O melhor de você para seu bebê: amamentação e troca

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A amamentação ao seio proporciona à dupla mãe-bebê um momento de profunda intimidade e de construção de um forte laço afetivo. Além disso, incontestavelmente, o leite materno é o alimento mais completo que um bebê pode ingerir durante os seus primeiros meses de vida. No entanto, por motivos diversos, muitas mulheres não podem amamentar o seu bebê ao seio. É nesse momento que a dúvida e a culpa ganham lugar: o vínculo será quebrado? O desenvolvimento do bebê será prejudicado?

A boa notícia: mesmo que a mãe não amamente o bebê ao seio, o vínculo afetivo pode ser igualmente estabelecido entre a dupla enquanto o bebê está em seu colo sendo alimentado a partir da mamadeira.

Algo que se faz fundamental no momento da amamentação, seja ao seio, seja com a mamadeira, é que a mãe esteja disponível e inteira para o seu bebê, sem distratores. O olhar da mãe deve estar disponível para que o seu bebê o encontre. Se a mãe está inteiramente atenta às necessidades do bebê, o seu olhar durante a amamentação funciona como um espelho para ele: o bebê olha para a mãe, mas se vê no olhar dela! E isso não depende do meio pelo qual ele está sendo alimentado. Depende, antes, da afetividade que a mãe tem para com ele. Ao olhar para a mãe e se ver refletido nela, o bebê, progressivamente, é capaz de integrar-se, tornar-se uma pessoa inteira, espontânea e criativa. Se a mãe se preocupa com outras coisas enquanto alimenta seu bebê, ele irá buscar o seu olhar e não irá encontrá-lo.

O trabalho junto a crianças e a suas mães permitiu a Winnicott, psicanalista e pediatra inglês (1896-1971), reconhecer a importância da relação entre a dupla para o desenvolvimento psíquico do indivíduo. Segundo ele, para que o bebê se desenvolva de maneira saudável, o que conta não é necessariamente a amamentação ao seio, mas a presença de uma mãe capaz de fornecer ao seu bebê o holding, ou, numa tentativa de tradução desse termo, o aconchego, o colo afetuoso, o carinho.

Durante o momento da amamentação, ao fornecer o holding ao bebê, a dupla pode brincar pela primeira vez. Nesse fazer, o bebê constrói algo que lhe será fundamental: o espaço potencial, no qual ele poderá vivenciar as mais diversas experiências de onipotência que posteriormente, na vida adulta, darão lugar às vivências culturais.

Dito de outra forma, é nesse fazer criativo dentro do espaço potencial, nesse brincar a dois, que começa com o encontro de olhares, que o sujeito irá constituir, pouco a pouco, sua forma de ser no mundo.

E é a mãe suficientemente boa, como a chamou Winnicott, e não um seio ou uma mamadeira, que irá permitir ao bebê a possibilidade de se constituir um sujeito psíquico criativo e espontâneo. Simples assim.

Alba Lúcia Dezan é psicóloga clínica, mestre em psicologia clínica e cultura pela UnB e professora do curso de psicologia do IESB – Brasília.

Beatriz Neves Braga é psicóloga clínica pela PUC Minas, especialista em diagnóstico infantil, ludoterapia e aconselhamento de pais. Pós graduada em gestão do conhecimento e neuroeducação. 

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