Uso saudável de telas: isso é possível? Basta sair para almoçar fora no final de semana e olhar para os lados: vai bater aquela dúvida ao tentar responder a essa pergunta. Na maioria das vezes, é difícil achar uma família em que a criança não esteja com os olhos grudados em uma tela. Os pais costumam posicionar o tablet ou celular na mesa antes mesmo de a criança se sentar.
E, se por acaso você encontrar alguma mesa em que a criança não esteja grudada na tela, é bem provável que ela esteja brincando, falando alto, correndo ou até mesmo chorando. E aí os olhares em volta serão de reprovação, muitas vezes pensando “por que essa mãe não dá logo o celular para a criança ficar quieta?”.
A que ponto chegamos… A presença da tecnologia na vida das crianças e adolescentes – e na nossa também – está tão normalizada que hoje o estranho é uma criança fazer barulho no restaurante, sem ser silenciada pelo desenho no celular. Quando foi que perdemos a mão?
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“Ah, mas o mundo agora é tecnológico, é assim mesmo”, você pode pensar. Sim, a tecnologia é algo bom. Ela é um avanço que nos possibilita coisas maravilhosas, não é algo do qual temos que fugir. Mas tudo que é feito de forma exagerada tende a se tornar negativo. A tecnologia não é a vilã da história, nós é que precisamos fazer bom uso dela.
E, mais do que isso, precisamos ensinar as crianças a fazer uso da tecnologia de forma mais equilibrada. Mas como, se nós mesmos nos perdemos no tempo rolando o feed das redes sociais, em papos no WhatsApp ou vendo séries na Netflix? Pois é, somos a primeira geração de pais e profissionais educando filhos com a internet da forma que é hoje. Ou seja, não aprendemos sobre isso com nossos pais, não tivemos essa referência. Estamos desbravando, abrindo o caminho, e isso não é fácil – mas ser difícil não quer dizer impossível.
Precisamos, antes de tudo, entender que este cuidado é, sim, responsabilidade nossa. Assim como cuidamos da alimentação, do sono, da higiene ou do estudo dos nossos filhos, temos que incluir nesse combo o uso das telas. Criando essa consciência, vamos parar de jogar essa responsabilidade em cima das crianças e adolescentes. Porque não adianta nada ficar falando – ou gritando – “você não sai desse celular!”, “já pedi mil vezes para desligar esse videogame!” e esperar que ele mude esse hábito sozinho. É o cérebro do adulto que guia o cérebro da criança ou adolescente, ou seja, seu filho precisa de você.
Sou educadora parental especialista no uso saudável das telas, mãe da Malu (12) e do João (7), e estarei a partir de agora aqui na Canguru para te ajudar nesta missão. Vamos juntos?
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.