Google como rede de apoio: ‘meu companheiro e psicólogo nas noites escuras’

Em tom de brincadeira, a escritora Sheila Trindade diz que sua maternidade "é toda pautada no mecanismo de busca" - ainda que haja exceções

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Mãe pesquisa no Google
De problemas intestinais a história, tudo pode ser encontrado no Google
Buscador de educadores parentais
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Quando engravidei do meu primeiro filho, ganhei um livro enorme que ensinava sobre os cuidados do bebê. Lá explicava sobre gestação, parto e pós-parto. Dava dicas simples sobre lavagem de roupas, tipo de colchão para o bebê, o perigo das mantas soltas no berço e introdução alimentar. Dicas que de tão boas, acabei colocando em prática. Talvez por também não ter com quem compartilhar a maternidade, eu não sei. Mas segui boa parte delas. O livro termina quando o bebê chega aos dois anos. Poxa vida, na hora que a coisa ia deslanchar, ele me abandona sem rumo. Até aquele momento meu bebê era um anjo dorminhoco. Tranquilo de cuidar. Depois foi complicando. Como boa mãe de primeira viagem eu procurava algo que me ajudasse a maternar, algo com dicas práticas como uma receita de bolo. Não tem. Criança não tem manual. Até porque, todos os dias tudo muda. A dica infalível que funciona com uma pessoa pode não servir para você e vice-versa. 

Buscando me modernizar e enfim parecer descolada, passei a procurar respostas no Google. Tudo me pareceu mais dinâmico e atual. Lá as coisas são mais rápidas e até o que está errado eles consertam. Lembra quando “patroa” no Google significava “dona de casa”. Foi a Anitta pedir e mudou. Maravilha! Minha maternidade, desde então, é toda pautada no Google. Na falta de quem perguntar, sempre joguei nas costas do buscador minhas maiores aflições: 

– Alimentos que soltam o intestino  

– Alimentos que prendem o intestino muito rápido. 

– Pomada de assaduras barata. 

– Alimentos que equilibram o intestino ou nem tanto.  

 O Google foi meu companheiro e psicólogo nas noites escuras repletas de dúvidas. Só não recomendo pesquisar sobre doença. Dica: é sempre câncer no cérebro.

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O problema é que agora meus filhos também buscam as respostas lá. Sim, senhoras e senhores, esse dia chegou. Dia desses, rolou uma treta pesada aqui em casa. Estavam conversando sobre mostrar o dedo do meio e eu entrei dizendo que era uma coisa muito feia de se fazer. Meu filho de 10 anos, veja o conhecimento do menino sobre história:

– Mas mãe, você sabia que o folclore inglês conta que durante a batalha de Agincourt contra os franceses, soldados ingleses mostravam os dois dedos aos combatentes franceses como forma de provocação porque os soldados da França quando capturavam os ingleses gostavam de cortar os dedos para dificultar o uso de espadas e evitar que eles conseguissem atirar flechas. Era só uma provocação. 

Eu tive que jogar no Google e não é que era verdade? Tá na BBC e tudo. Foi bom descobrir que meu amigo Google além de me ajudar com problemas intestinais das crianças quando eram pequenas, agora ensina história. Mas ó, já aviso: tudo checado e comprovado direitinho e, no caso das crianças, acompanhado de perto, porque todos gostamos de aprender juntos. E mais um adendo: quando o assunto é saúde, quem orienta é o médico, claro!

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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