As notícias sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas estão por toda a parte, no noticiário e nas redes sociais, e muitas crianças que já tomaram conhecimento do assunto, certamente farão perguntas para entender melhor o que está acontecendo. Pensando nisso, destaco abaixo oito tópicos que podem ajudar os pais a iniciar essa conversa, observando aspectos como o que as crianças já sabem sobre a guerra, como estão se sentindo e os conteúdos a que têm acesso. Essa é uma boa oportunidade também para mostrar os valores da família e ensinar os filhos a respeitar diferentes religiões, povos e culturas.
1. Cuide primeiro de você
Se a guerra não é um tema fácil para adultos, imagine para as crianças… Precisamos estar bem com as nossas emoções e pensamentos para conseguir ajudar nossos filhos a lidar com a situação. Quanto mais calmos e “sob controle” estivermos, mais tranquilidade e segurança passaremos para eles.
Vale lembrar o bom exemplo dos aviões: máscaras de oxigênio primeiro aos adultos e depois às crianças.
2. Cuidado com o consumo excessivo de notícias: nosso e dos filhos
Precisamos prestar atenção se as informações que estamos consumindo sobre a guerra estão nos ajudando ou nos atrapalhando. Se estiverem nos deixando muito tristes ou abalados, pode ser a hora de fazer uma pausa, de mudar a rotina.
Os especialistas alertam para o risco do “trauma indireto”: mesmo estando longe da guerra e sem conhecer pessoas diretamente afetadas, podemos, sim, sofrer muito.
Também temos que cuidar do acesso dos nossos filhos às informações:
- Crianças pequenas: estão por perto enquanto os adultos assistem aos noticiários?
- Filhos maiores: estão acessando via redes sociais?
3. Converse sobre o que os seus filhos sabem
Antes de começar uma conversa delicada com os filhos, é sempre interessante (e prudente!) saber o que eles já conhecem ou já entenderam do assunto. Podemos fazer perguntas, identificar o que os preocupa. Assim, poderemos nortear e planejar nossas respostas, além de corrigir eventuais informações equivocadas que eles possam ter absorvido.
Outro ponto importante é adequar as informações e o vocabulário a cada faixa etária.
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4. Verifique como eles estão se sentindo
Nem sempre nossos filhos conseguirão verbalizar o que sentem. Nesse caso, podemos sugerir sentimentos, falar dos nossos, sempre lembrando que todos os sentimentos são válidos e podem ser aceitos! Tudo bem sentir medo, angústia, tristeza, dor…O que não podemos fazer é minimizar os sentimentos dos filhos, fingir que eles não existem, mudar de assunto para que o clima melhore, dizer que “não precisa ficar assim…”
Não falar sobre os sentimentos “desagradáveis” não fará com que desapareçam. Muito pelo contrário. Falar sobre os sentimentos “desagradáveis” é o que vai ajudar a dissipá-los, pois os filhos entenderão o que estão sentindo.
5. Lembre-se: o preconceito começa em casa
Não é fácil falar sobre religiões, povos e culturas que podemos não conhecer tão bem. Precisamos tomar cuidado, escolher bem as nossas palavras para não generalizar ou desenvolver preconceitos contra grupos de pessoas, países específicos ou regiões do mundo.
Podemos aproveitar essas conversas para relembrar nossos filhos do que é importante para nossa família, de quais são os nossos valores. Reforçar que a violência, o bullying e a discriminação não são aceitáveis e conversar sobre o que cada um de nós pode fazer para melhorar a convivência com as diferenças.
6. Você não tem que ter todas as respostas
Não precisamos ser especialistas no assunto, podemos não saber o que responder…
Teremos uma ótima oportunidade para pesquisar junto com os filhos, buscar respostas, conversar sobre quais são fontes confiáveis e por que, falar sobre as “fake news”, desenvolver o pensamento crítico.
7. Cuidado ao encerrar a conversa
Ao final dessa conversa delicada, precisamos cuidar para que ela não deixe os filhos com a sensação de tristeza, stress ou sofrimento (se puder evitar ter essa conversa à noite, antes de dormir, melhor).
Podemos lembrá-los de que estamos longe da guerra, que cuidaremos deles e estaremos sempre por perto para ouvir e conversar sobre tudo o que está acontecendo. Também podemos falar do importante papel das ajudas humanitárias, dos trabalhos voluntários, das doações. Isso ajuda a trazer algum conforto.
8. Faça um “check-up” frequente com seus filhos
Não sabemos como cada um de nós vai lidar com tudo isso. Uma conversa pode ser suficiente para acalmar, mas o desconforto pode persistir. É importante observar os filhos diariamente, identificar eventuais sinais de ansiedade e stress e, principalmente, se colocar disponível para novas conversas.