Ciência na infância: a importância de instigar a curiosidade das crianças

Profissionais da educação apontam a necessidade de incentivar o ensino e estudo das ciências para as crianças

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Crianças e ciência: a importância do conhecimento científico na infância; menino e menina fazendo experimentos no laboratório
A ciência contribui para a formação de crianças mais curiosas e reflexivas
Buscador de educadores parentais
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“Talvez só quando paramos para pensar nas ciências é que nos damos conta do quanto ela está relacionada com as nossas vidas”, diz Margareth Polido, assessora de ciências da Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha) e coordenadora no Instituto Singularidades, ambos em São Paulo. Com a pandemia do coronavírus, ficou ainda mais evidente a importância da ciência para a humanidade. O conhecimento científico tem sido crucial para compreender a doença da Covid-19 e seus efeitos e buscar soluções como as vacinas.

A ciência sempre esteve muito presente no cotidiano de todos, inclusive das crianças, com enorme impacto sobre diversos aspectos, desde a saúde e meio ambiente até as reflexões mais profundas sobre o papel de cada pessoa no mundo. Por isso, é inevitável que os pequenos também sejam imersos nesse universo. 

“Além de tudo, as ciências são a chave da inovação, das transformações, das alterações do mundo social e do trabalho”, aponta Margareth.

Segundo a educadora, as ciências também estão ligadas ao desenvolvimento das capacidades humanas, como duvidar, organizar ideias, resolver problemas, argumentar e se posicionar criticamente. “Entrar no mundo das ciências na escola é entrar no mundo da investigação, do questionamento e da exploração”, relata.

Antônio Ramos, professor de biologia na rede estadual de ensino de São Paulo, lembra que a infância é o período de maior desenvolvimento cognitivo e as crianças são curiosas por natureza, por isso, é importante aproveitar essa fase para ensinar e saciar as curiosidades dos alunos. “É preciso explicar as dúvidas das crianças por uma ótica científica, sem procurar resumir ou sistematizar e deixar de lado princípios religiosos”, afirma Antônio, que também é conselheiro do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).


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Desenvolvimento do pensamento crítico

Lamentavelmente, ainda há muitas pessoas que não acreditam nas notícias e descobertas científicas, mesmo quando divulgadas por publicações sérias e reconhecidas internacionalmente. Os professores apontam que esse tipo de pensamento precisa ser derrubado. “Com a apropriação de conceitos, métodos e procedimentos da ciência, as crianças compreendem melhor o mundo que os cercam”, explica Débora Kepler, professora de ciências da Escola Stance Dual, em São Paulo. O conhecimento científico estimula a curiosidade e contribui para que os estudantes adotem uma postura mais reflexiva e crítica diante do ser humano e dos diversos fatores que estão correlacionados a ele. “Ao estudar a ciência, as crianças têm a possibilidade de reformular alguns conceitos equivocados que são baseados no senso comum”, completa Débora.

De acordo com a professora, o pensamento crítico deve ser desenvolvido em todas as áreas do conhecimento, todos os educadores devem ter esse propósito. Entretanto, a ciência é realmente fundamental para os pequenos conseguirem atingir este propósito com êxito.

“Precisamos estimular os estudantes a investigar, questionar, levantar hipóteses, coletar informações e dados de diversas fontes e, principalmente, abrir espaço para debates de temas atuais durante as aulas”, diz Débora Kepler.

As crianças dos dias de hoje vivem na Era da Informação. A internet permite que elas tenham fácil acesso aos mais diversos conteúdos, o que pode ser muito benéfico, especialmente para as mais curiosas. Mas, também é importante ter certos cuidados sobre o tipo de conteúdo que consomem, pois nem tudo que está na internet é verdade. “O conhecimento relacionado à ciência e à alfabetização científica fornecem ferramentas essenciais para a sobrevivência na ‘selva das notícias’ e para a cidadania responsável”, diz Margareth Polido. 

O ensino da ciência, com ênfase nas habilidades investigativas, é altamente relevante para o combate do negacionismo. “É preciso valorizar as ciências e enfrentar informações e notícias sem fundamento”, afirma Margareth Polido. A educadora também completa que para os alunos conseguirem desenvolver um pensamento reflexivo, é preciso que trabalhem o hábito de realizar perguntas sobre determinado conteúdo desde cedo. Confira algumas das questões que os pais e professores devem introduzir aos pequenos, de acordo com a educadora:

  • Por que isso acontece?
  • Qual o argumento?
  • É um bom argumento?
  • É tendencioso?
  • Onde estão as evidências?
  • Existem outras explicações?

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Como incentivar o interesse das crianças pela ciência

Para Margareth Polido, é interessante que as crianças explorem o mundo natural e físico. Mexer, testar, observar, planejar uma investigação, construir um protótipo e ser exposto a uma pergunta intrigante são alguns dos muitos caminhos que mobilizam a atenção dos alunos. Além disso, trazer situações e dados reais, dando espaço para os pequenos experimentarem novas ideias, também é válido. “Quando se descobre algo por conta própria, essa coisa tem poder, alimenta possibilidades e abre novas portas. Incentivar os alunos a olhar além dos fatos científicos e buscar uma aplicação prática torna a ciência menos assustadora e fornece um caminho estimulante para explicações sobre seu mundo”, diz.

Débora Kepler afirma que é importante que os professores contextualizem o que é ensinado: “Relacionar os conteúdos com o cotidiano dos alunos faz com que os conceitos e teorias que pareçam abstratos sejam compreendidos e debatidos com interesse”. A professora diz que é possível estudar vários conteúdos de química elaborando receitas na cozinha, por exemplo. Segundo Antônio Ramos, as experiências empíricas são fundamentais para incentivar o interesse das crianças. Porém, infelizmente, o professor conta que nem todas as escolas conseguem oferecer materiais laboratoriais para os alunos, devido à carência de verba. “Falta sobretudo interesse e investimento por parte das instituições de estado em todos os níveis municipal, estadual e federal”, aponta o educador.


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