Expectativas devem levar em conta singularidades de cada indivíduo

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    Foto: Pixabay

     

    Por Rodrigo Hübner Mendes

    A ideia de que as interações de pais e mães com suas crianças influenciam significativamente a forma como elas se enxergam não é nenhuma novidade. No campo da pedagogia, estende-se também para as relações entre educadores e educandos. No entanto, tal ideia merece ser constantemente revisitada, tendo em vista a urgência de oferecermos aos nossos estudantes uma educação capaz de conciliar equidade e aprendizagem.

    Há alguns anos, contratei uma pesquisadora de Harvard para produzir um estudo de caso sobre a Henderson School, escola situada em Boston, publicamente reconhecida por enormes avanços no acolhimento das diferenças humanas. Ao receber seu documento final, fui pego de surpresa com a explicação de que o lema seguido pelos estudantes era “O fracasso escolar não é uma opção”. Fiquei extremamente incomodado, pensando que aquilo parecia ser a antítese do que eu entendia ser uma escola inclusiva. Agendei uma conversa com a pesquisadora e, após me desprender da minha própria resistência, entendi que os professores buscavam cultivar a crença de que os estudantes não deveriam desistir.

    A frustração era algo vivido por todos, mas não podia impedir que se buscasse o melhor de cada um, a partir da aposta em altas expectativas. É importante esclarecer que essas altas expectativas precisavam dialogar com as singularidades de cada estudante, ou seja, eram personalizadas e revisadas com frequência.

    Tenho viajado para várias regiões do mundo em busca de práticas educacionais exemplares em relação à igualdade de oportunidades. Com base em tudo que encontrei, entendo que a escola inclusiva é aquela que acolhe todos e persegue altas expectativas para cada um. Mas será que não é óbvio, diante de tantas demandas do mundo contemporâneo, que a escola deve perseguir altas expectativas com seus estudantes? Não, isso ainda não é óbvio, especialmente para quem esteve tanto tempo de fora, como é o caso de pessoas com deficiência, transtornos do espectro autista e outras especificidades.

    Ainda é notória a forma como alguns pais e professores subestimam o potencial dessas pessoas na escola e, muitas vezes, amputam sua autoestima com atitudes negativas. Reavaliar nossos pontos de vista e canalizar bastante atenção ao papel que exercemos no processo de construção das identidades de nossas crianças e, consequentemente, das projeções que farão para seu futuro é essencial para viabilizarmos a escola dos nossos sonhos. Aquela em que todas são respeitadas, valorizadas e aprendem.

    Rodrigo Hübner Mendes é professor e pesquisador sobre educação inclusiva, fundador do Instituto Rodrigo Mendes (institutorodrigomendes.org.br), membro do Young Global Leaders (Fórum Econômico Mundial) e empreendedor Ashoka.

     

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