Kwanzaa: conheça a alternativa afrorreferenciada para o Natal ocidental

Celebrada entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro, essa tradição surgiu durante o movimento de luta pelos direitos civis, na década de 1960, nos Estados Unidos

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Família negra acende vela conforme tradição da celebração de Kwanzaa
São sete dias de celebração e sete velas, que devem ser acesas uma por dia e remetem aos princípios do Kwanzaa
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Por Giovanna Castro* – Papai Noel com roupa vermelha, barba branca, bochechas rosadas, saco de presentes, trenó com renas e neve, muita neve. É Natal!

Mas espera, estamos no Brasil, não temos pinheiros como parte da nossa biodiversidade, bochechas rosadas, renas e muito menos neve.

Especialmente em tempos de severas ondas de calor de derreter boneco de neve, não dá mais para celebrar o Natal sem refletir sobre a repetição de uma tradição importada de países do hemisfério norte.

Nós, brasileiros, não temos um ritual de Natal para chamar de nosso. E a nossa ascendência africana nos convoca a pensar sobre como festejar o nascimento, a vida e o recomeço dentro da diáspora e com base na cultura de diferentes povos do continente africano. 

É dessa realidade que surge Kwanzaa, festa criada no contexto do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos que foca no fortalecimento de valores muito fincados no modo de viver do continente africano, mas universais à medida em que reforçam noções de solidariedade, compartilhamento, paz, convivência, empatia e colaboração.

Kwanzaa não tem a ver com nenhuma religião e justamente por isso é festejado logo após o feriado católico. Mais especificamente entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro.

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É uma celebração da família, da comunidade e da cultura seguida por afro-americanos de várias partes do globo. É feriado nos Estados Unidos, onde foi criado em 1966 por Maulanga Karenga, professora de estudos africanos na Universidade Estadual da Califórnia e personalidade central do afrocentrismo. 

Cada dia do Kwanzaa representa um dos sete princípios do feriado. Umoja é unidade, Kujichagulia é autodeterminação, Ujima representa a responsabilidade coletiva, seguido de Ujamaa, que dá conta da economia cooperativa. Completando a lista, se seguem Nia, que tem a ver com propósito, Kuumba, criatividade, e Imani, a fé.  

Juntam-se aos temas, símbolos como frutas, legumes, nozes, tapete de palha, castiçal, espigas de milho, presentes, um copo comunitário que significa unidade e sete velas nas cores vermelho, verde e preto, representando os sete princípios. A comemoração se dá na reunião dos integrantes das famílias, que acendem a cada dia uma vela do castiçal chamado Kinara e conversam sobre o tema do dia correspondente. Ao final dos sete dias, com as velas acesas, acontece a festa comunitária chamada Karamu. 

O Kwanzaa não tem apelo comercial, não é sobre presentes caros, não é sobre comilança e banquetes fartos, é sobre ser humano e avaliar cada aspecto fundamental da existência individual que evolui na interação em comunidade. É uma iniciativa que, além de resgatar valores ancestrais, reúne as famílias para falar sobre temas que andam cada vez mais negligenciados no mundo conduzido pela velocidade, pelo consumo e pela tecnologia, e em que a essência do sujeito é negligenciada dando espaço para o exercício das aparências e superficialidade.

  • Giovanna Castro fundadora da plataforma Mãe Preta Amarela, uma empresa de impacto social que oferece soluções para a maternidade da criança preta.

*Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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