Falar devagar e em tom alto com o bebê favorece o seu desenvolvimento, diz estudo

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Tem gente que gosta de falar com os bebês tentando imitá-los, fazendo voz fina e emitindo sons incompreensíveis. Em inglês, existe até um termo para descrever essa prática, chamado “baby talk”. Educadores tendem a discordar, baseados em estudos que sugerem que a prática pode não beneficiar a criança, por apresentar a ela uma linguagem extremamente simplificada e que limita sua compreensão de um código linguístico “adulto”. No entanto, uma outra forma de falar com os filhos, chamada em inglês de “parentese”, pode influenciar positivamente o desenvolvimento da linguagem das crianças.

O “parentese” é caracterizado por ser um estilo de fala que tem um tom mais alto, um ritmo mais lento e uma entonação exagerada que atraem a atenção do bebê. Diferentemente do “baby talk”, o “parentese” usa a gramática correta, além de palavras reais e simples. Esse estilo de falar com os filhos pode ajudar os pequenos a aprenderem mais rápido por seguir a norma culta da língua.

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Uma pesquisa do Instituto de Aprendizagem e Ciências do Cérebro (I-Labs, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, publicada em fevereiro, investigou se pais alterariam sua forma de falar para incluir o “parentese” se eles soubessem que esse estilo de discurso ajudaria seus filhos a aprenderem. E os resultados apontaram que sim.

Os cientistas informaram os pais sobre o valor do “parentese” no aprendizado do bebê, os treinaram para usá-lo e examinaram como isso afetou o uso dessa forma de fala por eles com seus próprios filhos. Os resultados indicaram que os pais ensinados sobre a importância do “parentese” o usaram com mais frequência do que aqueles que não foram ensinados, produzindo mais conversas entre pais e bebês e melhorando as habilidades linguísticas das crianças.

Patrícia Kuhl, pesquisadora do I-Labs, explica o estudo que analisou os benefícios do “parentese” nos bebês

“Sabemos há algum tempo que o uso do ‘parentese’ é associado a melhores resultados de linguagem. Mas não sabíamos o porquê”, diz Patricia Kuhl, co-diretora do I-LABS e professora de ciências da fala e audição na universidade. “Este novo trabalho sugere que a ‘parentese’ funciona porque é um gancho social para o cérebro do bebê – seu tom alto e ritmo mais lento são socialmente atraentes e convidam o bebê a responder”, acrescenta ela.

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Para o estudo, as famílias participantes utilizaram um gravador colocado em um colete que os bebês vestiram em quatro fins de semana separados, nas idades de 6, 10, 14 e 18 meses. O aparelho gravou a fala da criança e dos pais para que os pesquisadores pudessem medir o uso do “parentese” e a produção infantil de linguagem – sendo essa linguagem apenas sons ininteligíveis ou palavras. As sessões de treinamento em “parentese” dos pais foram feitas aos 6, 10 e 14 meses. O resultado foi que o treinamento resultou no aumento do uso desse estilo de fala e no aumento de vocalizações infantis.

Filhos de pais treinados falaram palavras reais com quase o dobro da frequência das crianças cujos pais não receberam treinamento. Pesquisas com os pais estimaram que o vocabulário aos 18 meses das crianças de pais treinados tinha média de 100 palavras, enquanto o das crianças cujos pais não tinham tido treinamento tinha em média 60 palavras.

Patricia Kuhl ressalta a importância do estudo. “A linguagem evoluiu para facilitar as habilidades de comunicação social que são essenciais para a sobrevivência da espécie. Neste estudo, nós observamos em primeira mão como a linguagem e o engajamento social dos pais pode promover as respostas iniciais do bebê, que se transformam em palavras e depois em frases — educando os bebês na arte da comunicação humana”, afirma ela.

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Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.

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