Qual a melhor idade para aprender uma nova língua?

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O cérebro de uma criança tem realmente mais facilidade na hora de aprender uma nova língua, mas isso não quer dizer que todas irão absorver o conhecimento da mesma forma.

Por Isabella Grossi – “Durante a fase de alfabetização, é possível que haja conflitos entre a nova língua e a materna”, explica a PhD em linguística pela Faculdade de Letras da UFMG Mariana Samos Bicalho Costa Furst. A professora de linguística aplicada da UFMG Vera Menezes concorda e vai além: “A idade ideal é depois dos 9 anos, quando a criança já está alfabetizada”, diz. “O pré-adolescente, por exemplo, num instante alcança o nível de quem começou quando pequenininho.” Para ela, também, não faz sentido aprender algo que não vai ser usado. “Só se absorve verdadeiramente um idioma se houver exposição a ele com frequência, e não só na sala de aula.”

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Saber falar uma língua estrangeira pode ser decisivo para o futuro dos filhos. Pelo menos é o que pensa a maioria dos pais. A dúvida é: qual a hora certa para começar a ensinar o segundo ou terceiro idioma? Infelizmente, não há consenso entre os especialistas, embora todos compartilhem a máxima de que quanto mais novo o pequeno for, mais facilidade ele terá. A explicação é simples.

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O cérebro de uma criança de aproximadamente 3 anos se transforma continuamente, produzindo novas conexões com base nos estímulos externos. Por estar no início de seu desenvolvimento cognitivo, com filtros menos aperfeiçoados e hábitos menos enraizados, ela consegue expandir sua matriz fonológica. “A criança adquire o conhecimento de palavras e sons da outra língua do mesmo modo que ela absorve a língua materna”, assegura a professora de inglês Marta Barreto Pereira Amantea. Ainda assim, isso não quer dizer que, ao introduzir mais um idioma na primeira infância, ele será, de fato, incorporado. 

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É o caso de Gabriel, de 5 anos, e Larissa, de 3. A duplinha aprende inglês desde que nasceu, com a mãe, a jornalista, designer gráfica e professora da língua de Shakespeare Isabella Fritsch, e com o pai, o professor Anthony Alemany, que é americano. “A gente só fala inglês dentro de casa, então os meninos absorvem rápido”, conta. “Eles entendem tudo, mas, na hora de falar, às vezes sai embolado.” Com a pequena Brisa, de 4 anos, acontece a mesma coisa. A mãe, a arquiteta e urbanista Carla Torres, é boliviana e se comunica com ela em espanhol. O pai, o servidor público Matheus Valle, apesar de ser brasileiro, só conversa em alemão com a filha, que, além do português, estuda inglês na escola. “Para mim, todo mundo tem de falar ao menos três línguas, e ela já entende bem as três primeiras”, afirma Valle. “O aprendizado não tem limites, o negócio é ter uma referência segura, por isso sempre fui muito rigoroso no dia a dia.” A menina, no entanto, vez ou outra quer dar uma escapulida da rotina e pede ao pai que fale português. Pergunta em alemão, é claro.

Mitos e verdades

CRIANÇAS PEQUENAS APRENDEM LÍNGUAS COMO UMA ESPONJA.

Realmente elas apresentam mais facilidade do que um adulto, mas não devemos esperar que a segunda língua seja absorvida com perfeição desde o início.

É PRECISO TALENTO PARA APRENDER DUAS LÍNGUAS AO MESMO TEMPO.

O aprendizado linguístico não requer nenhum talento especial, faz parte do desenvolvimento humano, assim como a habilidade de andar.

ALGUMAS LÍNGUAS SÃO MAIS PRIMITIVAS DO QUE OUTRAS E, PORTANTO, MAIS FÁCEIS DE APRENDER. O INGLÊS, POR EXEMPLO, É MAIS SIMPLES PORQUE TEM MENOS GRAMÁTICA.

Não existem línguas primitivas ou sem regras gramaticais. Todas elas são muito complexas e, ao mesmo tempo, possíveis de ser assimiladas.

PAIS QUE NÃO FALAM UMA SEGUNDA LÍNGUA PERFEITAMENTE VÃO PASSAR SEUS ERROS E SOTAQUE AOS FILHOS.

Esse fato só poderia ser verdadeiro se a criança não ouvisse outros falantes além de seus pais, o que é praticamente impossível.

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