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Covid-19 e as crianças: o que diz a ciência
Desde o início da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem se falado que as crianças parecem ser menos afetadas que adultos e idosos. Observação e pesquisas apontam nessa direção. Entre os casos registrados no mundo, elas representam apenas entre 1% e 5%, segundo a agência de saúde francesa Santé Publique France. O site pediátrico britânico Don’t Forget The Bubbles afirma que formas críticas da doença em crianças parecem ser muito raras (cerca de 1% do total), com poucas mortes. As informações são da agência de notícias AFP.
Ou seja, a grande maioria dos casos de Covid-19 em crianças é leve ou assintomático. Segundo reportagem publicada no portal UOL, outra pesquisa, realizada na Itália, mostrou isso: de 130 casos confirmados em menores, 75,4% foram assintomáticos ou com pouquíssimos sintomas da doença, todos em níveis leves. O estudo foi realizado pelo Instituto de Recuperação e Cura com Caráter Científico (IRCCS) da Maternidade Infantil Burlo Garofolo, em 28 centros médicos de 10 regiões italianas, durante as primeiras semanas da pandemia.
“Dos casos analisados, emerge, com evidência, o fato de que a doença demonstra uma menor periculosidade nas crianças em relação aos adultos”, destacou a médica Marzia Lazzerini, ao divulgar a prévia do estudo. A pesquisa completa será publicada no European Journal of Pediatrics.
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Além de poucos ou nenhum sintoma, crianças também podem apresentar sintomas diferentes dos adultos para a Covid-19. Segundo o Correio Braziliense, estudo realizado em Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos de infecção de seres humanos pelo novo coronavírus, apontou que crianças com Covid-19 apresentaram problemas gastrointestinais sem ter qualquer outro sintoma relacionado à doença. Os pesquisadores analisaram o quadro clínico de cinco crianças com Covid-19, sem sintomas respiratórios, internadas no Hospital Tongji. As descobertas foram apresentadas na última edição da revista especializada Frontiers in Pediatrics, mas o autor afirma que serão necessárias outras pesquisas para confirmar os resultados, uma vez que o grupo analisado não foi amplo.
O pesquisador afirma que é mais difícil diagnosticar as crianças com Covid-19, justamente pela ausência de sintomas respiratórios. De acordo com o cientista, os resultados sugerem que o coronavírus pode infectar pacientes também pelo trato digestivo, por contato ou transmissão fecal-oral. Ele espera que a pesquisa ajude a diagnosticar e isolar mais rapidamente pacientes com sintomas semelhantes.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), “crianças e adolescentes são tão suscetíveis à infecção quanto qualquer outra faixa etária”. Já outros especialistas discordam, acreditando que crianças e, em particular, menores de 10 anos, têm menos probabilidade de contrair a Covid-19 do que os adultos. Em relação à transmissão, também não há consenso. De acordo com a AFP, “é a grande incógnita”, pois há estudos com resultados conflitantes e muitas outras pesquisas em andamento. Na dúvida, as crianças são consideradas potenciais transmissoras (sintomáticas ou assintomáticas) da Covid-19 e devem seguir todos os cuidados, inclusive usar máscara para sair de casa – exceto menores de dois anos e outros grupos de risco para sufocamento.
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Em relação à síndrome inflamatória aguda multissistêmica que pode ter alguma relação com o coronavírus, os médicos pedem que ninguém entre em pânico: ela é rara e há poucos casos. A doença foi registrada na Europa e na América do Norte e, mais recentemente, na Coreia do Sul. Como tudo o que é relacionado ao coronavírus gera interesse, os casos ganharam muita visibilidade. O Dr. Jeffrey Burns, em entrevista à CNN americana, afirmou que a síndrome parece ser causada não pelo vírus, mas por uma resposta imunológica tardia e exagerada ao vírus. Ele é especialista em cuidados críticos no Hospital das Crianças de Boston, nos Estados Unidos, e coordena um grupo global de médicos que comparam conhecimento sobre a síndrome. Burns acredita que mais casos da síndrome vão aparecer, à medida que o novo coronavírus infectar mais pessoas, pois ela é rara, mas consequências raras de infecções virais são vistas com mais frequência quando milhões estão infectados. Saiba mais sobre a síndrome.
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Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.
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