Tem hora pra dormir nas férias? Pediatra dá dicas para não ‘bagunçar’ demais o sono das crianças

Pais podem flexibilizar as regras, mas é importante manter uma rotina que favoreça as atividades diurnas, sugere o médico Gustavo Moreira, do Instituto do Sono

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Meninas d epijama brincam em cima da cama
Passar do horário de dormir alguns dias não tem problema, só não pode virar rotina
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Dezembro é o mês das festas, das férias escolares e das viagens. Sem a obrigação de ir à escola, as crianças aproveitam para ficar mais tempo na cama, tomar café da manhã mais tarde e brincar. Já os adolescentes adiam o horário de dormir para encontrar os amigos ou ficar no computador. Entre comemorações e viagens, toda a família acaba mudando seus horários habituais. Embora a época seja um período propício para o afrouxamento de regras, o pediatra Gustavo Moreira, do Instituto do Sono, entende que os pais devem estabelecer limites para garantir o convívio familiar e as atividades durante o dia. 

“Nas férias, o grande problema consiste em prorrogar a cada noite o horário de dormir e despertar da criança e do adolescente, porque trocar o dia pela noite acaba não sendo muito saudável, principalmente na hora do retorno à escola”, pondera o médico. Na sua visão, os filhos podem ir para cama e levantar duas horas após o habitual, mas os pais devem manter uma rotina com horários para as refeições e o lazer.

Um estudo realizado por pesquisadores australianos mostrou que os pré-adolescentes precisam do apoio dos pais para autorregular o sono quando estão na escola e nas férias. Eles chegaram a esta conclusão após acompanharem 205 estudantes, entre 10 e 12 anos, por 28 dias – metade no período letivo e o restante no recesso escolar. O trabalho científico apontou que, em média, os alunos deitaram 71 minutos mais tarde do que haviam planejado nas férias e 46 minutos nas noites do semestre letivo. 

Festas e viagens

Datas especiais como a véspera de Natal e a noite da virada do ano não devem ser motivo de preocupação quanto à hora de dormir, visto que é comum que todo mundo durma tarde nesses dias. Porém, o problema ocorre quando isso vira uma rotina. Como no caso de adolescentes que vão a festas com frequência e se habituam a dormir de madrugada (ou quase de manhã) diariamente.  “O adolescente não pode ir a festas todos os dias, porque esses encontros começam às 23 horas e terminam às 4 horas”, ressalta Gustavo.

Para viagens à praia ou ao campo, o pediatra orienta os pais a fazer um planejamento que estimule os filhos a aproveitar o dia. Já nas viagens aéreas internacionais de longas distâncias, é preciso estar atento  ao jet lag, distúrbio de sono temporário, devido à falta de sincronia entre o relógio biológico do corpo e o fuso horário do local de destino. 

Nesses casos, o médico orienta a família a dormir e acordar no horário local. “Como dormem mal no avião, os viajantes costumam se deitar mais cedo quando chegam ao destino. No dia seguinte, o ideal é que saiam da cama e se exponham à luz do sol para mostrar ao cérebro que o dia começou, o que ajuda o organismo a entrar em sincronia com a realidade local”, pondera. 

Celulares e tablets

As férias escolares são um convite a mais para longas horas frente ao tablet ou celular. Cuidar para que os combinados não se extrapolem é importante para não  ter problemas de readaptação depois que as aulas voltarem. “Os pais devem fazer as regras, imaginando quanto tempo de interação nas mídias é saudável para cada faixa etária”, sugere Gustavo. Além disso, o uso desses aparelhos eletrônicos na hora de dormir pode inibir o sono. Momentos antes de ir para a cama, é preciso criar um ambiente relaxante e com baixa iluminação para sinalizar o organismo que chegou a hora de desacelerar. Visualizar telas inverte este processo, porque expõe o cérebro à luz azul de celulares e tablets, coibindo a produção de melatonina, o hormônio da escuridão, e consequentemente o sono, ressalta o especialista.

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