Caso Bruninho: estamos ensinando as crianças a serem tolerantes?

É importante mostrar para as crianças desde cedo que as pessoas podem ter gostos, comportamentos e opiniões diferentes; veja 4 lições sobre tolerância

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Imagem mostra torcida em jogo de futebol e Bruninho, torcedor santista, vítima de intolerância
Foto: Reprodução
Buscador de educadores parentais
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Causou comoção o caso de Bruninho, garoto de apenas 9 anos, torcedor fanático do Santos, que foi hostilizado por pedir a camisa do goleiro reserva Jaílson, do time rival, Palmeiras, após vitória deste por 2 a 0, no último domingo (7). O jogador atendeu ao pedido do garoto, que é colecionador de camisetas oficiais, e lhe deu o uniforme, mas alguns torcedores do Santos, que presenciaram a cena, não gostaram da atitude da criança. Ele foi vaiado e chegou a receber ameaças, assim como seu pai. Bruninho usou seu Instagram, que é controlado pela mãe, segundo consta no perfil, para pedir desculpas pelo ocorrido. O vídeo viralizou na internet e inúmeras pessoas se manifestaram a favor do garoto, dizendo-se chocadas com a atitude dos torcedores santistas. Personalidades como Pelé, Neymar e Gabigol se pronunciaram para defender o garoto.

O caso mostra como a intolerância tem se tornado comum hoje em dia, nas mais diversas situações. Ataques pessoais, ofensas e xingamentos proliferam no mundo virtual e real, mostrando a dificuldade das pessoas em conviver com a diversidade de ideias, opiniões, crenças e valores. Para as crianças, tais comportamento são um péssimo exemplo do que não deve ser feito.

“As pessoas estão muito intolerantes às opiniões opostas. Ao que parece, está faltando equilíbrio, quando a gente fala que tem que se autoafirmar, colocar nossas opiniões e ser mais assertivo, isso não quer dizer não aceitar ou não tolerar a opinião do outro. As pessoas enxergam somente um lado e esquecem a tolerância em relação aos que têm opiniões diferentes das suas”, afirma a psicóloga Fabiane de Faria, idealizadora da plataforma on-line aterapia.

Ela ressalta a importância dos adultos servirem de exemplo e mostrarem às crianças que gostos, opiniões e comportamentos diferentes têm de ser respeitados. “Nós, como adultos, precisamos refletir sobre a humanização do outro, e fazer as crianças entenderem que as pessoas têm opiniões diferentes, porque elas foram criadas em contextos diferentes, com histórias de vida diferentes e isso é bom também”, relata a psicóloga.

Para Fabiane, é interessante que os pais elogiem as escolhas do filho, mas elogiem as dos amigos também. “O seu brinquedo é bonito, é legal, mas o do seu amigo também é, e que bom que os brinquedos são diferentes, assim a cada hora vocês brincam com um deles”, exemplifica a especialista.

No livro infantil Quem é você?, da editora Companhia das Letrinhas, que fala sobre tolerância, a escritora sueca Pernilla Stalfelt diz que há milhões de maneiras de pensar e “uma praia inteira de pensamentos”. No início da obra, ela escreve que esse é um livro sobre tolerância, uma palavrinha mágica muito falada, mas nem sempre exercida no mundo de hoje.

“Agimos de maneiras diferentes quando ficamos bravos ou tristes. Podemos sofrer ou não. Podemos ter algum tipo de necessidade especial. Podemos vir de países diferentes. Podemos morar em cidades diferentes. Podemos ser ricos ou pobres, jovens ou velhos”, destaca a escritora no livro.

Pernilla também aborda o preconceito, que ela descreve como “fazer um julgamento antes de saber mais sobre o assunto e sem consultar ninguém que entenda disso”. Ela dá como exemplo, afirmações como “crianças são mal-educadas”. Para ela, pessoas preconceituosas têm uma opinião estereotipada sobre algo que não sabem ou não conhecem. E decidem achar alguma coisa, mesmo sem saber muito sobre o assunto.

4 lições sobre tolerância*

1. Respeite seu filho como ele é e sirva de exemplo sobre respeito ao próximo.

2. Deixe claro que as diferenças são naturais e positivas para o equilíbrio entre as pessoas.

3. Estimule a empatia, habilidade de se colocar no lugar do outro.

4. Incentive o pensamento crítico, para que as crianças possam identificar casos de preconceito e discriminação.

*Fonte: leiturinha.com.br


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