Autismo: 5 informações para combater o preconceito

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, reforça a importância de esclarecer crenças equivocadas sobre o assunto

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Menina monta quebra-cabeça em mesa infantil
Cada criança exige um acompanhamento específico e individualizado, a depender do grau do transtorno
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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista (TEA). A condição gera uma série de traços e sua intensidade muda entre cada paciente. Com diálogo, afeto e conhecimento sobre o transtorno, todos podem contribuir para a qualidade de vida de crianças e adolescentes. Em 2023, a campanha do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, reforça que “quanto mais informação, menos preconceito”. A seguir, veja cinco informações essenciais sobre o transtorno, de acordo com o neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe.

1) Meninos nem sempre são maioria entre diagnósticos

Estudos indicam que a proporção de diagnósticos para meninos é quatro vezes maior do que para meninas. No entanto, uma revisão das pesquisas pode apontar sub-representação nos números por diversos aspectos sociais. Meninas podem apresentar comportamentos diferentes em comparação com meninos – levando ao mascaramento dos primeiros sinais. A interação social e a comunicação, influenciadas por questões hormonais, às vezes são estereotipadas e merecem observação atenta de pais e familiares. Nem todo comportamento é apenas “coisa de menina” e, em conjunto com outros traços, deve ser avaliado por especialistas.

2) O autismo não é uma doença

O transtorno do espectro autista se caracteriza por uma série de condições que prejudicam áreas do desenvolvimento neurológico e a capacidade de interação social, comunicação e comportamento. Seus primeiros sinais podem aparecer na primeira infância, causando dificuldades no contato visual, na percepção do ambiente e na aproximação de pessoas.

Meninos e meninas também podem apresentar padrões repetitivos de comportamento, como bater as mãos ou repetir palavras. Mas é importante lembrar que nem toda criança desenvolve os mesmos traços com a mesma intensidade. Por isso, a avaliação para diagnóstico segue a classificação internacional de doenças da OMS e exames multidisciplinares.

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3) Cada diagnóstico envolve níveis diferentes do espectro

Foi só em 2013 que o termo “espectro” foi adotado para referir-se ao transtorno autista. No âmbito científico, o substantivo significa uma representação de amplitudes e intensidades diversas. Algumas pessoas com TEA podem realizar todas as atividades do dia a dia, outras nem sempre. Para conduzir o tratamento e recomendar as terapias mais adequadas, o transtorno é classificado a partir de três níveis, que são:

  • Nível 1 de suporte: exige apoio dos familiares e profissionais. Em geral, as pessoas apresentam sintomas leves, como dificuldades em situações sociais e na linguagem, comportamentos repetitivos e restritivos, ou comportamentos em excesso, por exemplo, cumprimentar ou falar com pessoas desconhecidas na rua.
  • Nível 2 de suporte: exige apoio substancial. Pessoas que apresentam sintomas intermediários, normalmente, podem ter dificuldade em interações sociais, comportamentos restritivos e repetitivos, podem não fazer contato visual ou não expressar emoções, e manter conversas curtas.
  • Nível 3 de suporte: exige muita necessidade de apoio substancial. Pessoas com sintomas severos, como dificuldade na comunicação e situações sociais, uso de poucas palavras e muitos comportamentos restritivos e repetitivos. Raramente iniciam alguma conversa e reagem somente a abordagens muito diretas.

4) O TEA não tem cura

Como o transtorno não é uma doença, também não tem cura. Mas uma vez realizado o diagnóstico, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental. O desenvolvimento adequado deve ser estimulado a partir de terapias, que envolvem quatro profissionais principais: médico, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.

Por ter diferentes níveis, cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado. Em alguns quadros, o uso de medicamentos é indicado para ajudar na manutenção do comportamento e na ocorrência de complicações de saúde e doenças relacionadas. Ao longo do tratamento, familiares, amigos e sociedade têm papel importante na compreensão de que há dias mais ou menos estáveis, mas com apoio em todos os momentos.

5) O transtorno do espectro autista nem sempre é hereditário

A causa do TEA não é única e vem de uma complexa interação entre fatores genéticos e condições ambientais. Alguns aspectos podem influenciar o aparecimento do espectro, como o uso de substâncias durante a gravidez, nascimento prematuro ou exposição excessiva de bebês às telas de aparelhos eletrônicos. Também há risco aumentado em determinadas condições genéticas – como a síndrome do X frágil e esclerose tuberosa.

Paciência e afeto são essenciais

Ao socializar com crianças e adolescentes com TEA, é preciso compreender que não se trata apenas de birra ou pais que não educam. Busque saber com a família as peculiaridades que geram conforto e desconforto, como ruídos, luzes e objetos. Meninos e meninas com o transtorno podem comunicar-se de maneiras diferentes – o que não anula a manifestação de suas vontades.

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