3 a cada 10 alunos dizem sofrer bullying em São Paulo; já 10% afirmam realizar a prática

Dados são de mapeamento feito pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna que analisaram a percepção dos jovens sobre uma série de competências socioemocionais

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Focused mix raced girl sitting at school desk and drawing in copybook. Front view. Education or back to school concept
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Três em cada dez alunos da rede estadual paulista dizem sofrer bullying dos colegas. Já um a cada dez alunos afirma realizar a pratica, que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. A aparência do corpo e do rosto, a cor ou a raça são alguns dos principais motivos que levam os estudantes a sofrer bullying. Os dados constam de mapeamento feito pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (Seduc-SP), em parceria com o Instituto Ayrton Senna, com o objetivo de analisar as competências socioemocionais dos estudantes, tais como empatia, confiança, curiosidade para aprender, imaginação criativa, tolerância ao estresse e persistência.

O estudo foi realizado em 2019 com 110.198 estudantes do 5° e do 9° ano do ensino fundamental e do 3° ano do ensino médio, de 3.586 escolas da rede estadual paulista. A pesquisa mostra que dentre esse universo, os alunos mais novos, por volta dos 10 anos, se sentem confiantes e persistentes, já aqueles na faixa etária de 13 a 15 anos se percebem menos desenvolvidos em quase todas as competências socioemocionais.

De acordo com a pesquisa, desenvolver essas competências pode ajudar muito na melhoria do desempenho escolar e no fortalecimento da saúde mental, contribuindo também para a redução do abandono e da violência escolar – aspectos que foram seriamente prejudicados durante a pandemia devido ao fechamento das escolas.

Práticas que ajudam na prevenção da violência escolar

Dos entrevistados, 31.340 responderam as questões sobre bullying, e 29,7% declararam ter sido vítimas da prática nos 30 dias anteriores à pesquisa. Um total de 16,1% disseram ter sido “zoados” ou humilhados pelos colegas devido à aparência do corpo, e 14,5%, pela aparência do rosto; 8,1%, por sua cor ou raça. Com menor frequência, alunos também sofrem bullying por motivos como a religião (7,3%), orientação sexual (6,5%) e região de origem (6,2%). A pesquisa permitia selecionar mais de uma causa.

O mapeamento destaca características como autoconfiança, responsabilidade e respeito como as competências que mais requerem atenção das vítimas de bullying, por ajudá-las a lidar melhor com a agressão. Ao todo, 20,7% dos alunos do 5° ano disseram ter pouco desenvolvida a autoconfiança, índice que sobe para 31,7% entre os jovens do 9° ano e 27,5% no 3° ano do ensino médio.

Fortalecer a tolerância à frustração também pode ajudar as vítimas de bullying a lidar com o intimidador, diz o estudo. Um total de 33,6% dos alunos do 5° ano avaliaram esse aspecto como pouco desenvolvido, percentual que chega a 34,6% no 9° ano do fundamental e 30,9% no 3° do ensino médio.

Iniciativas para a melhoria da convivência e o clima escolar

Para combater o problema e ajudar crianças e adolescentes a desenvolver as competências socioemocionais, a secretaria de educação diz ter implementado uma série de programas, entre os quais, o “Conviva SP” que tem como objetivo:

  • Tornar toda escola um ambiente solidário, colaborativo, acolhedor e seguro, contribuindo para a melhoria do clima escolar e da aprendizagem;
  • Promover e articular a participação ativa da família na vida escolar dos estudantes da rede de ensino estadual;
  • Articular e fortalecer a rede de proteção social no entorno da comunidade escolar, com aproximação entre os serviços de assistência e saúde mental.

Programas de ensino integral, que consistem em um tempo maior na escola, e que orientam os professores sobre como promover o desenvolvimento de competências socioemocionais de forma articulada ao material didático de recuperação e aprofundamento também fazem parte das ações do governo paulista.

Veja apresentação do mapeamento aqui.


Leia também: 46% dos pais apoiam fechamento de escolas na pandemia, indica pesquisa Datafolha


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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. É mãe do Martim, 9 anos, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.

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