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Ler para as crianças desenvolve vocabulário dos pequenos, mesmo com baixa escolaridade dos pais
Um estudo realizado no Brasil e publicado na revista científica Early Childhood Research Quarterly, dos Estados Unidos, apontou que, mesmo em famílias que não têm muito estudo, ler para as crianças auxilia no desenvolvimento cognitivo e na alfabetização dos pequenos, ampliando seu vocabulário e melhorando a interação entre pais e filhos.
Realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York e do Instituto Alfa e Beto, o estudo analisou o programa “Universidade do Bebê”, que foi implantado em 2015 em 22 creches de Boa Vista, Roraima. O programa empresta livros de bibliotecas e realiza um treinamento de pais, através de workshops, para que eles possam ler em voz alta para as crianças. Os pais foram incentivados a ler para as crianças fazendo vozes diferentes para cada personagem, além de conversar sobre as histórias dos livros com os pequenos em outros momentos.
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“A fala é muito diferente da leitura. O ato de contar e repetir uma história escrita apresenta para a criança um vocabulário mais amplo e estruturas sintáticas mais estruturadas que requerem maior esforço de compreensão por parte da criança” afirmou João Batista Araújo e Oliveira à Veja. Ele é presidente do Instituto Alfa e Beto e um dos pesquisadores que participou do estudo.
Os pesquisadores acompanharam os pais e as crianças, que tinham uma média de três anos de idade, durante os vários meses do programa. Antes e depois do treinamento dos pais, foram aplicados testes nas crianças, incluindo uma avaliação do vocabulário expressivo (palavras que a criança fala) e receptivo (palavras que a criança entende). Os resultados mostraram os benefícios de ler em voz alta para as crianças.
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No teste de vocabulário expressivo, por exemplo, crianças de famílias com baixa escolaridade pontuaram 6,74 antes do treinamento dos pais, enquanto as de famílias com mais estudo tiraram uma nota 8,25. Após o treinamento para ler em voz alta, a diferença entre os dois grupos de crianças caiu: 8,34 a 8,53. Os pesquisadores observaram a mesma situação no teste de vocabulário receptivo.
Para os pesquisadores, os resultados apontam como políticas voltadas à primeira infância podem desempenhar um papel no combate às desigualdades sociais e educacionais.
“O baixo nível de escolaridade dos pais não significa um impedimento para que eles promovam o desenvolvimento verbal de seus filhos, desde que tenham acesso a livros e técnicas adequadas de leitura interativa. Percebemos que a condição de pobreza e a baixa escolaridade dos pais não são inexoráveis. É possível mudar a condição e o destino das crianças”, defendeu João Batista.
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Para João Batista, o maior desafio é fazer com que essas pessoas continuem lendo para os filhos. “É preciso manter a atenção às crianças mais vulneráveis, ampliar o acesso aos livros e continuar apoiando-as para que os ganhos na primeira infância não se percam nos anos seguintes”, concluiu.
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Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.
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