Crianças dizem se sentir mais seguras com a máscara

Em vídeos gravados para a Canguru News, crianças comentam o uso da proteção, mesmo não sendo mais obrigatória em várias cidades do país; para diretora de Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, governos poderiam ter aguardado mais um pouco para retirada da máscara

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Os irmãos Júlia e Joaquim Saggioro Oliveira falam sobre uso de máscara na escola, mesmo tendo sido liberado o uso
Júlia, na foto com o irmão Joaquim, diz que prefere seguir usando máscara, mesmo tendo sido liberado o uso
Buscador de educadores parentais
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Mesmo com a liberação do uso de máscaras em diversas cidades do país, muitas crianças seguem utilizando o equipamento de proteção para ir à escola e em outros momentos em que saem de casa. Em vídeo (veja abaixo) gravado pelas mães para a Canguru News, alguns desses pequenos entrevistados lembram que a pandemia ainda não acabou e dizem que o acessório é importante para evitar a transmissão do vírus. “ Eu me sinto mais segura com máscara do que sem máscara, porque com máscara eu sei que estou mais protegida do vírus”, diz Júlia Saggioro Oliveira, 10 anos, de São  Paulo.

Maria Eduarda Gotelipe Cypriani, 8 anos, que vive em Mairiporã (SP), diz que prefere usar máscara, mesmo tendo sido liberado o uso do acessório em sua cidade. Ela explica que a irmã menor, de 3 anos, ainda não recebeu a vacina, e elas têm que tomar cuidado para não transmitir a Covid aos avós, que fazem parte do grupo de risco. “É importante usar a máscara para não contaminar eles”, diz a garota.

O uso de máscaras foi liberado nos ambientes abertos em mais de 20 capitais brasileiras, e, em pelo menos oito delas, também em ambientes fechados como as escolas. Porém, mesmo com a desobrigação, muitas escolas optaram por manter a orientação de uso do equipamento. Há também cidades em que a máscara segue sendo obrigatória nas escolas e outros espaços de maior risco. É o caso de Campinas, no interior de São Paulo, que baixou um decreto com essa determinação devido à baixa cobertura vacinal e ao receio de não ter leitos para atender todas as crianças que necessitam de internação – desde novembro passado, a cidade vê crescer o número de casos infantis por doenças respiratórias.

No Brasil, cerca de 50% das cerca de 20 milhões de crianças entre 5 e 11 anos receberam a primeira dose da vacina, segundo informações do consórcio de veículos de imprensa O Globo, Extra, G1, Folha de S. Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, que reúne dados das secretarias estaduais de Saúde. E apenas 12,6% desse público foi imunizado com a segunda dose.

SBIm defende uso de máscara

Nos locais em que a máscara não é mais obrigatória, os governos dizem considerar o avanço na vacinação e a queda no número de infecções e mortes por Covid como argumento para essa decisão. No entanto, para entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), teria sido melhor manter o uso da proteção por mais tempo. A pediatra Flávia Bravo, diretora da SBIm, avalia que a desobrigação do uso de máscara neste momento foi precipitada, principalmente considerando o baixo número de crianças de 5 a 11 anos vacinadas, o aumento de doenças respiratórias no outono, que recém começa, e a maior facilidade para transmissão do vírus em locais de baixa ventilação, como são muitas salas de aula.

“O ideal era prorrogar um pouquinho mais essa liberalidade com o uso de máscara, exatamente considerando que vamos entrar na estação de infecções respiratórias, que prejudicam inclusive o diagnóstico de Covid ou outra doença, com crianças abaixo de 5 anos, que não serão vacinadas, e a partir de 5 anos, com cobertura vacinal baixa”, afirma a diretora.

Ela ressalta o pequeno número de testes feitos no país para rastreamento da doença, o que é um agravante principalmente para a população mais pobre. “A despeito de estarmos observando queda nos índices, ainda mantemos níveis altos, não se pode dizer que a Covid acabou, o vírus está circulando, temos uma média de 200, 300 mortos por dia, isso é muita coisa”, afirma Bravo. Ela destaca que em outros países, voltaram a ocorrer picos do número de casos de covid, e isso pode ocorrer no Brasil.

Já o infectologista José Cerbino Neto, pesquisador do Instituto D’OR (RJ), acredita não ser necessário agora o uso de máscara. Como membro do comitê especial de enfrentamento à Covid, do Rio de Janeiro, que desobrigou o uso de máscaras na cidade, ele afirma que o equipamento deve ser usado apenas por pessoas que têm risco maior de infecção por Covid. “Nas escolas é importante sempre frisar que essa é uma decisão para este momento. Havendo mudança no cenário epidemiológico pode ser que seja necessário voltar a utilizar máscara”, analisa o infectologista.

Estudo mostra redução na transmissão de casos quando máscara é utilizada

Um estudo realizado pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA), buscou estimar o impacto do uso de máscara na transmissão da Covid nas escolas de oito estados americanos. O resultado mostrou que a proteção facial teve papel importante na redução de casos de covid em 2021, mesmo quando já havia vacina. Segundo a pesquisa, houve uma queda de 72% de casos adquiridos em escolas, ao comparar estados que mantiveram o uso de máscara e aqueles que liberaram. A análise levou em conta um universo de mais de 1, 1 milhão de alunos do ensino fundamental e médio e 157 mil professores e funcionários da comunidade escolar.


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