Pais reúnem mais de 7.500 assinaturas a favor das aulas regulares em São Paulo

Segundo Vera Rezende, criadora da iniciativa, a ideia é que o retorno seja opcional e gradual, conforme prevê o plano de governo do estado

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Pais reúnem quase 7.500 mil assinaturas pela volta às aulas regulares em SP; foto mostra encontro dos pais com o secretário municipal de educação Bruno Caetano no dia 25/09
Prefeitura de São Paulo disse que decisão sobre o retorno ocorrerá após realização de quarta fase do inquérito sorológico
Buscador de educadores parentais
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Um grupo de pais de escolas particulares de São Paulo vem pressionando o prefeito Bruno Covas a autorizar o retorno das aulas regulares presenciais em outubro. O grupo está divulgando um abaixo-assinado a favor do “retorno voluntário das aulas presenciais seguindo todos os protocolos sanitários” e já conta com mais de 7.500 assinaturas online. O documento foi criado logo após o anúncio do prefeito, no dia 17 de setembro, de que as escolas públicas e privadas da capital paulista poderiam reabrir em outubro apenas para atividades extracurriculares, que podem incluir aulas de música, línguas, recreação, reforço e acolhimento. Na última sexta-feira, o documento foi entregue à Secretaria Municipal de Educação.

“Ao conversar com mães que têm filhos em escolas diversas percebia uma angústia comum com o sofrimento das crianças por estarem tanto tempo em casa. Resolvi então fazer um abaixo-assinado online para ver se conseguia juntar mais pais e rapidamente chegamos às 7 mil assinaturas”, conta a advogada Vera Rezende Vidigal, mãe de dois alunos de 12 e 14 anos, que promoveu a iniciativa. Segundo Vera, assinaram o documento famílias de diversas regiões de São Paulo, que frequentam instituições de ensino como Colégio Dante Alighieri, Escola Vera Cruz, Colégio Visconde de Porto Seguro, Escola Móbile, Colégio Bandeirantes, Colégio Santa Amália, Escola da Vila, Colégio Ítaca, Colégio Arquidiocesano e Colégio Objetivo, entre outros.

Ela lembra que bares, restaurantes e shoppings já estão abertos, mas não as escolas. “Em breve, teremos também cinemas e teatro funcionando, as crianças já vão a parques, praia, fazem passeios e e as escolas, talvez, quem sabe, ficarão para 2021? Qual é a lógica dessa medida?”, questiona.

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Segundo Vera, só devem ser reabertas as escolas que seguirem rigorosamente todos os protocolos previstos pelo plano do governo do estado de São Paulo. “A proposta dos pais não é a volta total, mas gradual, mantendo o ensino remoto para alunos que não podem ir à escola. “O plano do governo, inclusive, determina o retorno de apenas 35% dos alunos, e os professores também não devem voltar todos, têm de ser preservados os que fazem parte do grupo de risco”.

O grupo de pais se reuniu com o secretário de educação municipal Bruno Caetano na última sexta-feira (25). De acordo com a advogada “ele foi categórico ao dizer que as escolas estão se preparando para reabrir em novembro”.

A prefeitura diz que vai avaliar a possibilidade de retorno das aulas regulares em novembro, somente após ser concluído o quarto inquérito sorológico em crianças e adolescentes da cidade. A terceira fase do estudo indicou a incidência de anticorpos para o Sars-CoV-2 em 16,5% das crianças de 4 a 14 anos, com maior prevalência nas que estudam na rede pública.

O assunto é controverso. O prefeito, que será candidato à reeleição em novembro, sofre pressão tanto de sindicatos de professores, que alegam falta de segurança para um retorno seguro, quanto dos donos de escolas, pediatras e especialistas em educação, que defendem a reabertura.

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‘Quem cumpre o protocolo, pode abrir. Quem não tem, fica fechado’

“Quem cumpre o protocolo, pode abrir. Quem não tem, fica fechado. É até uma forma de a sociedade cobrar o poder público de dar estrutura para as escolas públicas reabrirem”, diz Mariana Guedes, mãe de dois alunos no colégio Dante Alighieri, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Ela avalia que, apesar do esforço da escola em manter a qualidade das aulas a distância, as crianças estão desmotivadas e irritadas de ficarem longe dos colegas.

“Os dois [filhos] estão aprendendo porque a escola se esforçou muito em manter a qualidade, mas eles já estão sem motivação, sem concentração, com saudades dos amigos, das professoras. É uma questão comportamental”, afirma Mariana, que é fonoaudióloga.

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Vivian Zollar, de 38 anos, mãe de um aluno do colégio Ítaca, acredita que o retorno gradual primeiro com atividades extracurriculares é importante para a readaptação das crianças, mas ela avalia que a liberação demorou muito em São Paulo.

“A prefeitura não quer liberar as particulares antes para não ampliar as desigualdades, mas elas já estão acontecendo e se aprofundando a cada dia. Na rede privada, as aulas estão acontecendo a distância, na pública não. Precisamos mudar isso o quanto antes”, diz Zollar, que é nutricionista.

Em nota à Folha, a prefeitura disse respeitar qualquer tipo de manifestação, mas reforçou que a decisão sobre o retorno às aulas regulares só acontecerá após o resultado do próximo inquérito sorológico, com previsão de ser concluído apenas na segunda quinzena de outubro.

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