Pediatras questionam Guia Alimentar que indica leite de vaca integral para bebês

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Da redação

O leite de vaca não é adequado para consumo de recém-nascidos e bebês. A introdução desse tipo de leite na dieta a partir de quatro meses pode resultar em complicações, comprometendo o crescimento e o desenvolvimento das crianças, afirma a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O órgão, que representa cerca de 35 mil especialistas no país, encaminhou um ofício ao ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta questionando uma orientação quanto ao uso desse leite, que consta do Guia de Alimentação lançado este mês de novembro pela pasta. A SBP também criticou o guia pela falta de indicação para que as famílias busquem na consulta pediátrica a adequada orientação nutricional das crianças.

De acordo com a SBP, é consenso que o aleitamento materno deve ser a base da alimentação no período da vida entre o nascimento e os dois anos de idade da criança, (os primeiros mil dias), devendo ser oferecida de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e mantida pelo menos até o segundo ano ou mais, sempre que possível.

Estudos comprovam associação do leite de vaca à obesidade

Mesmo quando a mãe não consiga amamentar o filho, os pediatras afirmam que o leite de vaca não é o mais indicado para consumo das crianças. A recomendação se baseia em estudos internacionais que têm sido adotados como referência no mundo inteiro, de instituições como a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátricas (ESPGHAN) e Academia Americana de Pediatria (AAP). Os resultados apontam que o leite de vaca integral comprovadamente está associado a maior índice de obesidade e várias outras consequências.

Entre os problemas relatados, estão a presença excessiva no leite de vaca de proteína, sódio, potássio e cloro, além de falta de vitaminas, de ferro, e de ácidos graxos poliinsaturados de cadeias longas (L-PUFAS que são precursoras do ômega 3 e 6). Para os especialistas, o alto índice de proteína está associado a maior carga de soluto renal, a alterações da microbiota intestinal e ao aumento da prevalência da obesidade nas crianças.

“Nas últimas décadas, o conhecimento em nutrição infantil evoluiu consideravelmente e, com isto, a sedimentação dos benefícios do leite materno e da inadequação do leite de vaca integral”, ressaltou a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.

Segundo a presidente, que também é gastroenterologista pediátrica e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na impossibilidade do aleitamento natural no primeiro ano de vida, quando foi estimulada a relactação e não houve sucesso, há indicação de uso de fórmulas lácteas infantis.

Fórmulas infantis sãomais benéficas o leite de vaca 
As pesquisas da área reiteram o papel da nutrição adequada na infância precoce como peça fundamental para o desenvolvimento completo do potencial humano. No caso específico das fórmulas, os pediatras argumentam que há evidências de que estão associadas com o melhor desenvolvimento do cérebro, do intestino e do sistema imune quando comparadas ao consumo do leite de vaca integral. 

A presidente da Sociedade afirma ainda que o objetivo da alimentação do lactente “não é mimetizar o leite materno, qualitativamente incomparável, mas, sim, fazer com que a alimentação se aproxime dos efeitos e benefícios funcionais que o leite materno oferece”.

Além da recomendação equivocada de uso do leite de vaca integral por bebês, os pediatras se queixam de não terem participado da elaboração do Guia. Essa ausência é apontada como responsável pelos problemas identificados no documento.

ACESSE AQUI A POSIÇÃO DA SBP DIANTE DO GUIA DE ALIMENTAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

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