A adolescência pede socorro: fortalecer as relações é o caminho

Médica faz um alerta para importância de apoiar e se manter próximo aos filhos mesmo diante das adversidades; ela indica 2 livros que ajudam a entender melhor essa fase

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Adolescente cobre rosto com as mãos sentado em carteira em sala de aula
Pais devem criar um ambiente em que o jovem se sinta seguro para compartilhar suas preocupações, ressalta Talita Holtel
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A adolescência é um período de intensas transformações, tanto físicas quanto emocionais e, para muitos pais, pode ser uma fase desafiadora, cheia de dúvidas e preocupações.  O aumento da incidência de doenças e comorbidades psiquiátricas nessa faixa etária é notável, especialmente entre os primeiros nativos digitais — jovens que cresceram com smartphones e redes sociais como parte integral de suas vidas. A adolescência está pedindo socorro, mas, por vezes, só percebemos esse pedido quando algo extremo acontece ou condições crônicas já estão instauradas.  

Esses adolescentes estão enfrentando dificuldades únicas, mas muitas podem ser prevenidas com o acompanhamento adequado. Consultas regulares com um hebiatra – uma especialidade dentro da pediatria que se dedica especificamente ao cuidado da saúde dos adolescentes – podem fazer toda a diferença, ajudando a identificar e prevenir problemas antes que eles se agravem. 

O cérebro do adolescente está em constante desenvolvimento, sendo moldado pelas experiências e interações que ele vivencia. Nesse contexto, estabelecer limites claros é importante, mas isso deve vir acompanhado de cuidado, compreensão e uma parceria sólida entre pais e filhos. É essencial que a família continue sendo o porto seguro para esses jovens, mesmo que eles pareçam estar mais próximos de seus amigos durante essa fase. A influência dos amigos é natural e saudável, mas o apoio familiar é insubstituível. 

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Para os pais que buscam entender melhor essa fase e encontrar maneiras de se conectar com seus filhos, dois livros podem ser especialmente úteis. O primeiro é “O Cérebro do Adolescente“, de Daniel J. Siegel, publicado pela Editora nVersos. Este livro oferece uma visão científica sobre o funcionamento do cérebro adolescente, explicando as razões por trás de muitos comportamentos típicos dessa fase e como os pais podem ajudar seus filhos a navegar por esses anos turbulentos. 

O segundo livro é “Adolescente Não Precisa de Sermão“, de Fernanda Lee, publicado recentemente pela Editora Manole. Lee traz uma abordagem prática e empática para os desafios da adolescência, enfatizando a importância de uma comunicação aberta e respeitosa entre pais e filhos. Ela defende que os adolescentes não precisam de sermões, mas sim de orientação, compreensão e, principalmente, de um relacionamento próximo e saudável com seus pais. 

Ainda dá tempo! Sempre dá! Mas é fundamental que os pais se esforcem para manter um relacionamento próximo com seus filhos, mesmo nas adversidades do dia a dia. A adolescência pode ser um período desafiador, mas também é uma fase de grande oportunidade para fortalecer os laços familiares. Demonstrar interesse genuíno, ouvir com atenção e ser um parceiro confiável pode ajudar a criar um ambiente onde os adolescentes se sintam seguros para compartilhar suas preocupações e buscar ajuda quando necessário. 

Em resumo, a adolescência é uma fase de grandes mudanças e desafios, tanto para os jovens quanto para suas famílias. O aumento das comorbidades psiquiátricas entre os adolescentes de hoje é um sinal de alerta máximo de que precisamos estar mais atentos e oferecer o apoio necessário. Munir-se de boas referências e contar com um profissional de saúde para ajudar na jornada podem fazer com que a viagem seja menos turbulenta. 

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Talita Lodi Holtel
Talita Lode Holtel é mãe de Paola e Helena. Pediatra e hebiatra formada pela Unifesp, é especialista em gestão em saúde e coordenadora do Pronto Atendimento Infantil e da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Sepaco (SP), além de Supervisora do Programa de Residência Médica.

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