Quase metade das mães com filhos até 3 anos deixam o emprego, aponta IBGE

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, celebrado na segunda (8), instituto divulga estudo que mostra as desigualdades enfrentadas pelo público feminino

2627
Quase metade das mães com filhos pequenos deixa o emprego, aponta IBGE; Sara e o filho Alex, 3 anos
Sara, 27 anos, parou de trabalhar para poder cuidar do filho Alex, de 3 anos | Foto: Arquivo pessoal
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Por Vanessa Selicani – Metro Jornal – Elas estudam mais, passam mais horas cuidando da casa e da família, e encontram cada vez mais dificuldades em se manter no mercado de trabalho com salários justos. Se a opção é ter filhos, é preciso deixar sua profissão por não contar com ajuda de creche ou outra rede de apoio. Parece com a vida de alguma mulher que você conhece? De acordo com o IBGE, o órgão oficial de estatísticas do país, essa é a realidade da maioria delas. O instituto divulgou ontem (4), às vésperas do Dia Internacional da Mulher, celebrado na próxima segunda (8), o estudo Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil.

Entre as diversas desigualdades enfrentadas pelo público feminino, o IBGE destaca o afastamento delas do mercado de trabalho nos primeiros anos de vida dos filhos. O nível de participação de mulheres entre 25 e 49 anos cai de 67,2% para 54,6% quando elas vivem em residências com crianças menores de 3 anos de idade. “Tal comportamento sugere que a existência de oferta adequada de creches possa contribuir para o crescimento da ocupação das mulheres no mercado. O maior compartilhamento entre homens e mulheres dos cuidados e afazeres domésticos também é outro fator importante para a ampliação da autonomia das mulheres”, afirma o responsável pelo estudo, André Simões. 


Leia também: 3 histórias inspiradoras de mães empreendedoras


Quando a análise é sobre homens com crianças pequenas em casa, o fenômeno é o inverso. A participação no mercado para os que têm menores de 3 anos em casa é 89,2% e para os sem crianças, 83,4%.

O estudo mostra ainda que é bastante desigual a divisão de tarefas de casa e cuidados com demais integrantes da família. Em 2019, elas realizaram 21,4 horas semanais dessas atividades ante 11 horas dos homens, quase o dobro mais de tempo.

O IBGE aponta que as mulheres também estudam mais. Para a população com idade acima de 25 anos, a porcentagem dos que têm ensino superior é de 15,1% para eles e 19,4% para elas.

Mas o empenho não garante melhores salários ou posições às mulheres. A pesquisa mostra que o rendimento médio feminino é pouco mais de três quartos (77,7%) do que recebe um homem. Elas são minoria também nos cargos de gerência: apenas 37,4% dos postos são ocupados por mulheres.


Leia também: 1 em cada 4 mães pensa em pedir demissão do trabalho ou reduzir a jornada


Com a pandemia, situações das mulheres deve se agravar

A pesquisa divulgada pelo IBGE ainda não capta os efeitos da pandemia de covid-19 para as mulheres no mercado de trabalho. Mas os dados sobre o terceiro trimestre da pesquisa de emprego do instituto mostram que 8,5 milhões delas abandonaram o mercado. A taxa de participação na força de trabalho delas despencou para 45,8%, queda de 14% em relação a 2019.

O fechamento de escolas e creches pode explicar a debandada. A atendente Sara Cristina Oliveira Coelho, 27 anos, optou por deixar o trabalho logo no início da pandemia para poder cuidar dos filhos de 10 e 3 anos. “As crianças não tinham com quem ficar. Pretendo voltar, é muito complicado ficar sem trabalho. Mas nós pais precisamos da volta das escolas com segurança. Tudo ficaria melhor se essa vacinação já estivesse disponível para professores e crianças.”


Leia também: Mães deixam mercado de trabalho cinco vezes mais que pais


Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui