As Paralimpíadas começam no dia 28 de agosto (quarta-feira), em Paris, reunindo cerca de 4.400 atletas com deficiência de todo o mundo para competir durante 11 dias, em 22 modalidades esportivas. Essa é uma ótima oportunidade para sensibilizar e conscientizar a população sobre o capacitismo ‒ preconceito que as pessoas com deficiência sofrem, valendo ainda chamar atenção sobre a importância da acessibilidade e do esporte na vida das pessoas com deficiência.
Na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, em 26 de julho, vimos três atletas paralímpicos conduzirem a tocha no revezamento junto com o ex-ciclista Charles Coste, que está com 100 anos e participou sentado na cadeira de rodas. Quem acendeu a pira olímpica foi o judoca Teddy Rinner e a atleta Marie-José Pérec ‒ um homem e uma mulher negros. Dando um show de inclusão e diversidade, ainda pudemos assistir à apresentação de uma música sendo interpretada na língua de sinais, e a cantora Céline Dion, que estava visivelmente emocionada, fechou a festa. Foi a primeira vez que Céline participou de um grande evento desde que foi diagnosticada em 2022 com uma doença raríssima, a síndrome da pessoa rígida, que a afastou dos palcos.
Mas será que a sociedade se comporta da mesma maneira diante dos Jogos Olímpicos e dos Paralímpicos?
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Embora os atletas paralímpicos mostrem muito talento ‒ em Tóquio, em 2020, o Brasil terminou em 7º lugar no quadro de medalhas contra a 12° colocação dos atletas que participaram dos Jogos Olímpicos ‒ a sociedade ainda acredita na sua incapacidade, vendo-os como heróis da superação, e os meios de comunicação refletem essa mentalidade.
Enquanto os Jogos Olímpicos são divulgados à exaustão, transmitidos na TV aberta e canais pagos, os Jogos Paralímpicos serão transmitidos ao vivo apenas pelo SporTV2. Além disso, os atletas olímpicos são muito mais conhecidos da população e transformam-se em mitos nacionais, enquanto os paratletas costumam ser vistos apenas como símbolos de superação.
Mais do que apenas um evento esportivo, as paralimpíadas podem gerar um debate essencial sobre acessibilidade e inclusão em nossa sociedade. As histórias de vida dos atletas paralímpicos podem desenvolver maior empatia e compreensão em relação às pessoas com deficiência, valorizando a importância da inclusão em todos os aspectos da vida. A visibilidade que os jogos trazem para as questões de deficiência pode servir como um catalisador para mudanças políticas e sociais, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.
Não deixem de assistir e comentar em casa, na escola e no grupo de amigos, divulgando se possível nas redes sociais. Vamos todos torcer juntos e incentivar nossas crianças e adolescentes com deficiência a respeitarem, admirarem e quem sabe se tornarem paratletas olímpicos. Vai Brasil!
Paralimpíadas ou Paraolimpíadas?
Os jogos paralímpicos inicialmente eram destinados a atletas com paraplegia (perda de controle das pernas), daí o nome Paraolimpíadas, uma combinação das palavras “Paraplegia” e “Olimpíada”. Porém, ao longo dos anos, atletas com uma ampla variedade de deficiências passaram a participar das competições e, em 2011, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) deixou de usar o termo Paraolímpiada e adotou oficialmente o termo Paralimpíada, que significa “ao lado das Olimpíadas”, derivando do grego “para”, que significa “ao lado de”. Essa nova interpretação destaca a proximidade e a igualdade dos Jogos Paralímpicos em relação aos Jogos Olímpicos, enfatizando que ambos são eventos da mesma importância e prestígio no cenário esportivo internacional, segundo explica o Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos.