Volta às aulas presenciais: data segue indefinida

Após divulgar reabertura das escolas em julho, governo paulista recua e fala em 'datas indefinidas'; pesquisadores de educação infantil dão orientações para acolher crianças quando as aulas voltarem

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Junho, julho, agosto… Afinal, há um mês previsto para a volta às aulas presenciais? E quais anos serão priorizados? Com a flexibilização das medidas de isolamento social em São Paulo, no início de junho, passou-se a cogitar datas para a retomada das aulas presenciais, mas até agora não há nada definido. Na quinta-feira (4), a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) chegou a divulgar o mês de julho para reabertura das escolas de forma gradual e regionalizada – o que valeria para as redes públicas estadual e municipais e para a rede privada. A nota dizia também que os menores – alunos de creches e unidades de educação infantil – poderiam voltar antes. O cronograma, entretanto, dependeria de aval do Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo.

Logo depois desse anúncio, a secretaria enviou outro comunicado, na mesma quinta-feira, retificando a informação e afirmando não haver data definida para volta às aulas presenciais. “A retomada das aulas será gradual e regionalizada, seguindo o que os dados científicos sobre a epidemia indicarem em cada região do Estado. As diretrizes devem ser apresentadas à sociedade nas próximas semanas”, informou nota da secretaria sobre o assunto divulgada por meio de sua assessoria imprensa. 

Já o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) disse à Folha de São Paulo prever um retorno por faixa etária, priorizando os mais velhos, que iriam à escola em dias alternados e adotando um modelo híbrido de ensino, mesclando atividades a distância e presenciais. A justificativa para deixar as crianças menores por último se baseia no fato de que elas tendem a ser assintomáticas para o novo coronavírus, apresentando portanto um risco maior de transmissão de doença e, logo, seria melhor aguardar um período de maior controle da doença para que voltassem à escola.

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Escolas particulares propõem retorno das crianças pequenas primeiro

O Sieeesp, sindicato que representa dez mil escolas privadas no estado de São Paulo elaborou um protocolo com medidas de segurança para a volta às aulas. O documento foi entregue no fim de maio à secretaria estadual de educação e aguarda aprovação do governo. A rede privada também defende retomar primeiro com as escolas infantis para apoiar os pais que voltaram a trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Além disso, a ideia, segundo Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do sindicato, é agilizar a reabertura das escolas para que não fechem as portas de vez. Entre 30% e 50% das escolas infantis enfrentam sérias dificuldades e podem suspender suas atividades caso a volta às aulas presenciais se prolongue, afirma Benjamin. Isso porque muitos pais têm retirado os filhos das escolas para não mais ter de pagar as mensalidades, principalmente no caso de crianças pequenas, de 0 a 3 anos, em que a educação não é obrigatória.

À Canguru News, Benjamin disse, no dia 29 de maio, que a intenção era começar a retomada pela educação infantil em junho e o ensino fundamental e ensino médio em agosto, ressaltando porém que isso dependeria de aprovação da secretaria estadual de educação, que não definiu uma data para esse retorno. O sindicato representa 2,4 milhões de alunos em todo o estado paulista.

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Documento detalha cuidados na reabertura de escolas de educação infantil

Um documento elaborado por 10 educadores de educação infantil, de diferentes instituições de todo o Brasil, traz recomendações para o atendimento a crianças de até 6 anos na volta às aulas. “Para um retorno à escola e à creche que respeite os direitos fundamentais de crianças, famílias e educadores é assinado por pesquisadores renomados como Maria Malta Campos, da Fundação Carlos Chagas (FCG) e professora aposentada da PUC-SP, Rita Coelho, ex-coordenadora de Educação Infantil do Ministério da Educação (MEC).

