Filho nervoso? O que os pais podem dizer para ajudá-lo

Na angústia de ver a criança sofrendo, pais buscam dar argumentos que possam diminuir a dor que ela sente, mas isso não funciona e "não é empático", afirma a antropóloga Renata Pereira Lima

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Menino apoia cabeça nas mãos e cotovelo sobre livros na mesa
Antropóloga fala da importância de escutar e acolher os filhos
Buscador de educadores parentais
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Levanta a mão quem já viu essa cena em casa: Seu filho está estudando matemática e começa a ficar nervoso porque não está entendendo o que tem que fazer. O tempo passa e ele começa a chorar, de tão nervoso que está.

Aí você chega perto e tenta acalmá-lo, mas não consegue. Sem saber o que fazer para acabar com aquele drama, você diz: “Filho, não fica assim, quando eu tinha a sua idade, eu também achava super difícil matemática, era muito complicado, mas não adianta ficar desse jeito”.

Eis que ele vira e fala: “Mãe/Pai, para de ficar me comparando com você!! Eu não sou você, você era desse jeito, eu não!! Eu fico nervoso, me deixa!!”

Não é fácil ver outras pessoas sofrendo. Filhos e filhas, então, impossível! A dor do outro é um lugar em que não gostamos de ficar, em que nos sentimos impotentes. Instintivamente, tentaremos sair dali, tirando o outro daquele “buraco”. 

Com as nossas melhores intenções, nós tentamos diminuir o sofrimento do filho. Falamos que não precisa ficar daquele jeito, fazemos comparações com o que nós sentimos ou sentiríamos naquela mesma situação, dizemos que tudo aquilo vai passar, tentamos mostrar o lado bom das coisas, tentamos ser racionais e práticos. Cada um de nós tem um ”jeito especial” de fazer isso.

O problema é que tentar diminuir o sofrimento do filho ou da filha não funciona. Não acolhe, não faz o filho “sair do buraco”, não é empático. Empático é ficar na dor dele, “ficar no buraco com ele”. Mas como? Reconhecendo o que ele está sentindo: “Matemática é difícil mesmo, tem horas que a gente acha que não vai conseguir nunca, que isso não serve pra nada, dá a maior raiva!” 

“Ai, Renata, mas assim não estamos ajudando o nosso filho, não estamos resolvendo o problema!”

É verdade. Podemos não resolver o problema, mas quando escutamos e acolhemos:

  1. Não atrapalhamos mais, não colocamos mais lenha nessa fogueira;
  2. Sem “fogo alto”, ajudamos o filho a se acalmar: finalmente alguém entendeu o que ele está passando;
  3. Ao ser compreendido, o filho consegue pensar em como ele vai “sair do buraco”: ser entendido acalma, diminui a pressão que ele está sentindo e abre espaço para a busca de soluções.

É preciso esforço e tempo para mudar velhos hábitos. A boa notícia é que comunicação empática pode ser uma grande aliada. Experimente!


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