“A comunicação não violenta (CNV) tem por base a gente se conectar melhor com o outro, entender como a gente pode se expressar e como a gente pode ouvir”, diz a fonoaudióloga e consultora em comunicação não violenta, Juliana Portas. Ela explica que não se tratam só de técnicas ou ferramentas, nem de como falar de forma fofa e boazinha, mas de como podemos conversar melhor, entender as necessidades do outro e expressar as nossas necessidades, o que vale também na relação entre pais e filhos.
Na hora do banho, do almoço ou da escola, é comum apressarmos as crianças para que atendam aos nossos pedidos. Porém, Juliana lembra que a preocupação com questões como não chegar atrasado na escola e fazer com que o filho se alimente bem é muito mais dos adultos do que dos filhos, e é preciso atentarmos a isso para estabelecer uma comunicação respeitosa em família.
“Muitas vezes, educamos os filhos pela linguagem da violência e submissão, ou os ensinamos a só obedecer e não ter seus próprios limites respeitados, o que nem sempre funciona”, afirma a consultora. Ela complementa que mais do que obedecer é importante que os pequenos nos compreendam e contribuam para que tenhamos uma convivência melhor.
Segundo Juliana, os pais reclamam de não serem ouvidos pelos filhos, mas não se atentam para ouvi-los. “A gente quer que a criança pense exatamente como a gente pensa e não é assim que acontece. A criança tem as suas próprias vivências e a comunicação não violenta nos faz olhar para essas vivências e validar isso como um lugar de sabedoria”, afirma. Ao mesmo tempo, Juliana diz ser necessário dar espaço para os nossos erros e vulnerabilidades, permitindo que sejam expostos para a criança. E se o comportamento dos filhos nos provoca gatilhos, é importante entender, até com a ajuda de um terapeuta ou outro profissional, se for o caso, o que nos faz sentir o desconforto.
Educar as crianças pode ser maravilhoso quando:
- Estabelecemos uma relação de confiança;
- Aprendemos a interpretar e lidar com os comportamentos delas;
- Elas têm liberdade para nos contar como se sentem;
- Entendemos melhor como elas enxergam o mundo.
Fonte: Instituto Tiê
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“Você é o adulto da relação. É você que precisa pensar e ter mais maturidade. Não é a criança que tem que arcar com essa conta, porque na nossa sociedade a gente faz isso, a gente se estressa com o chefe, com os problemas do trabalho, com o trânsito, com a política e aonde a gente desconta? Na criança, que é um lugar mais vulnerável, mais dolorido e está sempre ali para nos amar, então que a gente possa ter consciência disso”, destaca a especialista.
Em entrevista para a série Conversas sobre parentalidade, Juliana Portas fala sobre a importância da conexão, escuta e atenção às necessidades dos filhos. Ela fala também da necessidade de cuidado com o outro sem descuidar de si, respeitando os próprios limites com autocompaixão e empatia.
Dicas de livros sobre comunicação não violenta e as crianças
Criar filhos compassivamente – Marshall Rosenberg
A virtude da raiva – Arun Gandhi
A linguagem da girafa – Jean Morrison
Caderno de exercícios de Comunicação Não Violenta com as crianças – Anne von Stappen e Catherine Blondiau
Eu e meus sentimentos – Vanessa Green Allen
O surpreendente propósito da raiva – Marshall Rosenberg
Quando eu voltar a ser criança – Janusz Korczak
Educação Não Violenta – Elisama Santos
Criar Filhos no século XXI – Vera Iaconelli
Não Violência na educação – Jean-Marie Miller
Fonte: Juliana Portas