O documento destaca a necessidade de garantir os direitos humanos fundamentais das crianças, oferecendo acolhimento e respeitando possíveis mudanças de comportamento, por exemplo. Fala também nos direitos das famílias, dos professores, demais educadores e funcionários das instituições. Com o objetivo de ilustrar as dificuldades que se apresentam nesse retorno, traz uma lista de medidas adotadas por escolas infantis e de ensino fundamental países europeus, entre as quais:

  • Redução de horários de frequência;
  • Divisão das turmas em agrupamentos menores, com parte das turmas sendo atendida em jornadas reduzidas;
  • Prioridade para o atendimento das crianças que não podem permanecer em casa com seus pais ou outros responsáveis;
  • Marcações no chão de corredores e espaços comuns (área limpa e área suja) para orientar as pessoas e evitar aglomerações de crianças e adultos;
  • Limpezas de superfícies duas ou três vezes por dia;
  • Refeições mais simples servidas nas turmas e não em refeitórios coletivos;
  • Utilização de espaços externos que favoreçam o espaçamento das crianças entre si e evitem o uso contínuo de espaços fechados;
  • Portas e janelas permanentemente abertas para facilitar a ventilação de salas e corredores; entre outras medidas.

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Como tem sido a volta às aulas presenciais na Europa

No Reino Unido, embora autorizadas, muitas escolas não quiseram reabrir as portas por receio quanto à segurança da comunidade escolar. Já na Dinamarca, um estudo mostrou que a reabertura das escolas não levou a um aumento no número de casos de Covid-19. Na França, ocorreu o contrário. O governo orientou a suspensão das aulas logo após a reabertura diante do crescimento de casos da doença causada pelo novo coronavírus também entre os menores. Na Itália e na Alemanha, a volta das aulas presenciais começou pelos alunos mais velhos. Os menores, na Itália, devem ter um retorno parcial entre o final de agosto e o início de setembro.

Proposta de volta às aulas nas escolas particulares de São Paulo

O Sieeesp aguarda retorno da secretaria estadual de educação de São Paulo quanto à proposta de volta às aulas presenciais. O relatório, que pode ser acessado no site do sindicato, foi elaborado em conjunto com a Clínica Infantil Santa Isabela, a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Associação Paulista de Medicina, Sindicato dos Hospitais e Clínicas de São Paulo e Federação dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Feeesp).

Medição da temperatura das crianças na entrada da escola, troca de sapatos antes de entrar na sala de aula e número de alunos reduzido em sala são algumas das medidas sugeridas. Veja a seguir outros aspectos da proposta:

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Medidas de distanciamento social

  • Fazer aferição da temperatura de todos os alunos e colaboradores na entrada da escola;
  • Trocar sapatos na entrada da escola, para uso exclusivo, no ambiente escolar onde ficarão guardados em armários na escola, ou realizar a higienização do solado com água sanitária diluída em água;
  • Higienizar as mochilas com álcool 70% na entrada da escola;
  • É importante que os materiais levados pelos alunos dentro da mochila venham higienizados da residência, haja vista que ainda não se tem ao certo quanto tempo uma superfície “dura” pode permanecer contaminada;
  • Orientar os pais o uso do uniforme somente para a escola, ao retornar para a casa já realizar a troca de roupa; evitar se locomover com o aluno com o uniforme em outros locais;
  • Organizar para que cada turma tenha o intervalo entre as aulas em horário diferente de outras turmas, assim como estabelecer horários de entrada e saída escalonados, evitando aglomerações, para que nem todos estejam presentes na escola ao mesmo tempo;
  • O número de alunos reduzido nas salas de aula, sendo recomendável manter um espaçamento entre os alunos dentro da sala de aula, de acordo com a realidade de cada escola, idealmente com espaço mínimo de 1,5 metro entre as carteiras.

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Medidas estruturais

  • A escola deve disponibilizar água, sabão e álcool em gel, de forma segura, em diversos locais
  • A escola deve propiciar ambientes arejados, com aberturas de janelas.
  • E as atividades ao ar livre devem ser estimuladas;
  • Evitar o uso do ar condicionado;
  • Evitar aglomerações, na entrada, saída de alunos ou intervalos, criando horários alternativos para as turmas;
  • Jogos, competições, festas, reuniões, comemorações e atividades que envolvam coletividade devem ser, temporariamente, suspensos;
  • É importante que a escola tenha um estoque de segurança das máscaras, pois podem acontecer imprevistos e inutilização das usadas pelos alunos.
  • Pessoas externas ao processo educativo (fornecedores, equipes de manutenção e outros) só podem entrar na escola apenas em horários alternativos às aulas e/ou presença de alunos e, sempre, de forma segura

Veja o documento na íntegra aqui.

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