnóstico de influenza A e todos os outros vírus”, explica a médica.
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No entanto, o resultado da análise das amostras coletadas pelos swabs (cotonetes) pode ser demorado. “Para a Covid-19, não temos tratamento precoce. Não existe na literatura nenhum tratamento que tenha sido efetivo e melhore a evolução. Para a influenza, já existe medicação cujo tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, se não conseguirmos fazer a diferenciação entre os casos graves das duas doenças. Então é importante que o paciente sempre seja avaliado por um médico, mesmo que por teleconsulta”, esclarece Melissa.
Medidas de higiene são essenciais para evitar a Covid-19
Assim como durante a pandemia do vírus H1N1 em 2009, estamos fazendo uso constante de álcool em gel para higienizar as mãos e superfícies, e evitar a propagação do coronavírus. Além disso, aderimos à utilização de máscaras no dia a dia. “Higiene das mãos, álcool em gel, distanciamento… Isso tudo é um conjunto de medidas que ajuda no combate não só do coronavírus, como todas outras viroses respiratórias”, destaca Melissa.
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E se a criança for acometida por influenza ou coronavírus?
“Em geral, o vírus influenza, que causa a gripe, tende a ter maior gravidade em crianças do que esse novo coronavírus que provoca a Covid-19”, explica Edimilson. Entretanto, os pais devem estar atentos aos casos graves de gripe que podem causar uma reação inflamatória sistêmica no organismo da criança cerca de duas a quatro semanas após a contaminação por um vírus.
A síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica é uma doença que ocorre após a infecção, sendo caracterizada por uma resposta inflamatória excessiva que lesiona alguns órgãos. Os sintomas mais comuns são febre alta, urticárias no tronco, rosto e membros, vômito, diarreia e dor abdominal.
“Nos casos mais graves, pode haver uma inflamação do músculo do coração. Essa consequência é mais comum em crianças mais velhas, a partir dos oito anos de idade, e em adolescentes”, explica Camila Solé, médica intensivista pediátrica do Hospital Anchieta de Brasília. Por isso, os pais precisam estar atentos durante os meses que procedem uma infecção aguda e procurar ajuda médica ao primeiro sinal de sintomas.
- Matéria atualizada em 5/2/21.
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